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TV / Paralisação!

Greve de roteiristas está afetando televisão dos Estados Unidos

Roteiristas protestam e deixam talk shows norte-americanos fora do ar, ameaçando até a produção de séries

Henrique Cesar Mello

por Henrique Cesar Mello

hmello_colab@caras.com.br

Publicado em 03/05/2023, às 14h16 - Atualizado às 14h42

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Roteiristas protestam e deixam talk shows norte-americanos fora do ar, ameaçando até a produção de séries - Foto: Getty Images
Roteiristas protestam e deixam talk shows norte-americanos fora do ar, ameaçando até a produção de séries - Foto: Getty Images

Na madrugada desta terça-feira, às 4h da manhã, começou a greve do WGA, o Sindicato dos Roteiristas Norte-Americanos, aprovada por 97,85% dos integrantes que votaram. Mas, os efeitos da paralisação já estão sendo sentidos. Alguns talk shows que abordam temas contemporâneos em seus monólogos de abertura, não puderam exibir programas inéditos, e até mesmo o Saturday Night Live cancelou o próximo episódio, no sábado, 6.

Já para o público brasileiro, as consequências da greve não devem chegar ainda tão cedo. Algumas séries exibidas na televisão, como Grey’s Anatomy, Law & Order: SVU e Chicago Fire, já encerraram as gravações de suas atuais temporadas, que não sofreram nenhum tipo de efeito da paralisação. Porém, caso ela se estenda durante muito tempo, a dor de cabeça pode começar a chegar. Em 2007 e 2008, houve uma outra paralisação que durou cem dias, custando algo em torno de US$ 500 milhões para a indústria do entretenimento.

As atrações da televisão aberta geralmente começam as gravações de suas próximas temporadas entre junho e agosto, para que possam estrear entre os meses de setembro e novembro. Algumas séries de drama começam sua produção antes, por demorarem mais que comédias, que são mais rápidas.

Mas tudo só acontece quando existe um roteiro. Se os escritores das séries e talk shows continuarem paralisados durante muito tempo, não haverá nenhum episódio para ser gravado. Ou seja, a temporada de 2023/24 das séries podem ser mais curtas, em um momento no qual as séries ainda estão tentando retomar a rotina de trabalho após a pandemia.

Já na televisão paga, existem casos e casos. Por exemplo, House of Dragon, da HBO, já começou as gravações da segunda temporada, com oito episódios já escritos. Portanto, não deve ser afetada. Entretanto, não haverá roteirista no set para fazer mudanças necessárias no texto.

Já no streaming, as coisas são mais fáceis. Ted Sarandos, CEO da Netflix, revelou que a plataforma se preparou para o pior, tendo muito conteúdo na gaveta para poder disponibilizar pelos próximos meses. Mas, se a greve durar muito tempo, as plataformas vão precisar rever a estratégia de lançamentos, assegurando um espaço maior entre elas, para garantir conteúdo para o próximo ano.

Mas afinal, o que os roteiristas querem?

Com uma longa lista de exigências, a principal das reivindicações dos roteiristas são os residuais, os famosos direitos autorais. Os escritores alegam que o repasse do valor para eles é baixo quando comparado aos produtores e atores. Os streamings, de acordo com eles, também pagam menos do que o cinema e a televisão tradicional.

O WGA também pede um aumento na compensação mínima, visto que o pagamento é feito por episódio, sendo que as plataformas de streaming encomendam temporadas mais curtas e exigem um tempo de envolvimento maior dos redatores. Melhorias no plano de saúde também são negociadas.

Além disso, outro pedido faz jus às salas de roteiro. Geralmente, diferentes roteiristas eram responsáveis por episódios distintos. Enquanto um dos escritores produzia um capítulo da série, outro poderia acompanhar a gravação daquele que ele havia criado. Atualmente, principalmente nas plataformas de streaming, poucos se reúnem em uma sala, escrevem todos os episódios e são dispensados. Somente o showrunner segue para o estúdio e vê tudo ser produzido. O que dificulta a ascensão dos novatos, podendo coibir o surgimento de pessoas aptas a serem produtoras.