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Cirurgião explica câncer enfrentado por Ilva Niño há dez anos: ‘Maior mortalidade no mundo’

Em entrevista à CARAS Brasil, o médico cirurgião Rodrigo Surjan detalha câncer que fez Ilva Niño ouvir dos médicos que estava em estágio terminal

Ilva Niño morreu nesta quarta-feira, 12, aos 89 anos - Divulgação/ Renato Velasco/Memória Globo
Ilva Niño morreu nesta quarta-feira, 12, aos 89 anos - Divulgação/ Renato Velasco/Memória Globo

A atriz Ilva Niño morreu nesta quarta-feira, 12, aos 89 anos, de falência múltipla dos órgãos. Há um mês, ela estava internada no Hospital Quali, em Ipanema, no Rio de Janeiro, quando passou por uma cirurgia cardíaca. Em 2014, a eterna Mina, de Roque Santeiro, contrariou expectativas médicas, quando ouviu que estava em estágio terminal. Ela foi diagnosticada com um câncer no intestino quando tinha acabado de gravar o remake de Saramandaia. Por conta da doença, pediu demissão da TV Globo para se tratar. Após duas cirurgias, o câncer entrou em remissão.

Em entrevista à CARAS Brasil, o médico cirurgião Rodrigo Surjan dá detalhes sobre o tumor. “Geralmente, quando a gente fala de câncer de intestino, a gente fala de ter o câncer colo-retal, que é cometido no intestino grosso e reto. Ele é um dos três cânceres mais comuns e com a maior mortalidade no mundo. Fatores de risco, a gente tem a idade avançada, pacientes com história familiar de câncer de intestino grosso, obesidade, sedentarismo e, uma coisa muito importante, é o baixo consumo de fibras”, explica.

O médico informa que o principal sintoma da doença é alteração do hábito intestinal, ou seja, modificação do padrão de evacuação. “E, às vezes, também, perda de peso, dor abdominal e fezes com sangue. É importante dizer que por esses motivos, por ser tão frequente, a gente tem aquela rotina de screening, de investigação, de tentativa de detecção do câncer colorretal em fases precoces”, diz.

“E por isso, a gente pede colonoscopias a cada cinco anos, a partir dos 45 anos de idade ou 40 anos de idade, em alguns lugares; para tentar detectar o tumor numa fase precoce, ou já pela colonoscopia para tratar os pólipos, que muitos desses tumores se originam nesses pólipos, uma degeneração gradual desses pólipos. Então, muitas vezes, quando você trata pólipo por colonoscopia, você previne também o aparecimento do câncer colorretal. Por isso que fazer as colonas periódicas é tão importante”, emenda.

De acordo com Surjan, o tratamento vai depender sempre do quão avançado está o tumor na época do diagnóstico. “Então, muitas vezes, pode ir desde a ressecção local por colonoscopia, naqueles mais precoces de todos, o que a gente chama de incito (...) Algumas vezes, só cirurgia. Muitas vezes cirurgia seguida de quimioterapia – em alguns casos, a gente utiliza radioterapia, principalmente se o tumor já abre com complicações mais sérias locais, como sangramento intenso, coisas assim”, ressalta.

Os principais locais para onde esse câncer pode mandar metástases é o pulmão e o fígado, salienta o médico. “Mas ainda existe a perspectiva de cura mesmo naqueles que se apresentam já metastáticos. Então, muitas vezes, a gente acaba fazendo, por exemplo, trato tumor primário, tumor do intestino, depois faz a ressecção das lesões do fígado, do pulmão, às vezes a gente faz o contrário, trata primeiro o fígado e depois opera o intestino, isso de acordo com o estadiamento da doença e disponibilidade de tratamento. Quanto mais precoce a gente diagnostica o tumor, melhor são as chances de cura e, sim, esses são tumores que atualmente a gente consegue curar muitas vezes”, informa.

Para finalizar, Surjan revela um outro dado importante. Segundo ele, os tumores vem aumentando de incidência, de forma muito significativa, em pessoas jovens. "Quando a gente fala de pessoas jovens para ter câncer abaixo dos 40 anos (...) E dentre os 18 em que isso mais está cometendo, um deles e um dos principais é o tumor coloretal também. Então, o alerta é, que mesmo em pessoas jovens, se tiverem alguns sintomas como os que a gente falou, tem que investigar porque está aumentando muito a incidência desse tipo de câncer em pessoas muito jovens", aponta.

Rodrigo Surjan - Médico cirurgião do Hospital Nove de Julho; Formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; Doutor em Cirurgia pela USP; Membro Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões e do American College of Surgeons; Especialista em cirurgia robótica e laparoscópica para tumores hepáticos e pancreáticos. CRM: 108348.

Cirurgião explica câncer enfrentado por Ilva Niño há dez anos
O médico cirurgião Rodrigo Surjan - Arquivo Pessoal