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Os amores também são avaliados e recebem "grau de investimento"

Paulo Sternick Publicado em 28/05/2008, às 18h03

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Algumas vezes, as aptidões que ele ou ela têm para ser amados são inatas, como beleza, inteligência, graciosidade e simpatia. Se tudo isso ainda tiver a liga da riqueza ou do êxito profissional, a fórmula parece infalível! Mas se faltar caráter ou sobrar egoísmo e vaidade, o bolo pode solar. Como no mundo das finanças, o grau de investimento (amoroso) pode ser concedido e, dependendo das atitudes, retirado. Há gosto para tudo, claro, mas a qualidade do paladar determina também os destinos de uma relação. Existem atributos que são mais promissores para o vínculo estável entre duas pessoas, como lealdade, justeza, generosidade afetiva e gratidão. Fixados sobre uma forte atração sensual recíproca e situados ao lado de uma sintonia de interesses mentalmente estimulantes, constituem sólidos elementos que aumentam a chance de êxito no amor. Nem sempre, porém, esse cenário ideal ocorre entre os pombinhos. Muitos conflitos e impasses nas relações surgem porque ele ou ela, ou ambos, não observam que algumas de suas atitudes podem não colaborar para o bom entrosamento e a preservação do sentimento positivo que o outro lhe concede. Curioso que o psicanalista austríaco Sigmund Freud também usava o termo investimento para designar a cota de libido, de afeto que ligamos em outras pessoas. Investir amor é aplicar nosso mais sensível e profundo sentimento, aquele que mais pode nos trazer felicidade, segurança, prazer e aconchego. Mas também nos levar ao inferno do sofrimento, da dor e, no limite, do desespero. Por isso, quem tem o mínimo de saúde e experiência escolhe bem onde aplicar esse sentimento, não se deixando arrastar apenas por atrações superficiais, sem avaliar melhor onde realmente está entrando. Pois não se pode atribuir à beleza ou ao tesão o critério exclusivo de representar uma pessoa. Se no mundo das finanças há indicadores que dão conta se um país ou uma empresa podem receber "grau de investimento", o mesmo não ocorre entre os pombinhos, em que as variáveis são bem mais complexas. Cada pessoa deve ter seus critérios e também olhar para si mesma e verificar se, aos olhos alheios, tem predicados para obter "grau de investimento". É claro que não se trata de um código que se possa generalizar, um decálogo de boas ações ou intenções. Mas de um cuidado consigo e de uma ética para com o outro. E não adianta fingir. Tratase de um trabalho ético, de sinceridade para consigo mesmo, de suportar a verdade a respeito dos próprios descaminhos, e o que daí estimula um crescimento, no sentido de estar melhor consigo e com o outro. Não raro, em casos de fracassos seguidos no amor, essa tarefa de crescimento vai precisar do auxílio do psicanalista. Porque ele ou ela podem estar presos em armadilhas criadas por si mesmos, sem perceber. Isso cria atitudes contraditórias, estranhas. Por exemplo: o "galinha" melancólico, que não abre mão das conquistas, mas vive se lamentando por não achar seu amor; ou a mulher agressiva e competitiva, que vive desprezando e humilhando os homens, mas não pára de se queixar de que não consegue manter um amor. No mundo atual, muitos não querem abrir mão de sua vida a dois, nem de sua vida com todo mundo. Quantas pessoas não anseiam em encontrar sua cara-metade, mas não conseguem atenuar seu egoísmo? Elas nem sempre se lembram de que não são mais crianças e os outros não são seus pais - nem tampouco meros objetos de luxúria.