CARAS Digital Publicado em 14/11/2014, às 12h42 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20
O também escritor e cineasta está nas telas com o filme "Boyhood: Da infância à juventude", longa que acompanha a vida de um garoto durante 12 anos. Em entrevista para a revista The Talks, Ethan Hawke fala sobre como encara a indústria cinematográfica.
A vida que você tem na indústria do cinema foi o que você esperava que seria quando começou?
Sabe, desde que eu fiz 40, fui fazendo um monte dessas perguntas a mim mesmo. E realmente não sei. Venho fazendo isso desde que tinha 13 e sinto que fiz um punhado de filmes muito bons. É muito difícil fazer um bom filme. Muito difícil. Mas realmente tudo depende do que é seu objetivo interno, sabe? Cada vez mais eu percebo que, se o seu objetivo é ser um manda-chuva, você tem que ir para Hollywood.
E você não está interessado em ser um manda-chuva?
Se o seu objetivo é dizer a verdade e tentar fazer algo bonito, então você vai ser menos propenso a fazer isso em Hollywood. Alguns dos melhores momentos que tive em minha vida foram em um set de filmagem emParis – trabalhando com Richard Linklater e Julie Delpy – no Antes da Meia-noite. Eu poderia morrer ali. Era tudo o que eu sempre sonhei em fazer.
Para ser bem sucedido em Hollywood, você tem que se vender ?
Não. Por exemplo, às vezes eu penso sobre Paul McCartney. As pessoas sempre dizem: "Oh, Paul McCartney, ele se vendeu. Ele escreve música popular”. Paul McCartney é tão fiel a si mesmo como John Lennon foi fiel a si mesmo. Eles só tinham interesses diferentes. Uma das coisas que eu acho é que eu não sou bom é em fazer filmes comerciais de Hollywood. Toda vez que tento, eu falho, porque não entendo eles. Trabalhei com Denzel Washington e ele sabe como fazer um bom filme. Ele entende o que o público está pensando e querendo e sabe como fazer isso sem ser grosseiro. É uma arte; é uma habilidade.
Você acha que vai ser da indústria do cinema para sempre?
Eu não sei. Tem sido muito mais difícil do que eu pensei que ia ser para fazer os filmes que eu sonho. Eu estava na Itália há alguns anos pesquisando para um longa que eu queria fazer com Richard Linklater. Nós trabalhamos muito duro juntos no roteiro durante anos e não conseguimos o dinheiro para financiar o projeto. Foi uma ideia cara. É de partir o coração quando isso acontece repetidas vezes, os filmes que estão sendo feitos são aqueles que têm um monte de mulheres que estão sendo espancados ou zumbis sendo mortos.
Você ficou chateado com isto?
É tudo muito bom, está tudo bem, mas é difícil. Eu me lembro quando River Phoenix morreu, ele estava à minha frente nesta curva. Ele já havia percebido como era difícil fazer filmes sérios. Pessoas como Sidney Lumet descobriram como caminhar nessa linha, mas é difícil. E exige paciência. É o trabalho de uma vida e eu quero saber seestou à altura desta tarefa.
Leia a entrevista na íntegra, aqui.
