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Etimologia

Adjetivo muito usado para qualificar as tecnologias modernas, uma substituindo a outra rapidamente, obsoleto veio do latim obsoletus, ultrapassado. Também muito usado, pelo aumento do número de obesos, rechonchudo tem origem no espanhol choncho, gordo.

por Deonísio da Silva* Publicado em 06/06/2011, às 17h42

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Atrás: do latim ad, para, e trans, além, designando o lado oposto à face, nas pessoas, e ao focinho, nos animais, de onde migrou para indicar também o que aconteceu antes. Está presente em diversos contextos, de que são exemplos: esse modelo de carro tem o motor atrás, esse outro apresenta o motor na frente; tempos atrás não se falava nisso. O verso do cantor e compositor baiano Raul Seixas (1945-1989) "eu nasci há dez mil anos atrás" duplica e reforça a indicação de que o acontecimento se deu no passado, com "há" e "atrás". Na frase "ele voltou atrás e mudou de opinião", a ideia de recuo está igualmente duplicada: voltar já indica ir para trás. Com o sentido de lugar e movimento, aparece nestes versos do compositor baiano Caetano Veloso (68): "Atrás do trio elétrico/ Só não vai quem já morreu/ Quem já botou pra rachar/ Aprendeu que é do outro lado/ Do lado de lá do lado/ Que é lá do lado de lá". Curiosidade: do latim curiositate, declinação de curiositas, do mesmo étimo de curare, cuidar, e cura, cuidado. Está presente em expressões como "a curiosidade matou o gato". A frase traz uma advertência sinistra e surgiu nos tempos medievais. Supersticiosos achavam que os gatos eram demoníacos e deveriam ser caçados e mortos. Armadilhas eram preparadas para pegá-los. Curiosos, iam bisbilhotar e morriam. Os ingleses têm outra explicação e dizem que na frase a palavra "cat", que designa o gato ou a gata, refere a mulher licenciosa ou maliciosa, cuja curiosidade lhe é prejudicial. Lencinho: do latim linteum, pronunciado linceum no latim vulgar, pela escrita linteum, designando um pedaço de pano para cobrir a cabeça. Quando ele passou a ser carregado na mão, no bolso do paletó ou das calças, em tamanho reduzido, o diminutivo ganhou autonomia para indicar aquele tipo de lenço. No inglês handkerchief, o caminho foi um pouco mais complicado. O étimo "ker" procede do francês antigo couvrir, cobrir; chief, chefe, tem também o sentido de cabeça; o costume de várias religiões exigirem que a mulher cubra a cabeça em determinados ambientes fez com que levassem o lenço na mão, hand em inglês, completando a esquisita palavra handkerchief, que passou a designar o lenço com que cobriam os cabelos, e depois o lenço de mão, em tamanho menor. Como nas festas o gesto de atirar o lenço a um homem era sinal de admiração ou interesse em namoro, jogar o lenço passou a sinônimo de dar preferência. Obsoleto: do latim obsoletus, estragado pelo uso, deteriorado, esquecido. Passou a designar coisa fora de lugar, que não serve mais, anacrônica, antiquada, ultrapassada. É adjetivo muito usado para qualificar as tecnologias modernas, pois muitas delas são esquecidas rapidamente por caírem em desuso, substituídas por outras, que logo terão o mesmo destino. No conto A Sereníssima República, do escritor carioca Machado de Assis (1839-1908), o personagem narrador, comparando formas de governo, opta pela República e diz: "Nada me pareceu mais acertado do que uma república, à maneira de Veneza, o mesmo molde, e até o mesmo epíteto. Obsoleto, sem nenhuma analogia, em suas feições gerais, com qualquer outro governo vivo, cabia-lhe ainda a vantagem de um mecanismo complicado". Rechonchudo: do espanhol choncho, gordo, antecedido do prefixo "re", como duplicação, fez-se rechoncho, muito gordo, mais o sufixo "udo", característico de terminações semelhantes, como em cabeludo e barbudo, indicando quantidade ou tamanho avantajado. Apesar de modernamente a estética dominante rejeitar gordos e gordas, eles já foram e são personagens de grandes pintores, como o francês Pierre-Auguste Renoir (1841-1919), e o colombiano FernandoBotero Angulo (79). Se: do latim si, indicando conjunção, escrita do mesmo modo que o pronome "se". Introduz uma oração que é condição da que lhe segue. Reza a lenda que a fama de brevidade dos lacônicos, como eram chamados os espartanos que habitavam a região da Lacônia, nasceu da resposta que deram à ameaça de Felipe da Macedônia (382-366 a.C.): "Se eu entrar na Lacônia, jogo por terra os lacedemônios". Seus magistrados responderam: "Se". Segundo Plutarco (46-126), o motivo da famosa concisão dos habitantes era outro: tinham sólida formação militar e portanto o principal era ouvir as ordens e cumpri-las; por isso, desde cedo o silêncio foi estratégico para a educação deles.