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George Clooney acha que não está pronto para casar. Mas quem está?

por <b>Paulo Sternick</b>* Publicado em 30/11/2009, às 15h26 - Atualizado em 03/12/2009, às 12h07

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George Clooney acha que não está pronto para casar. Mas quem está?
George Clooney acha que não está pronto para casar. Mas quem está?
O ator George Clooney (48) declarou recentemente que não estava pronto para se casar. Ele próprio reconheceu que a afirmação não soava muito engraçada na sua idade. Na verdade, Clooney até já se casou uma vez - com a atriz Talia Balsam (50). Mas isso foi 20 anos atrás, e a união durou menos de quatro anos. Pouco depois da separação, ele chegou a apostar com a atriz Michelle Pfeiffer (51), sua amiga, que jamais se casaria de novo. Sua atitude lembra os célebres chavões sobre o casamento - coisas do tipo "casar uma vez é tolice, casar duas vezes é loucura" e outras máximas que ignoram as singularidades. De fato, muita gente se aproveita dos próprios infortúnios ou de histórias sobre brigas e separações de outros para justificar sua aversão ao casamento. Como se cada casal não fosse capaz de escrever uma história própria. Mas Clooney tem certa razão. Não há dúvida de que, numa união, as armadilhas estão sempre à espreita, como se uma lógica da deterioração exercesse um direito prévio, impondo-se mesmo contra o maior dos esforços em manter o casal unido. Será que se poderia aplicar ao casamento a paradoxal frase da escritora Marguerite Yourcenar (1903-1987), de que o destino dos construtores é o de provocar, a longo prazo, desmoronamentos? Pode ser, mas não caiamos no pessimismo. Antes de uma relação ruir, muita coisa pode ser vivida e desfrutada, sendo o desejo de eternidade uma ambição desmedida; além disso, ao estarem conscientes das ciladas que uma relação reserva, os parceiros podem se prevenir e tentar preservar a sua união - se não para sempre, ao menos até o limite da possibilidade. Antes de ser ingênuo ou fantasioso, o amor é parceiro do conhecimento, aliado da lucidez, inimigo da mentira e da deslealdade. O verdadeiro amor seria mesmo filosófico, como já disse o filósofo francês Marcel Conche (87), porque dele fazem parte "a meditação a reflexão sobre a vida, com a consciência de sua significação e da sua importância". Assim, é preciso que o casal esteja a par de que, no íntimo de cada um, há um lado a favor da união e de que este lado precisa ser fortalecido para lutar contra o outro, que está sempre pronto a destruí-la. Vale a pena verificar, por exemplo, se o parceiro é sentido como cúmplice dos desfrutes da vida e aliado na procura da satisfação mútua ou como castrador da liberdade, censor de desejos. Os ganhos do estar junto precisam ser vivenciados como superiores aos prejuízos inerentes a toda união, à sensação de perda, diluindo assim, entre outras coisas, os fantasmas das pessoas excluídas das possibilidades eróticas. Os riscos de a união azedar, porém, sempre rondam. O psicanalista francês Charles Melman (77) chega a falar da relação entre os sexos como "uma guerra mundial, a guerra cotidiana cujas armas são terríveis e destruidoras, em que a indústria do armamento trabalha dia e noite". Mais espantoso que a afirmação de Clooney, portanto, é ouvir gente dizendo que está, sim, pronta para se casar. Será? Ainda que o vestido de noiva esteja alinhavado, a festa organizada e a lua-de-mel programada, poucas vezes os noivos se prepararam de verdade para os desafios do viver a dois. E nem há como fazê-lo - de modo concreto e antecipada -, porque não existem fórmulas mágicas que favoreçam o crescimento emocional necessário ao bom êxito da união.