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Bebê / Anuário

BEBÊ: Gestação tardia - Relógio biológico

As gestações após os 35 anos de idade são cada vez mais habituais. Mas, com elas, aumentam os riscos de complicações para mãe e filho

Redação Publicado em 05/10/2012, às 11h00 - Atualizado às 11h58

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A busca pela estabilidade financeira está empurrando a primeira gestação para uma idade cada vez mais avançada - Shutterstock
A busca pela estabilidade financeira está empurrando a primeira gestação para uma idade cada vez mais avançada - Shutterstock

A mulher contemporânea alia a vida em família à realização profissional. Ela quer ser mãe, mas não quer abrir mão de dedicar-se à carreira, adquirir experiência e alcançar estabilidade financeira. E com isso, a primeira gestação acontece em uma idade cada vez mais avançada.

Na literatura médica habitual, a mulher grávida com mais de 35 anos é descrita como “gestante idosa”. O próprio termo pode estar deslocado em um mundo no qual mulheres na faixa dos 40 anos exibem aparência, vitalidade e saúde comparáveis às de jovens de 20. Ainda assim, o tempo não para e, fisiologicamente, a mulher grávida com mais de 35 anos fica exposta a mais riscos relacionados à gravidez.

A começar pela fertilidade, que decai vertiginosamente após a mulher atingir essa idade. Ao contrário do homem, que começa a produzir seus espermatozoides na puberdade e segue produzindo-os ao longo da vida adulta, a mulher nasce com todos os seus óvulos, começa a liberá-los para a fecundação a partir da puberdade e não os repõe durante a vida. A idade de 35 anos é considerada um marco para a fertilidade da mulher, pois é nesse período que sua ovulação tende a diminuir.

Mas, essa idade – 35 anos – também representa um momento importante no que diz respeito aos riscos para mãe e bebê, mesmo que a gestação tenha ocorrido naturalmente, sem a necessidade de recorrer a tratamentos de reprodução assistida. “As complicações mais frequentes nas gestações tardias são o aumento na incidência das síndromes hipertensivas, sendo o quadro mais conhecido a pré-eclâmpsia, do diabetes gestacional e dos problemas cardíacos”, diz Felipe Favorette Campanharo, clínico intensivista da Pro Matre Paulista.

HIPERTENSÃO E DIABETES GESTACIONAL

O aumento da ocorrência de hipertensão e diabetes na gestação está diretamente ligado à idade mais avançada na gravidez. Como explica Campanharo, as duas doenças normalmente começam a se manifestar em pessoas com mais idade, e isso vale para mulheres. “Gestantes que já apresentavam quadros crônicos dessas doenças podem sofrer o agravamento delas durante a gravidez,  ficando expostas a riscos como parto prematuro, distúrbios no crescimento fetal (tanto fetos menores quanto maiores que o esperado para idade gestacional), situações comumente observadas na pré-eclâmpsia e no diabetes gestacional”, diz.

No entanto, há manifestações dessas doenças que são específicas da gestação e podem acometer mulheres que, antes da gravidez, não apresentavam quadros crônicos nem de hipertensão nem de diabetes. A pré-eclâmpsia, principal ocorrência nos serviços de terapia intensiva e semi-intensiva das maternidades, está relacionada ao aumento de pressão arterial após a 20ª semana da gravidez, ainda que a mulher não seja portadora crônica de hipertensão. “Outros sinais de pré-eclâmpsia são a presença de proteína na urina e edemas (inchaços) significativos”, acrescenta Campanharo.

O diabetes gestacional é aquele cujo diagnóstico é realizado na gravidez, porém uma porcentagem dessas pacientes era diabética antes de engravidar e desconhecia a doença. Cabe ao médico, no início do pré-natal, a
pesquisa de fatores de risco para tal (histórico familiar de diabetes, obesidade, antecedente de síndrome dos ovários policísticos, etc.). O desenvolvimento do diabetes durante a gravidez está ligado à ação de hormônios (lactogênio placentário) produzidos na gestação e que interferem na ação da insulina.

Em geral, essas pacientes tendem a não apresentar mais o quadro de diabetes após a gestação. Isso será monitorado, ao longo da gravidez e nos primeiros meses após o parto, por meio de exames clínicos e laboratoriais (curva glicêmica), e a persistência do diabetes pode variar de uma paciente para outra.

As chamadas cardiopatias (doenças cardíacas) incluem um grupo amplo de patologias, e grande parte delas pode ser agravada na gestação, principalmente, devido à sobrecarga do sistema circulatório, própria da gravidez.

Mas, felizmente, se os riscos existem e devem ser considerados, o avanço da obstetrícia permite vislumbrar um número cada vez maior de mulheres grávidas e saudáveis com mais de 35 anos. O planejamento da gestação é um passo importante para assegurar esse quadro. A manutenção do peso ideal, antes e durante a gravidez, também resguarda a mulher de uma série de riscos. Um pré-natal cuidadoso, sobretudo, garante a atenção necessária a todas as variações do quadro clínico, que podem sugerir algum tipo de alteração.

“Hoje, graças à obstetrícia moderna, com recursos como medicina fetal e setores interdisciplinares (UTIs e Unidades Semi-Intensivas), as complicações da gravidez são monitoradas e, seus sintomas, tratados, possibilitando que a mulher mantenha a gestação pelo maior tempo possível, evitando partos prematuros e tornando viável o nascimento dos bebês”, diz Campanharo. O tempo não para, mas a medicina está ajudando as mulheres a se entenderem com ele.