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Carnaval / Histórico

Carnaval do Rio teve travesti como primeira rainha da bateria da história; relembre

Antes de famosos e fantasias luxuosas, Carnaval do Rio teve travesti como rainha de bateria

por Surenã Dias

sdias_colab@caras.com.br

Publicado em 14/02/2023, às 17h00 - Atualizado às 18h51

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A travesti Eloína dos Leopardos foi a primeira rainha de bateria do Carnaval do Rio de Janeiro - Foto: Acervo pessoal
A travesti Eloína dos Leopardos foi a primeira rainha de bateria do Carnaval do Rio de Janeiro - Foto: Acervo pessoal

O Carnavaldo Rio de Janeiro é definitivamente uma das festas mais esperadas pelos brasileiros. No entanto, antes de ser marcado pela presença de famosos com fantasias luxuosas, ele contou com uma rainha de bateria travesti na avenida

Eloína dos Leopardos foi a primeira mulher a desfilar como rainha de bateria do Carnaval carioca. O ano era 1976, quando ela foi escolhida pela Beija-Flor de Nilópolis para ser destaque da folia. Na agremiação, ela ocupou o posto apenas por dois anos.  

Aos 31 anos, Eloína foi convidada pelo eterno carnavalesco Joãosinho Trinta. Na época, o nome da moça foi sugerido pelo figurinista Viriato Ferreira, que ficou encantado com a beleza da Musa dos Leopardos após vê-la ganhar o segundo lugar em um concurso de Carnaval

O encontro com o carnavalesco aconteceu um mês antes da festa de 1976, visto que Eloína morava em Paris e retornava ao Brasil apenas para curtir o Carnaval. Pensando em mostrar um verdadeiro espetáculo na avenida, Joãosinho pediu para ela ser discreta e apenas exibir o visual poderoso durante o desfile.

E assim foi feito, a primeira rainha de bateria da história brilhou e chamou atenção, inclusive, do então prefeito carioca Marcos Tamoyo. A curiosidade sobre a passista era tamanha, que o político mandou a escola parar para saber quem se tratava. Ao descobrir que era uma travesti, ficou chocado. 

"Quando o desfile acabou, o Joãozinho logo me tirou dali e ordenou que me levassem para casa. No dia seguinte, ele entrou em contato comigo e disse: 'Eloína, está todo mundo atrás de você. A 'Manchete', a 'Fatos e Fotos' [as principais revistas que faziam reportagens sobre o Carnaval carioca]", contou Eloína em entrevista ao site Universa. 

Passados alguns anos, Eloína virou um ícone da comunidade LGBTQIA+ do Rio de Janeiro após comandar a popular Noite dos Leopardos. O espetáculo contava com homens seminus que dançavam fazendo strip-tease e até mesmo exibindo seus pênis à meia luz

O show foi um sucesso por 12 anos na noite carioca e chegou a sair em turnê pelo Brasil, Portugal, Espanha, Itália e Estados Unidos. Em sua plateia ela chegou a ter nomes como Liza Minnelli, Linda Evangelista e icônica diva pop Madonna.

Em 2016, Eloína fez parte do documentário Divinas Divas, o qual falou um pouco sobre sua trajetória enquanto pioneira na luta pelos direitos da comunidade trans no Brasil durante a ditadura militar. Dirigido por Leandra Leal, o projeto também conta com a presença de Rogéria. O filme pode ser encontrado nas plataformas de streamings Globoplay e Netflix.