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Etimologia

por <b>Deonísio da Silva</b>* Publicado em 29/01/2010, às 21h11 - Atualizado em 09/02/2010, às 12h14

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Etimologia
. Buzina: do latim bucina, buzina, trombeta. É item dos veículos motorizados, que aumenta a poluição sonora, pois raramente é acionada para advertências indispensáveis. Buzina muito apreciada no Brasil foi a usada por José Abelardo Barbosa, o Chacrinha (1916-1988), para afugentar calouros medíocres na televisão. Chacrinha: de chacra, acrescido do sufixo "inha", menos o "a" final, designando roda de conversas informais, feitas em grupos de amigos, colegas ou de simples conhecidos. A palavra que lhe deu origem, chacra, que se consolidaria na língua culta como chácara, veio do quíchua chacra, horta, quintal, depois pequena propriedade nos arredores urbanos, cultivada por caseiro e familiares que ali residem, própria para descanso dos donos em fins de semana e feriados. Chacrinha passou a identificar o animador de auditório, após O Rei Momo na Chacrinha, que ele apresentava na Rádio Clube de Niterói (RJ), emissora que funcionava numa chácara, chegando ao auge na televisão com Discoteca do Chacrinha e Cassino do Chacrinha. Datiloscopia: do francês dactyloscopie, datiloscopia, exame das impressões digitais, palavra formada do grego dáktylos, dedo, que no latim se tornaria digitus, e scopie, de skopéo, olhar com atenção, examinar. Designa sistema de identificação baseada no exame das impressões digitais. Ensandecido: de ensandecer, verbo formado pelo prefixo "en", o radical "sandec" e o sufixo "ido". Ensandecer procede de sandeu, do espanhol sandío, louco, vindo da exclamação abreviada de "Santo Diós", "Santo Deus", proferida com piedade, súplica ou repulsa diante de transeuntes doidos, que vagavam pelas ruas na Península Ibérica, cujos territórios foram durante muitos séculos palco de guerras, lutas fratricidas, perseguições religiosas e gente abandonada à própria sorte, como poucos outros, sobretudo com a vigência da Inquisição e com o ciclo das navegações. Muitas vezes a loucura foi o destino de milhares de pessoas - viúvas, órfãos, como diz Fernando Pessoa (1888-1935) em Mar Português: "Ó mar salgado, quanto do teu sal/ São lágrimas de Portugal!/ Por te cruzarmos, quantas mães choraram,/ Quantos filhos em vão rezaram!/ Quantas noivas ficaram por casar/ Para que fosses nosso, ó mar!". "Fanático ensandecido" aparece no artigo do professor Paulo de Souza Ideologia Marxista em Seara Vermelha, de Jorge Amado, do livro Miradas Literárias: Leitura de Textos Brasileiros, organizado por Enaura Quixabeira Rosa e Silva (66): "Nem mesmo ao beato Estevão, um fanático ensandecido, tal fato escapa. Na lógica de pensamento dessa personagem do romance, como o Manifesto Comunista preconiza, os trabalhadores rurais precisavam destruir o modo de produção capitalista, e não tinham nada a perder com isso". E no artigo Fanáticos Ensandecidos, de Alberto Dines (77): "A Opus Dei aproveitou para fazer onda contra o item que reforça o Estado laico e proíbe símbolos religiosos dentro - repito dentro - de prédios públicos. De repente, o que parecia um debate racional converteu-se em cruzada ensandecida e fanática". Modinha: de moda, do francês mode, moda, costume, vestuário, cuja origem remota é o latim modus, modo, medida. Acrescido do sufixo "inha", menos o "a" final, veio a designar poesia de salão, inspirada na ária da ópera italiana. Depois de 1850, porém, a modinha transformou-se em cantiga popular, acompanhada de violão, em que predominava o humor, no início, vindo depois a tristeza, sobretudo no interior do Brasil, com a moda de viola. Com a marcha, deu-se algo parecido, evoluindo para a marchinha, com a diferença de que a tônica mudou para a alegria, o festejo, a crítica bem-humorada ou cáustica dos costumes. Sapatão: de sapato, do turco cabata ou do basco zapata, mas que chegou ao português por intermédio do espanhol zapato, sapato. Sapatão era apelido dos portugueses ao tempo das guerras da Independência, mas depois passou a designar a lésbica. A marchinha Maria Sapatão tornou-se sucesso nacional e um dos bordões dos programas do Chacrinha. "Maria Sapatão, Sapatão, Sapatão/ De dia é Maria/ De noite é João/ O sapatão está na moda/ O mundo aplaudiu/ É um barato, É um sucesso/ Dentro e fora do Brasil".