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Autora de Joia Rara sobre audiência: "Fico triste que não teve a mesma aceitação"

Autora de Joia Rara ao lado de Duca Rachid, Thelma Guedes fala em entrevista exclusiva à CARAS Digital sobre sua rotina de trabalho e os motivos que fizeram com que a novela não tenha estourado no Ibope: "Não é uma novela solar"

CARAS Digital Publicado em 29/03/2014, às 13h15 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20

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Duca Rachid e Thelma Guedes - TV Globo / Divulgação
Duca Rachid e Thelma Guedes - TV Globo / Divulgação

Autora de Joia Rara em parceria com Duca Rachid, Thelma Guedes falou com exclusividade à CARAS Digital sobre sua rotina de trabalho e a trama, exibida na faixa das 18 horas na Rede Globo e que entra agora em sua semana final.

+ Thelma Guedes sonha com atriz em seus próximos trabalhos

Durante o bate-papo, a mestre em literatura pela Universidade de São Paulo e ex-colaboradora de Walcyr Carrasco falou com franqueza sobre os motivos que fizeram com que Joia Rara, apesar da indiscutível qualidade, não seja o mesmo sucesso de público de outros trabalhos da parceria com Duca, como a incensada Cordel Encantado. Veja os principais trechos da entrevista:

- Como é a sua rotina de trabalho?
Quando estou com novela no ar, minha rotina está envolvida com a novela praticamente o dia todo. Acordo às 7h, faço uma hora de trabalho físico com um personal. Depois vou para o flat de trabalho, onde me reúno com a Duca para, juntas, estruturarmos capítulo. Às 18h30, assistimos juntas a novela. Quando termina, volto pra casa para fazer a revisão de capítulo. Atualmente, como estamos caminhando para o final da novela, temos trabalhado separadas. Cada uma escaleta um capítulo em casa e manda para a outra revisar a escaleta e mandar para os colaboradores. Ficando em casa, conseguimos descansar um pouco mais, já que não perdemos tempo no deslocamento até o flat.

- Como você e a Duca dividem as cenas?
Eu e Duca escrevemos juntas a sinopse, decidimos juntas o que acontece na história, estruturamos juntas e revisamos separadas os capítulos, com as cenas escritas pelos colaboradores. Eventualmente escrevemos ou reescrevemos algumas cenas. É muito prazeroso escrever cena. Eu adoro. Mas no ritmo de novela, fica difícil... E é bom contar com o talento de outros escritores! Eles podem se dedicar integralmente a cada cena, enquanto nós podemos cuidar da visão do todo e do acabamento final dos capítulos.

- E quando há discordância a respeito dos rumos da história ou de algum personagem em específico, como resolvem?
São poucos os momentos de discordância, mas eles existem, claro. Temos que negociar... Ocorre muito que, quando uma não gosta muito da ideia da outra, tenta aproveitá-la de uma maneira melhor. Mas sempre conseguimos chegar a um consenso. Trabalho em dupla tem que ser assim.

- Vocês chegam a brigar por causa de trabalho?

Nós duas somos muito pró-ativas. Somos aquele tipo de pessoa que quer resolver tudo sozinha; que chama os amigos e paga a conta... Aquele tipo de aluna que na escola fazia o trabalho pros companheiros de grupo. Então já viu, né? A nossa briga sempre é do tipo: "Deixa que eu faço isso; deixa que eu escrevo; deixa que eu resolvo..." rsrsrs

- Pensa em escrever sozinha em algum momento?
Sim, penso. Mas não agora. Como tudo acontece na minha vida, as coisas que têm que vir, acontecem naturalmente. Eu não fico ansiosa. Trabalho super bem com a Duca. É muito bom ter uma parceira como ela!

- Como fica a vida pessoal enquanto se escreve uma novela?
Bem difícil. O trabalho é intenso e muito extenso. Por cerca de um ano, fico completamente absorvida pela novela. Eu me ausento, mesmo estando presente. Quando não estou no computador, estou no telefone falando de trabalho ou viajando pra reunião no Rio. Mas a família dá todo apoio! O marido, as filhas, netas, mãe, irmã, sobrinhas, todo mundo incentiva e dá suporte emocional. Sem isso, seria mais duro ainda.

- Há especulações de que o próximo trabalho de vocês será uma novela das 21h... 
Neste momento, estamos completamente focadas na novela que estamos escrevendo. Por enquanto, é apenas boato mesmo. Mas é verdade que, quando terminamos Cordel Encantado, apresentamos alguns projetos. Entre eles, havia um que era para as 21h. A natureza da história pede que ela seja exibida neste horário. Mas não temos nenhuma pretensão imediata, nem a emissora confirmou nada. Como eu já te disse, não costumo ficar ansiosa demais com o futuro. Se tiver que rolar uma novela às 21 horas, ótimo! Se não acontecer, ótimo também! O que vier, eu recebo com alegria e entusiasmo.

- Mas escrever para as 21h é um sonho de carreira?
Não é sonho não. Juro! Se eu tenho um sonho (e eu tenho...), é escrever minissérie, seriado e novela das 23 horas. Sonho em poder escrever uma novela com temas fortes, com liberdade para ir fundo nas questões; um trabalho mais curto, para poder caprichar mais e garantir mais qualidade artística. Adoro escrever novela. Mas sofro às vezes por ver uma trama, um personagem ou mesmo uma cena mal resolvida. E isso é inevitável num trabalho tão longo e que tem que ser escrito em tão pouco tempo.

- Há quem diga que Joia Rara faz sucesso com a crítica, mas não emplacou com o público. O que você acha que pode ter ocasionado isso?
Sei que pode soar falta de modéstia, mas tenho que falar a verdade. Acho Joia Rara uma novela muito boa, de muita qualidade em todos os aspectos. Uma pena que não tenha uma grande audiência, como nossos outros trabalhos (O Profeta, Cama de Gato e Cordel Encantado). Talvez seja muito séria para o horário, não sei. Mas acho linda e aborda temas importantes, de uma maneira profunda. Claro que eu fico triste sabendo que não teve a mesma aceitação das outras. Porque escrevemos para o público! Mas temos que encarar que nem sempre conseguimos atingir as pessoas com uma obra, né? É a vida!

- Mas você sente uma pressão para que os números de audiência sejam altos?

A maior pressão que sentimos vem de nós duas mesmo. Como disse antes, a gente escreve para o público. Pensamos nas pessoas. Claro que a crítica é importante, mas não é o nosso alvo principal. A gente quer que o telespectador se envolva com a nossa mensagem. E sinceramente não sei o motivo para que ela não tenha estourado no Ibope. Como já adiantei, pode ser que tenha sido a seriedade com que tratamos o tema. A novela é grave, passada numa época sombria. Não é uma novela solar. E está passando no horário de verão, durante um verão atípico. Nunca tivemos um verão tão quente! Mas não sei se foi isso. O sucesso é sempre um mistério. A nossa obrigação é dar o melhor. Mas nem sempre o que achamos ser melhor é de fato o melhor para o telespectador! Assim é! Este é o nosso desafio! E sempre será!