Pai da pintura naïf, palavra que significa ingênuo em francês e denomina um estilo primitivo, instintivo, indiferente às regras da academia, o francês Henri Rousseau (1844-1910) foi ridicularizado em seu tempo. Funcionário da alfândega de Paris, ele começou a pintar tardiamente, nas horas vagas. Os críticos consideravam sua arte grotesca por não respeitar proporções e perspectiva e sua falta de malícia o fazia vítima de gozações dos artistas, mesmo daqueles que reconheceram seu valor, como Pablo Picasso (1881-1973). O fascínio pela natureza e a fértil imaginação o inspiraram a pintar florestas exuberantes e cenas fantásticas como A Cigana Adormecida (1897), obra tida como precursora do surrealismo. Ele também escreveu peças de teatro e compôs ao violino.
Sua época
Embora fosse muito ligado à natureza, Rousseau admirava as conquistas tecnológicas. Na obra Eu Mesmo: Retrato-Paisagem (1900), mostra um balão no céu e a Torre Eiffel, ao fundo. Erguida em 1889, para a Feira Mundial de Paris, a torre foi concebida para demonstrar a evolução das técnicas de construção. Deveria ser desmontada e só não foi porque se percebeu que poderia transmitir ondas de rádio. Hoje é um dos principais pontos turísticos da capital francesa.O autor
De família pobre, HenriRousseau nasceu em Laval, no Vale do Loire, na França. Nunca estudou arte. Aos 19 anos, trabalhando num escritório, foi acusado de roubo e cumpriu pena de um mês. Passou um ano no Exército e, depois, tornou-se fiscal da alfândega de Paris, o que lhe rendeu o apelido de Le Douanier (o aduaneiro). Começou a pintar e expor com mais de 40 anos. Dos sete filhos que teve com a primeira mulher, Clémence, cinco morreram de tuberculose. Para viver, tocou violino na rua e deu aulas de pintura. Condenado por estelionato em 1909, obteve suspensão da pena. Aparentemente foi logrado. Morreu aos 66 anos.