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Revista / Entrevista

Gabriel Santana, o Renato de Pantanal, reflete sobre racismo

Vilão em Pantanal, Gabriel Santana mostra a paixão pela arte e debate o racismo: 'É bom ver atores pretos na novela das 9!'

Por Bianca Portugal Publicado em 27/08/2022, às 11h56

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Gabriel Santana - Fotos: Marcelo Sá Barreto
Gabriel Santana - Fotos: Marcelo Sá Barreto

Tudo começou por acaso. O ator Gabriel Santana (22) hoje brilha como o Renato na novela Pantanal e é completamente apaixonado pela profissão, mas, como diz, caiu de paraquedas na dramaturgia. “Tenho uma irmã mais velha, de 26 anos, que, aos 10 sonhava em ser modelo. Minha mãe, então, levava ela às agências e, para não me deixar sozinho, eu tinha que ir junto”, conta ele. No entanto, a peregrinação por agências de modelo foi frustrante para todos. A família passou por muitos profissionais de caráter duvidoso até que uma vizinha decidiu ajudar. “Nessa época, eu estava com 11 anos. Eu e minha irmã fizemos um book, mas aí minha irmã descobriu que não queria mais ser modelo. Já eu estava gostando...”, se diverte Gabriel, ao lembrar. Em 2013, essa mesma agência conseguiu um teste para ele em Chiquititas, sucesso do SBT. “Passei e me apaixonei. Descobri minha profissão!”, explica Gabriel.

Hoje, superestudioso e engajado, Gabriel nem cogita outro caminho para sua vida. “Meu plano B é dentro da arte mesmo. Não consigo me ver em outro lugar. Sou bacharel em Artes Cênicas. Meu plano B é a carreira acadêmica, por isso, quero fazer mestrado também”, conta ele, que antes de Pantanal, também brilhou em Malhação: Toda Forma de Amar, de 2019.

Gabriel Santana

Na atual novela das 9, Gabriel dá vida a um menino complexo, mas defende sua criação. “Renato não é vilão. Ele tem um jeito de olhar para o mundo que o faz agir dessa forma, mas acho que ele quer sempre o melhor para a família e para si. O problema é que busca isso de forma equivocada e antiética”, resume o ator, cujo personagem aborda questões como machismo e racismo. “O machismo dele não me machuca, porque aprendi que a arte, no lugar gregoriano da tragédia, serve para expurgar os sentimentos que temos. A maneira como ele é visto é um processo individual de quem assiste”, explica o artista.

Fora da tela, Gabriel adora flertar pelas redes sociais. “Os meninos têm mais coragem de me mandar mensagens, são mais ousados, as meninas são mais discretas”, explica ele, que evita rótulos. “Gosto de pessoas. Os rótulos ajudam a vida em grupo, mas limitam. Para mim, o que vale é o hoje estou, e não o sou. Hoje posso gostar de meninas, amanhã de meninos e depois de amanhã dos dois. É isso!”, resume.

Consciente de suas escolhas sexuais, Gabriel também não esquece que é um jovem preto. “Sou um preto de pele clara e de classe média. Então, o racismo que já sofri sempre foi mais estrutural do que pressão policial, por exemplo. E desde os 13 anos sou uma figura pública, o que me blinda um pouco. Muitos, por exemplo, nem me consideram preto, o que é uma forma de racismo. É o olhar do outro que diz se sou preto ou não? Isso é racismo!”, analisa ele. O ator sempre estudou em escolas particulares e lembra que nunca teve mais de cinco amigos de classe que fossem pretos, nem mais de três professores de sua raça em toda a vida. “Por isso, a família Gonçalves em Pantanal foi um presente para mim. É bom ver atores pretos na novela das 9!”, conclui.

Gabriel Santana

Gabriel Santana

Fotos: Marcelo Sá Barreto