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Espera-se que a Justiça ponha os bandidos atrás das grades, do latim...

...crates, caniço, ou seja, na prisão. Mas às vezes inocentes pagam o pato â¬" palavra de origem onomatopaica, que imita som ligado à coisa significada â¬" e são responsabilizados no lugar dos reais culpados.

Deonísio da Silva Publicado em 15/02/2007, às 11h39

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Deonísio da Silva
Deonísio da Silva
Adormecer: do latim adormiscere, adormecer, também origem remota de dormir, dormitório, dorminhoco. São recomendadas oito horas diárias de sono para o homem, o que equivale a passar dormindo um terço da existência, mesmo tempo de sono necessário ao porco. O bicho-preguiça dorme muito: 20 horas diárias. O leão e o gato dormem 15 horas, o cachorro e o golfinho, dez, o morcego, 19, o rato, 13. Entre os que dormem menos, a campeã é a baleia, com apenas uma hora de sono por dia, seguida pela girafa, que dorme duas. O cavalo dorme três horas, quase sempre em pé, e o boi, quatro, mas prefere fazê-lo deitado. As moscas nunca dormem no único dia de sua existência. Já o albatroz dorme voando, sustentado pelo vento. Bilhete: do francês billet, bilhete, do feminino billete, bolinha, radicado no latim bulla, esfera, bola, porque era redonda a marca posta em mensagens, funcionando como selo de autenticação. A origem de bula é semelhante porque as indicações vinham escritas em documento que acompanhava o frasco e tinha um selo de chumbo pendente. Os papas utilizaram bulas para governar, autenticando-as com um duplo selo: no verso, efígies de São Pedro e de São Paulo, no anverso, a efígie do papa que a escrevera. Jânio Quadros (1917-1992) utilizou bilhetes para governar o Município de São Paulo, de que foi prefeito por duas vezes, o Estado de São Paulo, de que foi governador, e o Brasil, quando foi presidente por oito meses. Como alguns destinatários não levassem a sério os bilhetinhos, o então governador de São Paulo despachou mais um, no qual dizia: "Essas papeletas não são brincadeira! Os servidores as cumprem à risca, ou puno todos, sem qualquer exceção, um a um". Contágio: do latim contagium, contágio, transmissão de estados emocionais, capacidade de influenciar, embora seu sentido mais usual seja pejorativo: transmissão de doenças por contato. Contágio tem raiz semelhante à de palavras como contato e contíguo, que significa vizinho. O verbo tangere, tocar, tem a mesma raiz. Muito antes de ser conceito médico ou psicológico, a idéia de contágio já estava presente na concepção mágica do mundo, na forma de simpatias e feitiços, significando que é possível fazer o bem ou o mal a alguém por meio de sua roupa, pedaços de unha, fios de cabelo. Na feitiçaria, faz-se um boneco de trapos representando a pessoa e espeta-se o arranjo com agulha, com o objetivo de feri-la. O pior é quando o feiticeiro inventa de livrar o malefício contraído por esse estranho contágio mediante camaçada (surra) de pau no cliente. Outro tipo de contágio, de natureza estética, é assim definido pelo dramaturgo pernambucano Nelson Rodrigues (1912-1980): "Amigos, eu gosto muito de falar de mim mesmo. Sempre que conto uma experiência pessoal, sinto que nasce, entre mim e o leitor, toda uma identificação profunda. É como se, através de meu texto, tocássemos um imaterial aperto de mão". Grade: do latim crates, caniço, vara. A expressão "atrás das grades" tem origem na imagem das janelas do cárcere, de onde se vê o Sol "nascer quadrado" por força dos ferros que têm o fim de evitar a fuga dos presos. Carcer, em latim, designa a barreira que delimitava a pista onde corriam bigas ou quadrigas, pequenas carroças de duas rodas puxadas por dois ou quatro cavalos. Vários escritores brasileiros experimentaram a perda da liberdade atrás das grades, entre os quais Graciliano Ramos (1892- 1953), por nove meses, Jorge Amado (1912- 2001), por vários meses, em diferentes ocasiões, Monteiro Lobato (1882- 1948), por três meses, Rachel de Queiroz (1910- 2003), por três meses, e Paulo Coelho (59), por um mês, entre outros. Pato: de origem onomatopaica, isto é, que imita um som associado à coisa significada, caso também de murmúrio, sussurro, cicio, chiado, mugir, pum, reco-reco, tique-taque. O pato está presente em expressões como "pagar o pato" (ser responsabilizado pelo que não fez) e "patomanco", o político que está no poder, mas já não manda muito, como no caso do último ano de exercício de presidentes, governadores e prefeitos. Pato é também o apelido da mais recente revelação do futebol brasileiro, Alexandre Pato, de apenas 17 anos, campeão mundial pelo Internacional de Porto Alegre e sul-americano pela seleção brasileira sub-20, no Paraguai. Sapato: de origem controversa, provavelmente do turco ou do basco, chegou ao português pelo espanhol zapato, indicando peça de vestuário usada para proteger os pés. O critério para determinar o número que se calça remonta a 1305, quando o rei inglês Eduardo I (1239-1307) decidiu que uma polegada media 3 grãos de cevada alinhados. Os sapateiros adotaram, então, a medida do grão. Um sapato de número 37, por exemplo, era o que media 37 grãos em fila. Mas depois surgiram outros padrões e hoje os países não se entendem quanto à numeração de calçado. Para os femininos, o número 38 no Brasil equivale ao 40 na Europa e ao 9 nos Estados Unidos. Para os masculinos, o 38 no Brasil é o 40 na Europa e o 6 e 1/2 nos Estados Unidos