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Apesar do tamanho de seu território, o Brasil tem apenas uma língua oficial, do latim officialis, a portuguesa...

...Esta, por sua vez, possui palavras formadas também do tupi, como piranha, de pi'ra, peixe, e ãya, com dente. Piranha já está em várias outras línguas.

Deonísio da Silva Publicado em 16/01/2008, às 17h28

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Deonísio da Silva
Deonísio da Silva
Cartola: alteração de quartola, do latim quartus, quarto, quarta parte de alguma coisa. Quartola era a quarta parte do tonel. No tonel-padrão cabiam originalmente 957,6 litros, mas, com o tempo, vinhateiros e navegadores passaram a usar tonéis bem maiores. O chapéu masculino, de aba estreita e copa alta e cilíndrica, utilizado em solenidades, passou a ser assim designado por semelhar-se com a medida de líquidos. Depois de adotada por gente de hábitos refinados e de prestígio nas cortes, o povo, por deboche, passou a usar o mesmo tipo de chapéu nas diversões, sobretudo nos circos. A ironia chegou aos dias de hoje, pois cartola indica também o dirigente de clubes esportivos, especialmente de futebol, que usa o cargo para ganhar prestígio, poder e dinheiro nas transações que envolvem os jogadores. A cartola deu origem ao chapéu de coco, por influência do nome de William Coke (1754- 1842), um nobre de Leicester, na Inglaterra, que encomendou a seu chapeleiro, o senhor Bowler, um chapéu mais baixo, pois em cavalgadas e caçadas os galhos das árvores derrubavam sua cartola. Na Inglaterra, esse chapéu é chamado bowler e billycock. Falcatrua: de origem controversa, talvez do longobardo falkan, roubar, ligado ao antigo alto alemão falgan, subtrair. Pode ter havido influência do latim falcis, genitivo de falx, foice. Já o francês truand, mendigo, designa também o ladrão, o rufião e o cáften, talvez com influência do gaulês trugant, infeliz. Jornalistas que ousam denunciar falcatruas praticadas por abastados, que podem pagar regiamente seus advogados com a riqueza derivada de atos ilícitos, costumam ser levados às barras dos tribunais, como é o caso de Juca Kfouri (57), notório desafeto de alguns cartolas. Oficial: do latim tardio officialis, oficial, radicado em officium, contração de opificium, palavra formada a partir de opus facio, faço a obra, designando dever, obrigação. O étimo é origem comum de outras palavras semelhantes, como oficina, do latim officina, mas escrita opificina pelo romano Plauto (cerca de 254-184 a.C.). Como adjetivo de dois gêneros, oficial é tudo aquilo que é proposto por instância legal ou que dela emana. Nosso país é o único de tais dimensões com apenas uma língua oficial. O Paraguai é bilíngüe: são aceitos oficialmente o castelhano e o guarani. A Suíça, cuja língua nacional é o romanche, é plurilíngüe, aceitando como oficiais o francês, o italiano e o alemão. No Brasil há municípios que, sem ferir a Constituição - que determina ser a língua portuguesa o idioma oficial da República Federativa do Brasil -, adotam outras línguas co-oficiais (a palavra "cooficial" ainda não está nos dicionários). Este é o caso de São Gabriel da Cachoeira, município do Amazonas, que desde 11 de dezembro de 2002, pela Lei 145, adotou como oficiais, além do português, o nheengatu, o tukano e o baniwa. Nas Antilhas Holandesas se pode ver num azulejo a mostra de um Pai-Nosso em papiamento, língua crioula de base espanhola, com influências do português e do holandês, que os espanhóis jamais tornaram oficial. A oração era rezada assim: "Nos Tata cu ta na cielo, bo Nomber sea santifica, laga bo Reino bini na nos, bo boluntad sea haci na tera como na cielu. Duna nos awe nos pan di cada dia, i pordona nos nos debe, mescos cu nos ta pordona nos deberdonan e nos laga nos cai den tentacion, ma libra nos di malu". Já em Timor Leste, são oficiais o português e o tétum, mas o inglês e o indonésio, conhecido por bahasa, são aceitos como línguas de trabalho. Piranha: do tupi pi'ra, peixe, e ãya, com dente, peixe com dente. É o nome que se dá a peixes fluviais carnívoros, conhecidos pela voracidade com que atacam animais e pessoas, em especial se feridos. Como os índios utilizam os dentes da piranha como utensílio doméstico e ornamento, também o prendedor de cabelo é chamado piranha. Por influência de uma dança de roda infantil em que uma das crianças, quando posta no meio do grupo, deve fazer o que as outras mandam, piranha passou a designar também a mulher volúvel, que mantém, por interesse, relações sexuais com vários homens. No caso da brincadeira infantil, terá prevalecido a submissão como elemento que forçou o significado, já a vítima de cardume de piranhas não tem saída. A palavra piranha foi levada a várias outras línguas e hoje está presente no inglês, no francês, no alemão, no italiano, no espanhol, no holandês e no islandês.