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Revista / CARNA XUXA

Xuxa aprofunda relação com os fãs em navio e fala em saudade da mãe: 'Sinto muito a energia dela'

Em entrevista exclusiva à Revista CARAS, Xuxa fala sobre todas as experiências vividas a bordo de seu navio

Fabricio Pellegrino

por Fabricio Pellegrino

fpellegrino@caras.com.br

Publicado em 29/02/2024, às 17h01

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Na varanda de sua cabine na embarcação, Xuxa recupera o fôlego para show inesquecível - FOTOS: BLAD MENEGHEL, IGOR DO O E MANU SCARPA/BRAZIL NEWS
Na varanda de sua cabine na embarcação, Xuxa recupera o fôlego para show inesquecível - FOTOS: BLAD MENEGHEL, IGOR DO O E MANU SCARPA/BRAZIL NEWS

Carna Xuxa, segunda edição do Navio da Rainha, foi pensado para transformar cada um dos cerca de 4,3 mil passageiros do transatlântico MSC Preziosa em folião. Porém, mais do que festa e alegria, a emoção tomou conta dos presentes, incluindo a anfitriã. Xuxa Meneghel (60) subiu ao palco para realizar seu espetáculo visivelmente sensibilizada. Com a voz embargada, desejou que o público fosse feliz. “Senti vontade de ligar para minha mãe como fazia antes dos shows”, explicou a loira, que, mesmo diante da saudade, manteve o alto-astral. Ela cantou e dançou seus hits ao ritmo do samba e do pagode.

Sem perder o pique, durante os quatro dias de viagem em um itinerário que saiu de Santos e passou por Angra dos Reis e Búzios, Xuxa fotografou com cerca de 2 mil fãs anônimos e célebres, como Reynaldo Gianecchini (51), Fabiana Karla (48), Ciro Gomes (66) e Fernanda Gentil (37). A artista ainda precisou lidar com imprevistos: com pneumonia, Ivete Sangalo (51) precisou cancelar a participação. Por fim, É o Tchan substituiu a baiana e divertiu o público, assim como as apresentações do Olodum, Pabllo Vittar (30), Monobloco e Junno (60). Em sua cabine, Xuxa recebeu CARAS com exclusividade para falar sobre todas as experiências vividas a bordo.

– Você conseguiu ter rotina no navio?

– Não... Só fiz ginástica no primeiro dia. Aí, soube do problema de saúde da Ivete e nós precisamos fazer mudanças, inclusive na data do meu show.

– Como lidou com a situação?

– A Ivete tem muita disposição, para ela dizer que está mal é porque não foi pouca coisa. Seria a primeira vez que se apresentaria em um navio e ela disse que faria isso por mim. Então, eu estava muito feliz. A minha preocupação era ela ficar boa. Depois começamos a pensar em quem poderia substituí-la.

– Pediu ajuda de alguém?

– Para a Anitta. A minha relação com ela é de amizade, falamos de tudo, mas não de trabalho. Porém, apelei para ela, que só não veio porque tinha compromissos fora do Brasil e me disse que posso contar com ela. Me senti mal por tê-la procurado, mas foi desespero, pois queria o melhor para quem estava a bordo do navio.

– Você cuida de muita coisa?

– Cobro para que tudo saia como combinado e anunciado. Por ser vegana, esperam que tenha comida vegana no navio. Quero que os cadeirantes tenham suas necessidades atendidas. Noto os detalhes: na exposição de figurinos, calcei botas nos manequins de um jeito que dava para as pessoas verem que estava escrito Xou da Xuxa no salto. Me preocupo com tudo o que o público verá e sentirá.

– Por que se emocionou tanto durante o seu show?

– Antes de subir ao palco, falei para a minha irmã que estava com vontade de ligar para a nossa mãe. O Junno não me ouviu dizer isso e falou: “A Aldinha está aqui com a gente”. E ele me abençoou como minha mãe fazia. Aí entrei no palco embargada. O show era para cima, mas quando ia falar algo, me emocionava. Como ela gostava de navio, de ir ao cassino, sinto muito a energia dela nesse ambiente.

– Existia algum ritual entre vocês antes dos shows?

– Quando ela não conseguia ir ao show, eu ligava para ela antes de me apresentar. Minha mãe dizia que estava de joelhos rezando por mim e que já tinha acendido a minha vela para dar tudo certo. Eu falava: “Pede para ninguém se machucar e que todos fiquem felizes”.

– Nas fotos com fãs, muitos pediram para você abençoá-los. Virou sua nova marquinha?

– Eles me pedem para abençoá-los como a Aldinha me abençoava, fazendo o sinal da cruz e pedindo proteção a Deus. Minha mãe foi criada por ciganos, quase foi freira, conheceu o espiritismo e morreu evangélica. Independente da religião, Deus era o mais importante para ela, que me ensinou a falar com Ele. Só deixei de ir à igreja porque vi um padre passando a mão em uma amiga. Ela dizia que se não quisesse ir à igreja, podia falar com Ele em qualquer lugar, inclusive no banheiro.

