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Poesia concreta

Quase todo preto e branco, esse apartamento mostra poucos toques de cor e muita personalidade

Redação Publicado em 24/12/2012, às 08h28 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20

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colunas expostas: o banco de madeira veio do apartamento antigo da proprietária e o quadro da Chapeuzinho Vermelho, à direita, é de Bruno Vilela, da Galeria Mo ura Marsiaj, 11 3031-1061 [mouramarsiaj.com.br]. À esquerda, ao fundo, a estante cubeiro - Salvadore Busacca
colunas expostas: o banco de madeira veio do apartamento antigo da proprietária e o quadro da Chapeuzinho Vermelho, à direita, é de Bruno Vilela, da Galeria Mo ura Marsiaj, 11 3031-1061 [mouramarsiaj.com.br]. À esquerda, ao fundo, a estante cubeiro - Salvadore Busacca

Arquitetura e design de interiores: Caroline Gabriades / Fotografia: Salvadore Busacca

Ela já morava no prédio, em um apartamento alugado, e adorava. Então, quando colocaram uma unidade à venda, ela não teve dúvidas e decidiu comprar. Publicitária e produtora de filmes, a ideia da agora proprietária era criar um ambiente mais despojado, com pouca informação, nada convencional e cheio de design. A sala ampla, a planta inteligente de 200 m2 e as ideias da arquiteta Caroline Gabriades contribuíram bastante para realizar tal desejo.

O prédio antigo, entre os bairros de Higienópolis e Jardins, em São Paulo, tinha mais de quarenta anos. O ponto de partida da obra, portanto, foram as reformas hidráulicas e elétricas. Depois, algumas paredes foram derrubadas. Os três dormitórios, sendo uma suíte e dois quartos que dividiam um banheiro, se transformaram em duas suítes, uma delas com amplo closet, um lavabo que antes não existia, e uma biblioteca aberta para a sala. A cozinha,  enorme, ficou um pouco menor no final. Assim, preenchendo as necessidades da moradora, o que era bom ficou ainda melhor.

“Logo ao entrar no apartamento o que se via era um pequeno corredor”, conta Caroline. “E como minha cliente não gostava disso, queria abrir a porta e ver o ambiente em si, decidimos quebrar essa parede”. Mas escondidos ali estavam um pilar e uma viga estruturais. A solução encontrada foi descascálos, ressaltar o concreto aparente e usá-los como um detalhe decorativo. Deu certo. E hoje é essa “obra de arte” que dá as boas-vindas a quem atravessa a enorme porta de ferro preto.

Para acomodar os livros, outro pedido da proprietária foi uma estante “cubeiro”. Ela é um dos poucos pontos coloridos do projeto. “A proprietária queria tudo preto e branco”, diz a arquiteta. “O quadro da Chapeuzinho Vermelho era tudo o que ela queria de cor dentro do apartamento.” Ao lado dele, o tapete da biblioteca, as próprias capas das publicações e a lareira berinjela são os responsáveis pelo toque de cor.

Os pisos, ainda seguindo essa linha mais clean, são de tecnocimento. “Ele é diferente do cimento queimado, que é mais artesanal e mais manchado. O tecnocimento que escolhemos é mais industrial.” Além do chão, uma parede da cozinha, onde fica a pia, e as paredes dos banheiros das suítes são do mesmo material. Os pisos do closet e do quarto principal não usaram o cimento. O primeiro foi revestido com tecido e os outros, com carpete. No lavabo também não se usou o cimento. “Não é recomendado o tecnocimento em áreas molhadas porque ele é mais escorregadio”, explica a arquiteta.

A mesa e o banco de madeira, que estão na sala de jantar e atrás do sofá, vieram da casa anterior. O restante da decoração foi escolhido pela arquiteta com a cliente. E os quadros estão sendo comprados aos poucos. “Arte não se compra assim, cinco ao mesmo tempo”, pondera Caroline. “Ela começou a investir nisso agora e leva tempo.” E tanto isso é verdade que uma parede branquinha havia sido “separada” para receber peças de arte no futuro. O problema é que a parede ficou sem graça. “Então resolvemos pintála de grafite para ficar bacana e, no futuro, poder ficar cheia de arte”, diz Caroline.

Para completar o clima moderno, foram usadas portas de correr de madeira laqueada na cozinha e na biblioteca. Normalmente, essa opção é escolhida por quem não tem muito espaço, o que não era o caso. “Esse é um apartamento bem amplo, mas queríamos portas grandes, com vãos enormes”, explica Caroline. Para se ter uma ideia, uma porta padrão mede cerca de 80 centímetros, no máximo 90. O vão dessa biblioteca, no entanto, tem 3,15 metros e o da cozinha, 1,45 metro. “Não daria certo se usássemos uma porta normal.” Os trilhos ficam escondidos em um dente no forro de gesso. Aliás, é nesse forro que também está a iluminação intimista, com lâmpadas mais focadas. “Brincamos bastante com luz e sombra”, diz Caroline. “Assim o ambiente não fica tão chapado.”

E, apesar dos quase nove meses de obras e compras, o apartamento ainda não está pronto. Afinal, o processo de decoração nunca acaba. São os quadros novos que ainda serão encontrados, peças que vão ser adquiridas, as cortinas que talvez sejam trocadas... Detalhes que complementam e dão personalidade aos espaços. Mas, fato é que, sem sombra de dúvida, o lugar já tem a cara – e o espírito – da dona.