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Novelas / Trama das 21 horas

Cheia de defeitos, 'A Dona do Pedaço' conquistou o público e colocou Maria da Paz na boca do povo

Cheia de defeitos, 'A Dona do Pedaço' conquistou o público e colocou Maria da Paz na boca do povo

Felipe Gatto Publicado em 23/11/2019, às 10h21 - Atualizado em 25/11/2019, às 10h02

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Novela de Walcyr Carrasco será substituída por "Amor de Mãe" - Divulgação/TV Globo
Novela de Walcyr Carrasco será substituída por "Amor de Mãe" - Divulgação/TV Globo

Na noite desta sexta-feira, 22, foi ao ar o último capítulo deA Dona do Pedaço, uma das novelas que mais bombou em audiência e repercussão nos últimos tempos.

Se por um lado a trama de Walcyr Carrasco apresentou diversos erros e cometeu uma série de deslizes ao longo dos meses em que esteve no ar, em contrapartida, a história de Maria da Paz (Juliana Paes) acertou em cheio no gosto popular e colocou a mocinha literalmente dentro na casa dos telespectadores.

Com uma heroína alegre, batalhadora e cheia de falhas, o folhetim acertou em trazer à tona uma história de identificação que bem poderia ser a da nossa mãe, avó, ou daquela vizinha da rua da gente que cansou de dar a volta por cima em meio aos tropeços e enganos que estão presentes na vida cotidiana da grande maioria dos brasileiros.

A escolha da atriz Juliana Paes para viver a personagem central foi um dos pontos fortes da obra. Se no início da novela a artista escorregou no sotaque e nos trejeitos, demorando um pouco para chegar no tom exato da boleira, da metade para o final a intérprete defendeu com louvor o seu papel e conseguiu fazer rir, sofrer, sentir raiva e emocionar muito com as desventuras da Maria da Paz.

Outra aposta acertada da diretora Amora Mautner foi a escolha de Agatha Moreira para interpretar a vilã Josiane. Com poucos trabalhos ainda em seu currículo na dramaturgia, a atriz passeou bem por todas as nuances nas quais a malvada a permitia, acertando tanto nas cenas mais leves quanto nas sequências mais densas e obscuras da personagem que foi odiada por milhares de telespectadores. Mérito todo da atriz que já havia feito bonito em Verdades Secretas e Orgulho e Paixão.

E continuando no assunto elenco, com uma gama privilegiada de nomes em seu casting, A Dona do Pedaço ainda trouxe um trabalho caprichado de Paolla Oliveira, que deu vida a uma badalada influenciadora digital que conseguiu a façanha de fazer sucesso não só na telinha, mas como também nas redes sociais e na publicidade. De celebridade glamourosa a mocinha sofredora, a atriz deu algumas derrapadas ao passear por diversos caminhos mas por fim, conseguiu entregar um trabalho competente.

Nathália Dill (Fabiana), Mônica Iozzi (Kim), Caio Castro (Rock), Ary Fontoura (Antero), Suely Franco (Marlene), Nathália do Valle (Beatriz), Pedro Carvalho (Abel) e Rainer Cadete (Téo) foram outros atores que brilharam e saíram com um saldo positivo da trama de que será substituída em breve por Amor de Mãe.

Por outro lado, o folhetim desperdiçou grandes e importantes nomes das telenovelas do país com papéis pequenos e esquecidos, caso de Tonico Pereira (Chico), Betty Faria (Cornélia), Marco Nanini (Eusébio), Nathália Timberg (Gladys), dentre vários outros. Ainda tiveram casos da direção ter tentado mas não conseguido emplacar e agradar o público, caso de Marcos Palmeira (Amadeu), Reynaldo Gianecchini (Régis), Felipe Titto (Abdias) e Monique Alfradique (Yohana).

Conhecido por suas tramas paralelas mirabolantes e por diálogos pobres, o autor Walcyr Carrasco não dispensou temas fortes para serem abordados na novela das nove. Porém, conseguiu deixar a desejar na grande maioria deles, como ao retratar de forma repentina e superficial, assuntos que poderiam (e deveriam) ser muito bem explorados como a transexualidade, o câncer de mama, a pedofilia e a fama virtual.

Mesmo encontrando saídas muitas vezes sem pé nem cabeça e longe de qualquer tipo de veracidade, o escritor é mestre em atingir o coração do público e conseguir fazer rir e chorar em suas novelas. É preciso sim, tirar o chapéu para as mil e uma habilidades de Walcyr de ter sempre uma carta na manga para fisgar os telespectadores. Para quem não se lembra, ele recentemente fez isso em O Outro Lado do Paraíso, de 2017/2018, outra novela lotada de equívocos mas que virou a queridinha dos brasileiros.

A trilha sonora extremamente popular também agradou o público de casa. Também pudera, difícil errar a mão ao apostar em um samba logo de cara na abertura, com Tá Escrito, de Xande de Pilares, além de artistas certeiros nas rádios (e nas plataformas digitais), como por exemplo, Marília Mendonça, Raça Negra e Chitãozinho e Xororó.

Com um último capítulo mediano e sem reviravoltas extraordinárias, a obra trouxe o casamento de Maria da Paz com Amadeu, bem como o nascimento da segunda filha do casal, a Sol. Agno e Leandro finalmente oficializaram a relação e trocaram o primeiro (e apagado) beijo dos dois. Fabiana fez jus a herança sanguinária da família e virou uma matadora poderosa no Espírito Santo. Vivi e Chiclete ficaram juntos e a maior surpresa promovida pelo desfecho foi a história da vilã Josiane, que surpreendeu Régis ao empurrá-lo em pleno viaduto depois do casal trocar juras de amor. Ambiciosa como sempre, a malvada mostrou que nem sempre uma regeneração verdadeira é possível.

Não tem jeito! Tenha você gostado ou não, A Dona do Pedaço realmente causou barulho na telinha, virou assunto nas redes sociais e repercutiu diariamente na imprensa durante todo o seu período de exibição pela Globo.

Só para ressaltar ainda mais o tamanho da trama, por conta da história da Maria da Paz, uma confeiteira de mão cheia, nunca se viu tanto bolo caseiro ser vendido por aí. O motivo? Talvez seja por conta da exaustão da grande maioria do povo com relação aos problemas do Brasil. Será que as pessoas não estão atrás do famoso bolo mágico, aquele que era o preferido da protagonista da novela e que, segundo ela, trazia sorte e boa energia para quem o comesse?

Com tudo e em tudo, a alegria da Maria da Paz certamente deixará saudade... E que venha Amor de Mãe, uma trama forte e passional que promete emocionar o público com as história de Lurdes (Regina Casé), Thelma (Adriana Esteves) e Vitória (Taís Araújo), três mães distintas que têm uma nobre afinidade em comum: o amor pelos filhos.