– Ainda na sessão de fotos, os seus fãs ficavam muito tocados, parecia até um processo de cura…

– Em 2023, uma menina com câncer esteve no navio e me disse: “Você será o remédio para a minha cura”. Falei que isso era muita responsabilidade. Neste ano, ela voltou e trouxe um cartaz escrito “Eu te disse que você era meu remédio”. Ela estava curada. Creio, a força do pensamento e a fé direcionada para uma imagem, uma vela, uma cruz ou em qualquer coisa que seja pode curar. Respeito quando as pessoas transferem isso para mim, agradeço, mas não incentivo, pois é uma responsabilidade grande, é um poder que nenhum ser humano tem. Porém, se alguém coloca na cabeça que isso irá ajudá-la, quem sou eu para negar. O que promove a cura é o amor. Longe de achar que sou merecedora desse amor todo, mas fico feliz por recebê-lo.

– O que os fãs compartilharam nos encontros com você no navio?

– Ouvi pessoas dizendo que já foram abusadas, que sofreram violência, que a mãe saía e a deixava me vendo na TV. Algumas não falam, só tremem, choram, ficam com as mãos geladas… Não gostaria de chamá-los apenas de fãs, pois são quatro décadas comigo. Muitos artistas têm fãs, o meu público é diferente e não tenho um nome específico para chamá-los.

– As reações do público ainda te surpreendem?

– Cada pessoa que me encontra realiza isso de uma forma. Algumas de cabelo branco pulam feito criança. Já as crianças menores passam a mão no meu rosto e não entendo o que elas veem. Como recebo muito amor e carinho, e como somos movidos por energia, essa energia deve ficar em mim e essas crianças devem sentir isso. Não tenho como expressar os diferentes sentimentos de tanta gente em poucas palavras.

– No dia a dia do navio, depois dos compromissos, o que faz?

– Massagem, reuniões, fico com a família… Aliás, estou feliz por poder oferecer essa viagem a eles. É mágico esse hotel cinco estrelas no mar. Trouxe todas as pessoas que trabalham comigo e dei aos que não puderam vir a oportunidade de estarem em outro cruzeiro.

– Você está mais magra...

– Perdi 7 kg em um ano. Quando completei 60 anos, voltei a fazer exercícios. Iniciei o pilates, comecei a andar na esteira, fazer musculação, boxe, massagem… e dieta também. Depois de uma certa idade é mais difícil perder 1kg ou 2kg, embora ganhe peso rapidamente. E como não queria tomar remédio, precisei de um tempo para emagrecer mesmo sendo vegana e comendo de forma saudável.

– A sua equipe estava no navio e trabalha contigo há vários anos. Inclusive, muitos deles são seus amigos. Como é a Xuxa amiga?

– Costumo dizer que não sei ser muito amiga. Para namorar o Ju, disse a ele que precisaria me ensinar a namorar. Então, às vezes, dou uma pisada de bola com ele, assim como com as minhas amizades. Conheci a minha amiga Vavá quando ela tinha 12 anos e somos amigas até hoje. Ficamos semanas sem nos falar, porque não sou de ir atrás e muita gente diz que isso não é ser amigo. Mas quando ela precisa, estou ao seu lado. Se ela precisar que eu telefone diariamente, farei isso. Hoje, posso dizer que fico feliz em ter amigos que me aceitam do jeito que sou. Talvez não seja do jeito que muita gente acha que eu deveria ser. Minha maior virtude e meu maior defeito é a sinceridade. Quanto mais conheço alguém, mais sou sincera com ela. E nem todo mundo está preparado para isso.

– A turnê O Último Voo da Nave estará no navio em 2025?

– Realmente focarei na turnê. Inclusive, no Carna Xuxa, me reuni com o Kley Tarcitano, diretor que fará o projeto (ele já dirigiu o show de Ivete e o Super Bowl de Jennifer Lopez). Devo fazer a primeira apresentação no final do ano ou comunicar as datas dos shows até lá. Tudo depende da produção: vou colocar voz nas músicas, talvez queira algo que não tenha no Brasil, coisas que ninguém viu. Até isso se transformar em uma turnê leva tempo. Então, ficarei fora dos palcos até lá.

– Quais os planos pós-navio?

– Em março vou passar dez dias com o Ju e a Doralice em uma ilha no Caribe. Antes disso tenho muitas reuniões de trabalho.

– Que outro destino de viagem você gostaria de fazer?

– Quero ir com o Ju para Bora Bora, Austrália, Finlândia, além de Amsterdã, que em 2030 será o primeiro país vegano do mundo. Quando a filha do Ju estiver mais velha e a Sasha já com filho, acho
que vou pegar na mão do Ju e vamos viajar muito.

FOTOS: BLAD MENEGHEL, IGOR DO O E MANU SCARPA/BRAZIL NEWS