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TV / NOVA NOVELA

Análise: 'Verão 90' empolga com nostalgia e apresenta mundo mais desconectado aos jovens

Ao mesmo tempo em que relembra a década pop, traz para os mais jovens a noção sobre como era viver em um tempo em que ainda não havia internet e celular

Juliana Pio Publicado em 30/01/2019, às 15h06 - Atualizado às 15h12

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Nova novela das 19h, Verão 90, da Rede Globo - Reprodução/YouTube
Nova novela das 19h, Verão 90, da Rede Globo - Reprodução/YouTube

Ao som do hit eletrônico Pump Up The Jam, do grupo Technotronic, estreou nesta terça-feira, 29, a nova novela da TV Globo, Verão 90, que entrou no lugar de O tempo não para. O clima nostálgico proporcionado pela música, logo na abertura, acalentou os corações dos saudosos espectadores, principalmente dos que nasceram nas décadas de 1990 e 1980, que aguardavam ansiosos para relembrar momentos de uma época marcada pelo auge da cultura pop e início das novas tecnologias. 

Exibida no horário das 19h, a trama gira em torno dos personagens Manuzita (Isabelle Drummond) e os irmãos João (Rafael Vitti) e Jerônimo (Jesuíta Barbosa) que, após o término do trio infantil Patotinha Mágica, seguiram rumos diferentes na vida. Mas, alguns anos depois, em 1990, o destino resolve uni-los novamente.

A história começa mais precisamente em 1980, na cidade de Saquarema, a capital nacional do surfe, localizada na Região dos Lagos, no Rio de Janeiro, com os protagonistas ainda pequenos. Janaína (Dira Paes) chama os filhos, João e Jerônimo, para assistirem a um dos programas de auditórios mais famosos da televisão brasileira, o Cassino do Chacrinha que, na época, precisava de autorização da Censura Federal para ser exibido na TV, fato bem lembrado ontem. 

Além do velho guerreiro, apareceram no vídeo a célebre jurada Elke Maravilha e artistas que fizeram sucesso no programa, como Fábio Jínior, ainda bem novo, Roberto Carlos, Evandro Mesquita da Blitz, Sidney Magal e Joana.

Os detalhes na casa de Janaína transportaram o espectador direto para o túnel do tempo. Fotos impressas em quadros na parede, vitrola com discos de vinil, telefone de fio, garrafa de água com tampa colorida, poltronas com estampa, cristaleira e, claro, a antiga TV de tubo com antena parabólica e palha de aço na ponta para melhorar a imagem, são algumas das lembranças apresentadas no primeiro capítulo.

O figurino das personagens também rendeu comentários e muitas risadas. Homens com camisa de manga ¾, tecido leve e estampado, com os botões semiabertos à lá Agostinho Carrara, da Grande Família. Assim estava vestido, por exemplo, Ari (Pedro Henrique Lopes), assistente do programa Patotinha Mágica. 

Já as mulheres, com roupas de cintura alta, justas e coloridas, jaqueta de couro, meia arrastão, batom vermelho e penteados enormes. Durante a ginástica, o conjunto preferido da década, composto por collant, meia calça colorida e polaina, foi representado, por exemplo, na cena do ensaio de Manuzita ao lado da mãe Lidiana (Claudia Raia). 

Os papeis caíram como luvas para os protagonistas, tanto na fase infantil quanto na adulta. A atuação de Claudia Raia dispensou comentários. A atriz interpreta Lidiana, que no passado foi uma estrela da pornochanchada. Exagerada, alegre, autoconfiante e louca por fama, a personagem encantou o público e rendeu boas risadas. A trama ainda conta com nomes de peso, como Humberto Martins, Totia Meireles, Alexandre Borges e Claudia Ohana.

Ao longo dos quase 50 minutos de exibição, a novela trouxe diversas referências da década de 90. Os ajudantes de palco do Patotinha, por exemplo, caracterizados como cachorros, lembraram muito a Priscila da TV Colosso, programa infantil da mesma emissora exibido entre 1993 e 1997.  

Abertura e trilha sonora

Mas não só o mise-en-scène chamou a atenção. A escolha do posicionamento e movimentos de câmera, bem como a edição e enquadramento deixaram as cenas dinâmicas, com ritmo agradável, que, inclusive, podem ajudar a prender a atenção dos jovens, sem incomodar o público mais velho. 

A abertura é um exemplo, que merece até um capítulo à parte de comentários. Colorida, dançante e recheada de referências à cultura pop e aos anos em que se passam a trama. Além dos figurinos e danças temáticas, o vídeo também relembra o Pião da Casa Própria de Silvio Santos, o filme Baywatch, o videogame Atari, a fita cassete e as molas coloridas de brinquedos. É preciso assistir mais de uma vez para reparar em todos os detalhes, que são bastante divertidos. 

De emocionar também é a trilha sonora. Hits da época, que embalaram as danceterias lotadas de jovens dançando na mesma sintonia a antiga coreografia do passinho. Além de Pump Up The Jam (música de abertura), a novela exibiu faixas como Você (Tim Maia), Rio 40 graus (Fernanda Abreu) e Simply the best (Tina Turner). Mas o público ainda poderá conferir outros grandes sucessos nacionais e internacionais, como Uma noite e meia (Marina Lima), Óculos (Paralamas do Sucesso), Rhythm Of The Night (Corona) e Your Love (The Outfield).

Há quem já queira fazer uma lista no Spotify. Sinal de que a combinação do antigo com o novo dá certo, ao estimular a saudade de um tempo que se foi e a esperança de um futuro melhor. Sentimentos bem representados na estreia de Verão 90, que trouxe um clima de nostalgia para os mais velhos e mostrou aos jovens de hoje como era viver em um tempo em que ainda não havia internet e celular.

Fica agora o desafio para as autoras Izabel de Oliveira e Paula Amaral de continuarem na mesma linha que, ao que parece, será sucesso. E, em se tratando de Jorge Fernando, que comanda a direção artística, o público certamente pode esperar muitas surpresas.