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Transtorno de estresse em vítima de seqüestro já tem tratamento no país

Eduardo Ferreira-Santos Publicado em 30/01/2008, às 15h39

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Eduardo Ferreira-Santos
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O Brasil enfrenta hoje, como grande parte dos países, muita insegurança. Entre as ocorrências mais preocupantes - porque comum em especial nas grandes cidades - está o seqüestro. Uma das conseqüências desse crime cruel é que, na maioria das vezes, os seqüestrados que sobrevivem desenvolvem graves distúrbios psicológicos, como o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). O conceito de estresse pós-traumático surgiu no início dos anos 1980, com o lançamento do Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais, da Associação Americana de Psiquiatria. O TEPT pode ser causado por outras ações violentas em que a vida da pessoa esteve em risco, como assaltos, estupros, guerras, furacões. Pelas normas da entidade, caracteriza-se o TEPT quando, após dois meses e até cinco anos do evento, a vítima apresenta o que se classifica como sintomas de revivência, de entorpecimento e de hiperestimulação. Os sintomas de revivência são: * Lembranças intrusivas. São aquelas que invadem sistematicamente o pensamento do seqüestrado, como a imagem do seqüestrador, até mesmo nos instantes de relaxamento. * Pesadelos. Fatos traumáticos surgem a todo momento durante os seus sonhos. * Flashbacks dissociativos. A vítima revive a situação traumática, com todas as sensações que experimentou quando sofreu a violência. * Reatividade fisiológica. Seu organismo tem reações quando ela se lembra do trauma, como taquicardia e dor de estômago. Os sintomas de entorpecimento são: esforço para evitar pensamentos e sentimentos ligados ao trauma; tentativa de manter distância de atividades, locais ou pessoas associadas ao trauma; incapacidade de recordar toda a cena da violência que viveu; diminuição do interesse pelas atividades do dia-a-dia; diminuição da capacidade de sentir afeto; queda na capacidade de trabalhar e estudar; abreviação do sentimento de futuro, ou seja, ela acha que pode morrer a qualquer hora, por isso passa a não fazer planos de longo prazo. Os sintomas de hiperestimulação, enfim, são: augústia, ansiedade, insônia, irritabilidade, dificuldade de concentração, hipervigilância, isto é, a pessoa fica alerta até nas horas de relaxamento, e reação exagerada diante de estímulos como alguém que toca em seu ombro. Para caracterizar o TEPT é preciso que a pessoa tenha pelo menos dois sintomas de cada grupo por um mês e sofra muito com isso. Ainda não há estatísticas sobre o fenômeno. Mas se sabe que homens e mulheres podem vir a desenvolvê-lo. Quem tem sintomas deve consultar ou ser levado a um psiquiatra. Já há serviços psiquiátricos específicos nessa área, por exemplo, na Universidade Federal de São Paulo e no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, na capital paulista. O tratamento de TEPT emprega medicamentos e psicoterapia. Os medicamentos são usados nos estados mais graves para combater a a depressão e a ansiedade excessivas. O objetivo é controlar os sentimentos que incomodam a pessoa até que, pela psicoterapia, ela possa transformar o que viveu em uma experiência de vida, capaz de torná-la um ser humano melhor e mais apto para enfrentar as dificuldades cotidianas.