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Revista / Entrevista

Maria Gal revela desejo de ser apresentadora: 'Quem sabe na Globo? (risos) Eu sonho alto'

No ar na novela Amor Perfeito, a atriz Maria Gal se orgulha de suas conquistas e batalhas pela igualdade racial: 'Falar o que eu penso com a minha voz é algo mágico'

Por Daniel Palomares Publicado em 31/07/2023, às 17h06

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Maria Gal em entrevista na revista CARAS - FOTOS: MARIANA QUINTÃO
Maria Gal em entrevista na revista CARAS - FOTOS: MARIANA QUINTÃO

De volta à Globo após dez anos, a atriz e produtora Maria Gal (47) colhe os frutos que tem plantado ao longo de sua carreira. Além de ser destaque na trama global das 6, Amor Perfeito, ela também se dedica às funções de apresentadora e empreendedora, já que é fundadora da Move Maria, produtora audiovisual focada em ampliar a presença negra na mídia. “Pessoas negras têm muito valor, é importante contar suas narrativas e memórias. O audiovisual tem uma imensa importância para a gente e é preciso trazer essa temática, não só na frente, mas por trás das câmeras também”, pontua Maria, em papo exclusivo com a CARAS, no Hotel Nacional, no Rio de Janeiro. Disposta a batalhar por seu espaço e sonhando alto com mais oportunidades, ela fala sobre protagonismo negro, representatividade e autoestima.

– Como tem encarado esse retorno à Globo? 

– Muito mágico e especial. Volto para a Globo depois de quase dez anos. Em 2013, fui para o SBT e o que era para ser apenas alguns meses acabou se transformando em vários anos. É muito impactante. Além desse tempo, temos a temática da novela. Metade do elenco negro, diretor negro, roteirista negro. Falar da equipe e do elenco é a cereja do bolo. Todo mundo quer fazer dar certo. Não é à toa que faz tanto sucesso. Tudo isso é reflexo desse lugar de parceria.

– Como vê este momento de protagonismo negro na TV?
– Demorou muito, era mais do que necessário. Como a gente ficou tanto tempo sem uma maior representatividade? É um momento que vem pela pressão da sociedade, dos próprios investidores. Muitas empresas, hoje, buscam essa igualdade. A questão do assassinato do George Floyd, em 2020, abriu um portal sobre esse tema. Acredito que seja só o início e precisamos de muito mais. Ainda não reflete a sociedade real brasileira. Cinquenta e seis por cento da população é negra e as mulheres negras são o maior bloco populacional. É o início de uma história necessária para o Brasil. O audiovisual tem uma imensa importância para a gente e é muito relevante que ele traga essa temática, não só na frente, mas por trás das câmeras também.

Maria Gal em entrevista na revista CARAS

– Você também abriu uma produtora focada na questão da representatividade, certo?
– É uma empresa que nasceu por essa falta de oportunidade. Eu sou uma mulher preta, retinta nordestina, nariz largo, lábios grossos, fora do padrão de mulher. Existe o colorismo: quanto mais traços afro, menos oportunidades no mercado de trabalho. Por conta dessa necessidade de trabalho, abri essa empresa para demonstrar o oposto do que vemos. Pessoas negras têm muito valor, é importante contar as suas narrativas, memórias. Nasce, então, a Move Maria. No ano passado, tivemos o talk show Preto no Branco para o grupo Band, em que fui showrunner e apresentadora. Tivemos números de audiência que nem imaginávamos. A missão da produtora é trazer não só essa representatividade, mas também audiência, agregar valor. Eu brinco que foi um programa de letramento racial disfarçado, para falar de racismo e finanças, racismo e mundo corporativo, racismo na publicidade...

– E como é ocupar esse lugar de exemplo e referência para outras mulheres negras?
– Parece fácil, mas é uma luta diária. Temos que convencer os investidores, os canais e as grandes empresas a se tornarem clientes. O retorno é o melhor possível. Nós vivemos por muito tempo o mito da democracia racial. Trazer à tona memórias de pessoas negras acaba ampliando a cultura das pessoas, o entendimento. O retorno é sempre fantástico. Pessoas que se inspiram em mim, que pensam em empreender. O retorno dos patrocinadores e investidores tambem é muito legal. O programa só foi possível porque alguém acreditou. Quando a gente produz, a responsabilidade é muito maior.

– Você pensa em seguir como apresentadora?
– Sempre fui uma pessoa muito curiosa. Gosto de ouvir histórias, de perguntar, mas nunca tinha levado isso profissionalmente. Sempre adorei improvisar. Ter produzido no ano passado esse programa despertou um lugar muito especial em mim. Acho que vai ter um momento de focar na versão apresentadora. Amo atuar, é maravilhoso poder dar vida a personagens diferentes, mas contar histórias e falar o que penso com minha própria voz é algo mágico.

Maria Gal em entrevista na revista CARAS

– Como você mantém a sua autoestima?

– Muita terapia e espiritualidade. A invisibilidade da mulher negra atinge muito a nossa autoestima. Não se ver desde a hora que acorda e liga o jornal ou se ver em estereótipos de ladrão, empregada doméstica, isso nos tira a liberdade de acreditar que você pode ocupar alguns espaços. Sou adepta de vários tipos de terapia. Medito todos os dias e mentalizo o quanto mereço estar na Globo.

– O que você sonha alcançar no futuro?
– Quero ampliar esse lugar da apresentadora, comandar programas de maior audiência, quem sabe na Globo? (risos) Eu sonho alto, sim, por que não? Quero comunicar para mais pessoas. É uma coisa que comecei a trilhar há pouco e que gosto muito. Tem tão poucas mulheres pretas retintas nessa função de apresentadora. Nós temos a maravilhosa Maju Coutinho, mas ainda falta mais. Quero também construir família. Tenho um relacionamento, quero ter um filho logo e ter uma familia maior.

Maria Gal em entrevista na revista CARAS

Maria Gal em entrevista na revista CARAS

Maria Gal em entrevista na revista CARAS

Maria Gal em entrevista na revista CARAS

FOTOS: MARIANA QUINTÃO; FIGURINO: @VANINHAASSESSORIA; LOOKS: @LIRITTYOFICIAL; MAKE: MICAELA RODRIGUES