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Comitiva, grupo de pessoas que acompanham alguém importante, veio...

...do latim medieval comitiva. E megarrebelião, como a que ocorreu recentemente em São Paulo, formou-se do grego mega, grande, e rebelião, do latim rebellione, declinação de rebellio, revolta.

Deonísio da Silva Publicado em 01/06/2006, às 16h36

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Deonísio da Silva
Deonísio da Silva
Comitiva: do latim medieval comitiva, derivado de comitis, genitivo de comes, acompanhante, companheiro, pelo italiano comitiva, conjunto de pessoas que acompanham personagem importante. Nas visitas ao exterior, os chefes de Estado costumam levar uma comitiva de ministros, secretários, assessores e convidados especiais. A maior comitiva da história do Brasil foi a que acompanhou dom João VI (1767-1826), em 1807, quando fugia das tropas de Napoleão Bonaparte (1769-1821), que tinham invadido Portugal. As cerca de 10 000 pessoas chegaram ao Rio de Janeiro no dia 7 de março de 1808. A esquadra encantou a população de 50 000 habitantes. Era composta de 21 navios, oito naus, três fragatas, dois brigues, uma escuna e uma charrua. O rei desembarcou de roupa nova, de tecido inglês, ostentando na mão direita uma bengala com castão de ouro. A rainha veio de vestido rodado, enfeitado por trepamoleque de safiras. Incompatibilidade: de compatível, de compatibile, declinação do latim medieval compatibilis, cuja raiz está presente também em simpatia e antipatia. A incompatibilidade de gênios tem servido com argumento na dissolução de casamentos, especialmente em processos de divórcio. A Igreja considera o casamento indissolúvel, ainda que, mesmo nas casas reais, tenham existido notórias incompatibilidades. Um exemplo é a sofrível convivência de dom João VI e da rainha Carlota Joaquina (1775-1830). Eles viajaram em naus separadas quando vieram para o Brasil e há suspeitas de que a rainha tenha colocado arsênico nas laranjas que ele muito apreciava como sobremesa. Historiadores relatam que o casal se encontrava pouco. Ainda assim ela teve nove filhos. Línguas maldosas atribuíram vários deles a outros pais. O príncipe regente - ele se tornaria rei em 1815 - ficou na cidade mais alegre do mundo até 25 de abril de 1821, mas foi sempre silencioso e triste. Governante justo e prudente, todos simpatizavam com ele. Conhecido comilão, adorava frango assado. Diz-se que comia três no almoço e três no jantar, exceto quando estava ainda mais esfaimado: então devorava nove, levando alguns pedaços para comer em seus passeios e idas ao teatro. Megarrebelião: do grego mega, nominativo neutro do adjetivo mégas, grande, e rebelião, do latim rebellione, declinação de rebellio, rebelião, revolta. Designa rebelião de proporções descomunais, como a que explodiu em várias regiões do Brasil, com epicentro no Estado de São Paulo, nos dias 13 e 14 de maio. Deflagrada pela organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), que,de dentro dos presídios, deu ordem a bandidos soltos para que atacassem postos policiais, matassem soldados, inclusive bombeiros, e incendiassem ônibus, causou pânico na sociedade. A raiz latina "bel", de bellum, guerra, está presente em outras palavras da língua portuguesa, como bélico, beligerância e debelar. Megarrebelião aparece neste texto do cronista Paulo Sant'Anna (67), no jornal Zero Hora, de Porto Alegre, de 15 de maio último : "Quando me dei conta da extensão da megarrebelião dos presos de São Paulo, que a estenderam para as ruas num banho de sangue incomparável, lembrei-me de um dístico que lia todos os dias no frontispício de um pórtico que havia e talvez ainda haja num templo positivista da Avenida João Pessoa, na calçada oposta à do antigo Cinema Avenida: 'Os vivos serão sempre e cada vez mais governados pelos mortos'." E, parodiando a lembrança, o autor acrescenta: "Mas o dístico positivista (...) bem que poderia ser substituído por este: 'Os homens livres serão sempre e cada vez mais dominados pelos presidiários'." Roteiro: de rota, do francês antigo route, caminho, elipse do latim via rupta, estrada aberta, que rompeu a mata, pois romper veio de rumpere, da mesma raiz de rupta. A palavra rota significou originalmente o caminho que o barco abria nas águas e o arado na terra, ao fazer os sulcos, porém se consolidou como itinerário. Sendo indispensável descrever o trecho percorrido surgiu a palavra roteiro para designar a descrição minuciosa que permitia identificá-lo, incluindo acidentes geográficos de regiões costeiras, ilhas, ventos, marés, aos quais foram acrescentadas depois as menções a faróis e cidades litorâneas, enfim tudo o que era necessário para realizar de novo a mesma viagem marítima. O processo repetiu-se nos caminhos terrestres, com indicação de rios, vales, montanhas, arvoredos. Por metáfora, roteiro designa o texto que desenvolve o argumento de um filme, vídeo, novela, programa de rádio ou televisão e peça teatral, que é dividido em planos, seqüências e cenas, com indicação de quem (personagem) diz (diálogos) ou faz (ação) algo e onde (cenários). A palavra roteiro aparece pela primeira vez em A Vida de Dom João de Castro, de Jacinto Freire de Andrade (1597-1657). Dom João (1500-1548), que foi vice-rei da Índia, certa vez precisou empenhar os ossos do filho, além da própria barba, para obter um empréstimo.