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Esporte / Representatividade

Ex-jogadora e casada com craque, Fran comemora aumento de representatividade: "Liberdade"

Ex-jogadora de futebol Fran, casada com Andressa Alves, da Seleção, comemora aumento da representatividade na competição

Henrique Cesar Mello

por Henrique Cesar Mello

hmello_colab@caras.com.br

Publicado em 29/07/2023, às 08h33

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Ex-jogadora de futebol Fran, casada com Andressa Alves, que está na Copa do Mundo pelo Brasil, fala sobre aumento da representatividade na competição - Foto: Reprodução / Instagram
Ex-jogadora de futebol Fran, casada com Andressa Alves, que está na Copa do Mundo pelo Brasil, fala sobre aumento da representatividade na competição - Foto: Reprodução / Instagram

A Copa do Mundo de Futebol Feminino está a todo vapor! Mas, muitos assuntos extra campo são importantes de serem ressaltados. Um deles, e talvez o que mais chamou a atenção dos internautas, foi o aumento da representatividade LGBTQIA+ na competição mundial.

Na Copa de 2019, apenas 38 atletas eram assumidamente LGBTQIA+, porém, nesta edição de 2023, o número mais que dobrou. Agora, as jogadoras que se consideram parte deste grupo são 87, de acordo com um levantamento feito pela Reuters.

O Brasil é o país que está na competição mundial que mais possui atletas assumidas, sendo nove no total. A ex-jogadora de futebol Francielle Manoel Alberto, mais conhecida como Fran, é uma ex-atleta que se assumiu há algum tempo e sente muito orgulho disso. Em uma conversa exclusiva com a CARAS Digital, a mulher de Andressa Alves, que está com a Seleção Brasileira na Copa, falou sobre a felicidade de ver o aumento da representatividade no esporte.

“Eu me sinto muito feliz, não só pelo aumento da representatividade, mas principalmente por termos liberdade de expressar quem somos cada dia mais, e conseguindo usar o esporte para ter esse alcance maior, já que muita gente gosta de esportes e acaba servindo de inspiração para muitas pessoas”, celebrou a ex-atleta, que atualmente trabalha como influenciadora com o intuito de disseminar o futebol feminino pelas redes sociais.

Se assumir não é nada fácil

Mas como todos sabemos, se assumir não é uma tarefa fácil. Então, como esse número aumentou de forma tão elevada? Para Fran, a influência principal foi apenas ser feliz. “Acredito que nós percebemos que podemos ser o que quisermos, não se importando com a opinião dos outros, apenas sendo livres, felizes, sendo nós mesmas e quando aceitamos isso, esse número foi aumentando naturalmente”, contou.

Se assumir é um processo que exige uma autodescoberta e coragem, tanto para com você mesma, quanto para revelar para a sua família e amigos. “Minha descoberta foi natural, sempre fui muito tímida, muito reservada. Eu comecei muito nova no futebol, então eu ficava observando muitas coisas e teve um momento que entendi que podia estar sentindo atração por mulheres também. No começo eu não contei para ninguém só fiquei tentando me entender”, explicou.

“Eu demorei muito tempo para me assumir para minha família, e publicamente também. Minha irmã foi a primeira a saber, minha mãe e por último o meu pai, que só tive coragem de contar porque ia casar [Risos]”, relembrou Fran, brincando. “Eu, mas principalmente a Andressa, tinha medo que a relação dela mudasse com meu pai se ele soubesse, porque ela era a queridinha dele e não queria deixar de ser, mas foi muito pelo contrário, nada mudou, o carinho continuo o mesmo”, admitiu.

Representatividade LGBTQIA+ no futebol

Claro, dentro do esporte não poderia ser diferente. O medo de se assumir sempre existe por fatores externos que só a pessoa pode entender. “O medo sempre foi o que os outros iam pensar, medo de perder patrocínios, perder boas oportunidades por conta da opção sexual, já que antigamente não era tão falado abertamente sobre esse assunto”, explicou a ex-atleta, que está trabalhando atualmente como comentarista da CazeTV nos jogos da Copa do Mundo.

Mas, nada pode atrapalhar o sonho de ser jogadora. “Descobri desde pequena. Meu pai sempre foi uma inspiração para mim, ele que me motivou, incentivou, me apoiou. No começo, eu jogava na rua com meus primos e com 7 já entrei em uma escolinha. Aí, tudo começou a acontecer muito rápido para mim”, relembrou. “Tive a certeza depois que entrei na escolinha e vi que tinha potencial”, completou.

Além do mais, se assumir é algo que pode inspirar outras pessoas que estão sofrendo com a própria descoberta, com medo. Fran revela que muitas pessoas vão atrás dela e de sua esposa, Andressa, para falar sobre o assunto.

“Eu recebo muitas mensagens falando que eu e a Andressa inspiramos elas, mandam perguntas em como se assumir para a família e é dessa maneira que eu penso que podemos ajudar. A minha história e a de outras meninas podem ser parecidas com várias outras pessoas e nessas histórias, essas pessoas podem encontrar suas respostas. Acho que cada um tem seu tempo, mas apenas sejam felizes sem se importar com o que os outros pensam”, explicou.

Carreira

Fran é uma ex-jogadora de futebol que se despediu dos gramados há cinco anos atrás, em 2018, quando jogava pelo Avaldsnes, da Noruega. Começou sua carreira no futsal e depois foi para a grama pelas categorias de base do Santos.

No Brasil, já atuou por clubes como São José e Corinthians/ Audax, onde conquistou a Copa do Brasil de 2016. Com passagens pelo exterior, a meia jogou pelo Sky Blue e Boston Breakers, dos Estados Unidos, Stjarnan, da Islândia e seu último clube norueguês.

Pela Amarelinha, Fran foi convocada pela primeira vez em 2006, quando foi campeã do Sul-Americano sub-20. Já na seleção principal, foi medalhista de prata pelas Olimpíadas de Pequim, em 2008, e no Pan-Americano de 2011. Além disso, atuou na campanha da Copa do Mundo de 2011 e nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012.