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Arte de Eduardo Kobra enfeita comunidade do Rio

Com sua agente, Bia Duarte, o muralista exibe seus painéis no pacificado complexo do alemão

Redação Publicado em 28/06/2011, às 18h00 - Atualizado em 29/06/2011, às 12h17

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No ponto mais alto da comunidade com 65000 moradores, a pintura em homenagem ao AfroReggae. - MARIANA VIANNA/A7 FOT. E COM
No ponto mais alto da comunidade com 65000 moradores, a pintura em homenagem ao AfroReggae. - MARIANA VIANNA/A7 FOT. E COM

Em vez de tiros e medo, arte e paz. Sete meses depois que a polícia e o Exército ocuparam o Complexo do Alemão, na zona norte do Rio, em uma das maiores ofensivas contra o tráfico de drogas na cidade, a realidade da comunidade mudou. E anda bem mais colorida depois que o renomado muralista paulistano Eduardo Kobra (35) deixou sua obra, carregada de esperança, em painéis pintados em três das quatro estações do teleférico de lá. “Comecei a pesquisar tudo sobre o Complexo do Alemão, vi fotos e fiz visitas. Pensei no que ficaria mais adequado a cada um desses locais. Não desenhei isso sozinho. Tenho uma equipe de aproximadamente 12 artistas, mas aqui nós trabalhamos com oito deles. Levamos cerca de um mês para fazer tudo”, contou Kobra, que tem os muralistas mexicanos Diego Rivera (1886-1957), marido da famosa pintora Frida Kahlo (1907-1954), e David Siqueiros (1896-1974), além do brasileiro Candido Portinari (1903-1962), autor dos painéis Guerra e Paz, presenteados pelo governo à sede da ONU em Nova York, entre os grandes inspiradores da sua carreira.

Acompanhado da agente Bia Duarte (54), da B Licenças Poéticas, Kobra deu retoques em suas obras. Segundo ele, os desenhos foram adaptados para as características da comunidade. “Queria fazer algo muito claro e específico, até voltado um pouquinho para o grafite”, explicou. Na primeira estação, Alemão, ele apresentou a história do local e o dia a dia dos moradores. “São três colunas. Em cada uma, registramos momentos específicos”, disse sobre os painéis. “Em uma outra estação, o Itararé, imaginei os três pilares que sustentam a sociedade: cultura, educação e saúde”, acrescentou. No ponto mais alto da comunidade, chamado de Fazendinha, ele criou a única obra externa. “Pintamos uma caixa d’água que tem aproximadamente 60m X 4m. E brincamos um pouquinho com a história do AfroReggae, porque eles fazem muitas intervenções aqui”, ressaltou Kobra, referindo-se ao grupo ligado às artes que desenvolve projetos sociais.

Autodidata, o artista, que desenha desde os 7 anos de idade, já tem seus traços característicos espalhados por países como Inglaterra e França. Em breve, viajará a trabalho para Grécia, China, México e EUA. “Tinha 12 ou 13 anos quando amigos me apresentaram dois livros americanos, um chamado Subway Art e o outro, Spraycan Art, que mostravam grafites feitos no Brooklyn, no Bronx e em outros lugares. Foi aí que descobri a possibilidade de desenhar em muros. E fui grafitando durante uns 10 anos mais ou menos”, relembrou ele, que pintou cenas de SP do início do século passado em um mural de cerca de 1000 m2 na cidade.

Atualmente, Kobra trabalha em um projeto chamado Green Pincel, em que, através de murais, são denunciadas agressões à natureza. “Um dos primeiros painéis foi feito agora na Rua Domingos de Morais, em SP. Mostramos a cena de baleias caçadas. Já tenho ideias para novos painéis, sobre urso panda e outras coisas”, revelou ele. “Meu primeiro contato com a arte de Kobra aconteceu quando desenhou uma piscina em 3D em uma calçada no bairro de Copacabana, aqui no Rio. Fiquei apaixonada pelo trabalho dele e o procurei. A partir daí, começamos essa parceria que tem feito tanto sucesso”, contou a agente Bia Duarte.