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Sexualidade das mulheres casadas varia segundo a idade e a cultura

Paulo Sternick Publicado em 15/04/2008, às 14h21

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Paulo Sternick
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Se a mulher brasileira, envolvida há tempos numa união "estável", tivesse temperamento igual ao da inglesa, seus parceiros estariam em maus lençóis. Pesquisa divulgada pela revista feminina First revelou que 40% delas preferem ir às compras a fazer amor! Mas o aparente desdém vai além, pois quase em igual proporção elas se dizem satisfeitas com sexo uma ou duas vezes por semana e só um terço se mostra frustrada com a freqüência da intimidade. Metade delas, casadas há mais de 20 anos, até esnoba: dizem que poderiam continuar a união sem ter relações sexuais com o marido. A pesquisa omite a freqüência com que os fleumáticos maridos as procuram. Os dados poderiam consolar parceiros que se sintam rejeitados porque sua mulher recusa relações freqüentes. Ou diminuir a culpa dos que já não têm vontade a toda hora após alguns anos. Mas quem conhece os ingleses desconfiaria da seriedade delas ao responder à enquete. Explico-me: na primeira vez que fui a Londres, sentei-me no segundo andar de um daqueles ônibus dúplex e perguntei à senhora ao meu lado se podia me avisar na proximidade do teatro onde eu iria comprar ingressos. Ela aquiesceu gentilmente. Puxei conversa sobre a vida londrina. Ela me olhou enviesada e me disse: "Turistas demais". Bateu na testa! Fico imaginando a reação das inglesas quando alguém lhes indaga como é sua vida sexual... Mesmo se houvesse veracidade no resultado, o homem brasileiro em geral não é tão fleumático quanto o britânico. Seria legítimo levarmos em conta também que a sexualidade feminina não é exatamente um espelho do gênero masculino, nem igual em todas as idades ou estado civil. As atitudes que diferenciam os homens das mulheres em relação ao sexo são um tema freqüente nos consultórios e na vida dos pombinhos. Há mulheres separadas que ficam muito tempo sem fazer amor (aqui entre nós, algo quase inimaginável para as avulsas espadas masculinas, ou para jovens solteiras com libido à flor da pele!). Casadas e casados têm atitude mais calma, pois sua ansiedade e carência são atenuadas pelo vínculo. Pesquisas ou afirmações revelam tendências, não verdade universal. Cada pessoa tem singularidades, a psicologia do gênero não é homogênea, o desejo e as preferências não são iguais para todos, sendo difícil estabelecer o que é mais normal ou saudável nessa área. Poderíamos dizer que a vida do casal tem muitas dimensões além da cama, mas se não há desejo sexual se perde uma de suas animadas e vitais motivações. Uma verdade resiste a tudo: as diferenças entre os sexos, e o não reconhecimento, e compreensão, recíproca delas, é motivo de muitos contratempos do casal. Há clichês sobre o assunto: ele é mais ativo e impetuoso, mas também precisa ser desejado e estimulado, e gosta de saber que a mulher o deseja; ela é mais romântica, precisa de carinho, de se sentir admirada não só por ser objeto de satisfação. Freud dizia que as diferenças se devem à distinção entre os órgãos genitais e a subjetividade decorrente disso. Sabe-se que há fatores mais complexos, psicológicos e culturais, na constituição da identidade e do gênero, embora pesquisas evidenciem diferenças no cérebro masculino e no feminino que ilustram as diferenças quanto à sexualidade. Mas elas variam de acordo com cada pessoa e sua etapa de vida. Saber disso ajuda no convívio.