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Revista / Entrevista

Clara Buarque: 'Não uso a família para me alavancar'

Nascida em berço artístico, Clara Buarque relutou, mas estava predestinada a brilhar

Por Fernanda Chaves Publicado em 26/05/2023, às 10h08

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Clara Buarque - FOTOS: MARCIO FARIAS STYLIST: VANINHA COMPAN AGRADECIMENTOS: HOTEL NACIONAL E CARMEN STEFFENS BARRA SHOPPING
Clara Buarque - FOTOS: MARCIO FARIAS STYLIST: VANINHA COMPAN AGRADECIMENTOS: HOTEL NACIONAL E CARMEN STEFFENS BARRA SHOPPING

Recentemente, a atriz Clara Buarque (24) encerrou um ciclo importante em sua vida: o de fazer a primeira novela. Como a Bia do folhetim global Travessia, ela se apresentou para o grande público, que já conhecia o sobrenome, mas não a artista. Filha de Helena Buarque (52) e do cantor e compositor Carlinhos Brown (60), e neta de Marieta Severo (76) e de Chico Buarque (78), a carioca tem a arte no DNA, mas durante muito tempo negou esse dom. Hoje, ciente do que nasceu para fazer, corre atrás de suas próprias conquistas. Prestes a estrear no cinema com o longa-metragem Ó Paí, Ó 2 e com duas séries no streaming Disney+, ela ainda planeja se lançar como cantora. “Não quero ficar parada, estou na adrenalina. Tenho vários planos que, aos poucos e na hora certa, vão acontecer”, afirma, durante entrevista exclusiva à CARAS no Hotel Nacional, no Rio.

– Que tal a primeira novela?
– Foi uma experiência louca e muito enriquecedora porque, em novela, você tem o retorno quase em tempo real, né? Então é muito legal ver as pessoas comentando. Amei fazer! Eu já tinha feito teatro musical, fiz duas séries na Disney+, um filme, e a novela veio no momento certo. O lugar a que eu cheguei agora sempre foi um grande sonho, desde pequena tinha vontade de fazer novela.

– Mas durante muito tempo você negou essa veia artística...
– Sim, durante muitos anos da minha vida trabalhar com arte era uma negação, por mais que eu soubesse, lá no fundo, que eu tinha nascido para isso. Era algo que me assustava muito ao mesmo tempo que me encantava também.

– Por quê? Tinha medo das comparações com sua família?
– Tinha medo da exposição principalmente, medo das comparações. Eu tinha receio desse mundo, porque você tem que ter muita cabeça para enfrentá-lo.

Clara Buarque

– E como lida com isso hoje?
– Eu sinto essa pressão, mas espero que as pessoas não coloquem tantas expectativas em mim, porque nem eu mesma posso colocar tanta expectativa em mim. Quem coloca muita expectativa sempre acaba se frustrando um dia. Sei que vão esperar mais de mim, vão me julgar porque existe, sim, a comparação com a minha família, mas cada um tem a sua trajetória e eu estou fazendo a minha própria, do meu jeito, me dedicando ao máximo, sem me pressionar.

– Até que ponto te ajuda ou te atrapalha vir de uma família tão conhecida como a sua?
– Eles são meus maiores exemplos de artistas, de seres humanos. E são muito pé no chão, artistas que admiro a postura. Mas também tem o outro lado, de você ter que lutar para criar o próprio nome dentro desse meio em que eles já estão, com a grandeza toda que eles são. Esse é o maior desafio.

– Você fez muitos testes. Seu sobrenome não abriu portas?
– Se eu realmente estivesse na Globo por causa de alguém da minha família, eu já estaria lá há muito tempo, desde, sei lá, meus 17 anos. Minha família sempre me deu muita noção da vida, também dos nossos privilégios, mas de correr atrás do seu, não usar a fama deles para alavancar a minha. Então fui estudar, entrei na faculdade de Dança, depois fui fazer Artes Cênicas, sempre fazendo muitos testes. Até que um dia eu passei para o teatro musical.

Clara Buarque

– E agora que você sente na pele, como é ser famosa?
– Ainda está caindo a ficha disso tudo, de que as pessoas conhecem o meu trabalho, me admiram, gostam da minha voz ou da minha atuação, enfim, de que sou uma referência para alguns, né? Até quando se fala em transição capilar, por exemplo, em mulher de cabelo cacheado. Esse retorno tem sido muito gratificante para mim.

– Você falou do cabelo cacheado, da representatividade, de todo mundo se ver na TV. Qual é a importância disso?
– Ter referências na TV de pessoas que se pareçam com você não tem preço. Agora, em Terra e Paixão tem a Barbara Reis como protagonista, que é uma beleza mais parecida com a minha. Teve a Lucy Alves, que é também uma grande referência como mulher, atriz e cantora, e temos a Sheron Menezzes. Então, a gente olha e vê que é possível também ser uma referência. O padrão não é o que a gente pensa que é. Porque a gente quer seguir um padrão específico ‘x’, em que a gente não se encaixa. Logo, é muito importante ver essas diferenças em destaque, eu valorizo demais isso.

– Sempre se achou bonita?

– Quando eu era mais nova, não me sentia bonita do jeito que me sinto hoje. Eu alisava o cabelo para poder me encaixar mais. Na minha escola, não tinha ninguém muito parecido comigo, tinha uma amiga preta na minha sala. Então, queria alisar meu cabelo para ficar parecido com o cabelo das minhas amigas. Nas festas que eu ia, as meninas que mais faziam sucesso eram as que tinham o cabelo liso. Eu tentei me moldar nesse padrão durante muito tempo, até que eu vi que não é por aí, que eu não sou assim, não faço parte disso. E comecei a valorizar as minhas raízes, a ir em busca de autoconhecimento.

– E como se sente hoje?
– Conforme a gente vai crescendo, amadurecendo, a gente desenvolve a segurança e a liberdade de que precisamos para ser feliz, se desprender dos padrões cada vez mais. Trata-se de um processo em que nós mulheres estamos aí lutando, para conseguirmos ser quem a gente é e estarmos bem desse jeito.

Clara Buarque

Clara Buarque

Clara Buarque

Clara Buarque

Clara Buarque

FOTOS: MARCIO FARIAS STYLIST: VANINHA COMPAN AGRADECIMENTOS: HOTEL NACIONAL E CARMEN STEFFENS BARRA SHOPPING