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TV / ROTEIROS!

Roteirista Renata Di Carmo fala sobre trabalhar com séries de comédia e drama: “Gosto do desafio”

A roteirista Renata Di Carmo trabalhou em produções de comédia como o programa “Humor Negro” no Multishow, e em séries dramáticas como “Torto Arado”

Oscar Nucci, sob supervisão de Gustavo Assumpção

por Oscar Nucci, sob supervisão de Gustavo Assumpção

onucci@caras.com.br

Publicado em 11/10/2023, às 12h24 - Atualizado às 14h49

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A roterista Renata Di Carmo comentou sobre os desafios de adaptar um livro como "Torto Arado" - Foto: Adri Lima
A roterista Renata Di Carmo comentou sobre os desafios de adaptar um livro como "Torto Arado" - Foto: Adri Lima

Renata Di Carmo ingressou como roteirista na Globo quando tinha apenas 18 anos, como uma das primeiras mulheres negras a fazer parte de salas de roteiristas. Hoje, já tendo trabalhado em produções cômicas e dramáticas, ela se lembra das dificuldades vividas na época em que ingressou no mundo da escrita para TV.

Era um outro mundo em termos de diversidade, de equidade. Muitas das discussões que a gente tem hoje, a gente não tinha na época. Era uma televisão muito diferente da que a gente tem hoje. Eu acho que foi um processo muito longo, por eu ter começado cedo e por ter sido na década de 90. Você fica muito isolado, sem pares e tem que se desdobrar muito”, relatou.

Após anos de carreira e diversos projetos, a ideia de um novo programa de humor chegou às suas mãos e chamou sua atenção. O programa “Humor Negro” surgiu de um especial que reuniu diversos comediantes negros. Para juntar dramaturgia com o stand-up feito por esses humoristas, Renata fez uma pesquisa de campo: “Observar muito o material dessa galera na internet, eu fui em alguns shows deles também. Então eu captava ali por onde eles transitavam, quais eram os temas, o estilo de cada um. Em cima disso fazia uma junção com as temáticas de cada episódio”.

A junção do roteiro com o talento dos humoristas escalados para “Humor Negro” rendeu bons frutos para o programa. A série de comédia foi indicada na categoria “Melhor Programa de Humor” em uma premiação que celebra a televisão da América Latina. “Me pegou de surpresa. Acho que pegou todo mundo da equipe de surpresa, porque é um prêmio que engloba vários produtos da televisão latina e o ‘Humor Negro’ tinha estreado há muito pouco tempo”, celebrou Renata.

Porém, para além do humor, Renata também trabalha em produções mais dramáticas. Recentemente, a roteirista escreveu uma adaptação televisiva do livro “Torto Arado”. “E não é qualquer livro”, ressalta ela, rindo. De fato, o romance escrito por Itamar Vieira Júnior foi vencedor do Prêmio Jabuti em 2020.

A gente pensou muito num processo de respeito ao livro. A gente não queria fazer uma adaptação que escapasse totalmente do livro, as personagens são muito boas, né? Mas, ao mesmo tempo a gente queria expandir algumas tramas, queríamos expandir esse universo”, comentou a roteirista que viajou para a Chapada da Diamantina, onde o livro se passa, para entrar nesse universo do livro. A adaptação de “Torto Arado” irá ao ar pelo streaming HBO Max, mas ainda não tem data de estreia.

Outro trabalho dramático de Renata, ainda sem previsão de estreia, é uma série sobre a Chacina da Candelária, um caso real em que oito meninos em situação de rua foram assassinados por policiais a paisana em 1993. O processo de escrita para uma série como essa, que estará disponível na plataforma de streaming Netflix, é diferente ao de “Torto Arado” ou “Humor Negro”.

Foi um processo longo. O que muda é ter um cuidado muito grande com a questão real, com o que aconteceu, por ter sido algo bárbaro que aconteceu. A gente já tinha muitos relatos, muitas matérias sobre o que aconteceu. O desafio é o que a gente quer contar e como a gente quer contar”, pontuou a roteirista, revelando que a abordagem escolhida foi focar nos meninos e meninas de Candelária.

Renata ainda analisou as diferenças entre escrever um roteiro para comédia e para drama: “O humor é muito difícil porque demanda uma série de coisas, você tem a piada, tem o ritmo que você tem que imprimir. É uma orquestração toda, uma dinâmica toda muito própria e muito específica”.

Eu sei que não tem tanta gente escrevendo humor e drama. Eu fiz esse caminho e tenho mesclado, quando considero os projetos interessantes, tenho mesclado programas que são projetos de comédias e séries mais grandiosas que envolvem pesquisa e imersão muito grande. Gosto desse desafio, de estar sempre me estimulando em lugares diferentes”, concluiu a roteirista.