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Num casal, atitude possessiva de um destrói a vitalidade do outro

Alberto Lima Publicado em 25/05/2007, às 09h59 - Atualizado em 28/11/2012, às 22h17

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A exigência de exclusividade, por parte de certas mulheres, em relação ao interesse do homem, a expectativa de que o relacionamento seja prioridade absoluta na vida dele, é perigosa. Agindo dessa forma, a mulher pode destruir o parceiro. Ao pretender que ele exerça para com ela toda a força, toda a vitalidade, a potência, a capacidade de suprir e prover, todo o amparo, proteção e admiração de que é capaz, ela o constrange, drena sua energia vital e contribui para que se torne um homem empobrecido, fraco, infantilizado e, em todos os sentidos do termo, impotente. Cabe a ele estranhar essa abordagem e se proteger da castração. Parte significativa da vitalidade de um homem pode, sim, ser atribuída ao relacionamento amoroso e à influência da parceira. As diferenças entre os gêneros, os estilos distintos, as preferências, métodos, ritmos e princípios norteadores das consciências masculina e feminina contribuem para o desenvolvimento psicológico de ambos, promovem a ampliação de suas consciências e a compreensão da perspectiva do outro. Mas, para que o movimento evolutivo do homem aconteça a partir dos influxos femininos, é necessário que as contribuições da mulher o remetam à vida e ao mundo, apoiando, entendendo e aceitando suas conquistas. É necessário, enfim, que a mulher se coloque numa relação de equilíbrio com o homem e resista à tentação de exercer para com ele um padrão maternal, portantoassimétrico, de relacionamento. A mulher possessiva se assemelha a uma mãe que não tolera que o filho cresça, pois isso reduziria sua importância na vida dele. É provável que essa mulher desconheça em grande parte seu próprio valor e multiplicidade. Reduzida a apenas uma de suas inúmeras possibilidades, ela imagina angariar segurança, quando talvez esteja boicotando o desenvolvimento de sua criatividade. Ambos saem perdendo. A mulher que promove o movimento evolutivo - e admira o parceiro por suas empreitadas - recebe de volta um homem melhor, mais motivado, fortalecido e desejoso de compartilhar suas conquistas, uma vez que, nessas circunstâncias, a companheira épercebida como aliada, não como antagonista. Além disso, é bom destacar que só quem tem vida própria é capaz de acolher e validar a vida própria do outro, sem o temor de que a diversidade possa significar perda. Quando o homem é o possessivo do casal, o mais provável é que esteja afastado do núcleo de sua identidade de gênero. A insegurança vivida nos embates com o mundo o levam a cercar a mulher e a mantê-la prisioneira de seu medo. Em vez de identificar o que o leva a se restringir e a empobrecer a sua experiência, ele faz de tudo para também cercear o campo de ações da parceira: se ele se sente castrado, independentemente dos motivos que o levam a se sentir assim, ela também deverá ser podada. Por algum tempo, é possível que a mulher até se sinta protegida com a atitude. Mas não tardará para que reconheça a diferença entre segurança e prisão e queira desenredar-se da malha que a mantém cativa. Castração e poda se assemelham à morte. O núcleo do conflito, em ambos os casos, está nisto: a possessividade indica que um exerce domínio sobre o outro, da mesma forma como domina a própria subjetividade, impedindo-a de se expressar. A chave que abre a prisão dos possessivos está no apetite pela evolução psicológica, uma disposição psíquica que todos temos, o desejo de viver e de saborear a grande festa que a vida é.