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O mistério é um atributo feminino e deve ser respeitado pelo homem

Alberto Lima Publicado em 10/01/2008, às 17h33

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No âmago da alma feminina há uma dimensão muito prezada e preservada: o mistério. Entre tudo que caracteriza a mulher, é possível que esse seja o atributo essencial, sentido como o sustentáculo da condição feminina. Nem sempre atento a tal detalhe, provavelmente em razão de avaliar a realidade feminina e de construir expectativas em relação à mulher com base no referencial masculino, o homem muitas vezes percebe como "sonegação da verdade" (manipulação, enredamento, captura) o que é mistério e, como tal, deve manter-se intocado. Para a mulher, essa preciosidade é a região do sagrado, do indevassável. Metaforicamente, pênis e vagina representam bem as distinções entre os gêneros: o órgão masculino é "para fora", remete ao exterior, é visível, não deixa dúvidas sobre sua funcionalidade. É ousado, penetrante, um tanto despudorado, nada discreto. Torna público, por assim dizer, o que é privado. Isso predispõe o homem ao explícito, a uma relação fluente com a transparência. O órgão feminino, diferentemente, apenas se insinua, sem se revelar. Pode ser visitado, mas não desvelado. É "para dentro", meramente sugerido. Não sonega nada (ou não seria tão receptivo), mas também não entrega tudo (ou não seria feminino). É reservado, íntimo. Mantém privativo o plano subjetivo, vivido e sentido como pleno de inteireza, sutileza e profundidade. Isso predispõe a mulher ao tácito, ao silêncio, à discrição. O mistério feminino é portador de saberes, não de conhecimentos; tem o tempero do Eros, em contraste com as disposições masculinas, mais adeptas do Logos; liga-se ao dinamismo da magia, não da tecnologia. Se impedida de nortear-se por seu mistério, a mulher se esvazia do que lhe é próprio, se masculiniza, vive uma espécie de morte psíquica difícil de reverter. Como cada pessoa integra suas disposições inerentes ao gênero é outra questão e não será discutida aqui. O fato é que o mistério tem para a mulher o mesmo valor que, para o homem, têm o falo e seu significado. E ambos de tudo fazem para que seus "grandes bens" não sejam profanados. O homem se protege da castração; a mulher, da devastação. Aqueles que são desatentos ao significado desses atributos - no próprio repertório e no do outro - podem querer traduzir signos alheios em linguagem própria, pondo em risco - sem que o queiram e sem que o saibam - a preservação do que há de mais precioso para cada gênero. A mulher pode querer engolir o homem e contê-lo em sua subjetividade, castrando-o; o homem pode desqualificar a privacidade feminina no intento de trazê-la à luz, devastando-a. Esse é o caminho que assusta e promove o afastamento ou modalidades tóxicas de aproximação e intimidade. O caminho saudável não está nesses extremos, mas no equilíbrio. O homem deve reconhecer que destruiria a alma da mulher se a submetesse à transparência. Para não incorrer nessa heresia, precisa conhecer o feminino, suas peculiaridades, e aprender a respeitá-lo e amá-lo tal como ele é. A mulher, por sua vez, precisa reconhecer que detonaria o núcleo do homem se inventasse de submetêlo aos seus mistérios, impedindo-o de exercer a potência que tanto preza. Para não aniquilar aquilo e aquele que ela acredita querer ter ao seu lado, precisa conhecer e admirar o que é peculiar ao masculino, respeitando-o e amando-o tal como ele é.