PRÊT-À-PORTER HIVER 2008/09 - PRADA

Madame Prada disse: "Eu ainda não entendo por que gosto de renda". Eeeeu? Nem um pouco. Ainda mais essa renda guipure, negra, pesada, lembrando... luxos de uma vovó quatrocentona, provavelmente. Ou então uma viúva riquinha (inconsolável até certo ponto...), tentando "se colocar" num coquetel do Rotary Club. Urgh! Definitivamente, não curto. Enfim, Miuccia surpreende sempre, com suas apostas contraditórias, feiosas/maravilhosas, mas que - sejam lá o que forem - acabam virando o hot de cada temporada. E, aiaiai, as mulheres ceguinhas-fashion de repente se transformam em menininhas que flutuam em vestidinhos-nuvens e se lambuzam com merengues "pecaminosos". Logo depois arrancam os tules e entram no rigor de um bom pulôver de cashmere masculino e de um supercapote cinzento, grisalho. Tempo vai, tempo vem, bate outro ataque de rebeldia e as coroas se transformam em ninfetas perdidas num bosque encantado. E... agora?? Aparece uma senhora de coque pesado na nuca, beauty severa, no mais louco estilo "rendas, arsênico e naftalina". Formas justas, animadas - de quando em vez - por uma basque de cetim empertigada. Um col de malha cor de pele, peso leve, aparece invariavelmente aquecendo (ou enforcando?) todos os pescocinhos das modetes. O que mais? No meio da procissão quase tétrica, de repente, alguns reflexos de bronze, algumas interferências alaranjadas e um bom coquetel de champanhe acorda um pouco umas & outras. Uma saia-trapézio sem forro exibe uma grande calcinha cor de pele por baixo, um "tique" das lingeries dos anos 1950. Só que... quem ainda não viu esse filme? Anyway, ainda que algo indecifrável (meio incômodo) paire no ar, o "poder" Prada (fatal?, dominador?, monacal?, envelhecedor??) acaba sempre ganhando ais & uis. E a imagem de um corpo quase nu, dentro de sua (perversa?) gaiola de renda, promete viver grandes noitadas. Vamos lá, queridinha, circulando, circulando...