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Beba com moderação e suas festas serão bem mais tranquilas e felizes

por <b>Ricardo Pavanello</b>* Publicado em 30/12/2009, às 21h25 - Atualizado às 22h07

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Ricardo Pavanello
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Chegou a época das festas de fim de ano. Muitos costumam festejar com bebidas alcoólicas. Não há nenhum problema em indivíduos saudáveis fazerem isso. Está provado que uma taça de vinho ou um copo de outra bebida até faz bem. O álcool age no córtex cerebral, deixando homens e mulheres mais relaxados, descontraídos, bem-humorados, autênticos. Mas não só isso. A pesquisa Avaliação dos Fatores de Risco Associados com o Infarto do Miocárdio no Brasil (Afirmar), feita entre 1997 e 2000 com 3550 indivíduos em 104 hospitais de 51 cidades, por um grupo de médicos coordenados pelo doutor Leopoldo Piegas, do Instituto Dante Pazzanese, na capital paulista, apurou que o consumo de bebida alcoólica até duas vezes por semana estava associado com menores taxas de infarto do miocárdio. Em 2008, de outro lado, o cardiologista e professor de Medicina Protásio Lemos da Luz, do Instituto do Coração (Incor), em São Paulo, realizou um estudo em pacientes com colesterol elevado que ingeriram vinho (250 ml diariamente) ou suco de uva comercial (500 ml diariamente) por 15 dias. Observou-se que o espasmo da artéria coronária melhorava em todos eles. Os achados sugerem que os flavanoides da casca da uva, encontrados no vinho e no suco, seriam os responsáveis por tais benefícios. Acredita-se que os benefícios do vinho tinto para a saúde cardiovascular possam ser explicados por mecanismos como elevação do colesterol bom (HDL colesterol), diminuição da agregação das plaquetas no sangue, inibição da produção da endotelina (substância que diminui o calibre dos vasos), melhoria da função endotelial e do espasmo da artéria coronária. Consumir bebidas alcoólicas em excesso, porém, esporádica ou frequentemente, é danoso para a saúde. Se uma pessoa que não bebe nunca vai a uma festa e ingere grande quantidade de bebidas em um curto espaço de tempo, seu organismo não é capaz de metabolizar o álcool ingerido e fica intoxicado. O álcool age em seu córtex cerebral, levando-a da euforia inicial à perda da consciência e até ao estado de coma alcoólico. Pessoas intoxicadas assim perdem muito líquido pelo suor, pela urina e pelo vômito e precisam ser levadas ao pronto-socorro para receber reidratação e recompor os níveis de glicose circulante no sangue. Outra situação preocupante é o consumo frequente, que pode levar à dependência ou ao vício. O excesso em bebidas pode causar ainda gastrite e esofagite. Ao longo do tempo, o fígado também é agredido, causando cirrose, que pode levar o órgão a perder a função. Bebidas alcoólicas em demasia frequentemente provocam também arritmia cardíaca e aumento no volume do próprio coração, com a consequente perda do rendimento cardíaco. Embora estudos apontem para uma relação inversa, entre o consumo moderado e regular de bebidas alcoólicas e o risco de um infarto do miocárdio, esse hábito não deve ser estimulado como medida de prevenção cardiovascular. Hábitos de vida saudável são prioridade nessa prevenção. No Brasil, o hábito de fumar ainda é o principal fator a ser removido para reduzir o risco de infarto. Como se vê, quem é saudável pode consumir uma taça ou outra de boas bebidas. Mas vale a pena ficar atento e, em caso de alguma reação indesejável, procurar seu médico ou os serviços de emergência de um bom hospital. *Ricardo Pavanello (52), médico cardiologista na capital paulista, é Supervisor de Cardiologia Clínica do Hospital do Coração (HCor). E-mail: rpavanello@hcor.com.br