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Se há uma queixa, há um problema. Negá-lo só piora a situação do casal

Redação Publicado em 07/08/2012, às 11h42 - Atualizado em 12/08/2012, às 10h53

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Este é o segundo texto de uma série de quatro em que abordarei as “DRs” (discussões de relação), que nada mais são do que as conversas dos casais sobre seus problemas. No primeiro artigo lembrei que essas conversas são importantes para o casal e que podem ser transformadas em trocas produtivas e saudáveis. Para muitos, porém, tal comunicação não é nada fácil e em geral se dá de modo que não só não resolve os problemas como até os agrava. É disso que falarei a seguir.

Todos querem eliminar o que incomoda na relação, mas poucos se propõem a mudar para chegar a tal resultado. O ser humano é avesso a mudanças. As resoluções de fim de ano, os regimes começados às segundasfeiras e o último cigarro fumado inúmeras vezes são exemplos de nossa resistência. Mas não mudar gera culpa e compromete a autoestima. Por isso usamos artifícios que dão a ilusão de que algo está sendo feito, quando não é verdade. Uma das maneiras de conseguir esse resultado é simplificar os problemas.

Você certamente já ouviu frases como estas: “Quando se casar passa”; “Vamos deixar como está para ver como fica”; “Deixe que a natureza se encarrega de resolver”. São maneiras de negar a existência dos problemas ou de encará-los eliminando-lhes a complexidade e a importância, para que a solução pareça igualmente simples (embora ineficaz).

Veja como isso funciona nas relações amorosas: uma paciente contou-me que o parceiro já não a procurava sexualmente com a mesma frequência. Quando perguntei o que isso significava para ela, brincou: “Ora, nada que uma camisola nova não resolva!” Ao que respondi: “Então, me parece que isso não é um problema pra você.” E ela retrucou: “É você que vê problemas em tudo!”. Faz parte do comportamento simplista essa atitude de considerar louco quem enxerga o problema ou não acredita que ele é tão simples.

Vejamos outros exemplos:

a) Um casal me procurou porque ele está obeso e ela não sabe mais o que fazer para convencê-lo a mudar. Pedi que conversassem sobre o assunto na minha frente. Após ouvir as queixas da mulher ele disse: “A culpa de eu engordar é sua! Foi você quem me obrigou a parar de fumar. Agora escolha: ou eu fumo ou eu como!”

b) A esposa encontrou mensagens eróticas no celular do marido. Depois de muitas DRs infrutíferas, ele disse: “Não sei por que esse drama. Ela não significa nada pra mim, é só sexo”.

c) O marido viu exagero no decote da esposa em determinada situação social e reclamou de seu modo de vestir, que há tempos considerava vulgar. Eles discutiram e ela encerrou o assunto dizendo: “As pessoas são falsas e hipócritas. Pelo menos eu sou autêntica”.

Ou seja, o problema está sempre no outro. Ou não é importante. Não se discute aqui quem tem razão. Mas ignorar o incômodo não o elimina e ainda pode agravar a situação do casal, tornando as DRs mais frequentes e desgastantes. A pessoa pode estar negando com essa atitude várias coisas, como mudanças na relação, ou a importância da queixa do parceiro, que põe em evidência seus defeitos, ou ainda diferenças irreconciliáveis, hábitos autodestrutivos, conflitos que não pretende assumir, incompetências que, teme, sejam insuperáveis. Por tudo isso, se seu parceiro levantar um problema na relação, pense bem antes de dizer que é bobagem