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O DIVERTIDO E COLORIDO UNIVERSO DE VERA HOLTZ

EM CASA, CERCADA POR PEÇAS DE ARTE, ATRIZ AVALIA SUA TRAJETÓRIA, RELATADA EM RECENTE BIOGRAFIA

Redação Publicado em 27/07/2007, às 14h34

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Na sala do apartamento, no Rio - com quadro do potiguar Cassiano - Vera e duas paixões: os cães Beuys e Maria e a miniinstalação Cineminha, do artista Nazareno
Na sala do apartamento, no Rio - com quadro do potiguar Cassiano - Vera e duas paixões: os cães Beuys e Maria e a miniinstalação Cineminha, do artista Nazareno
por Sara Paixão A comodada em sua La Chaise - premiada cadeira assinada pelo casal de artistas Charles (1907-1978) e Ray Eames (1912- 1988) -, a atriz Vera Holtz (54) revela sua personalidade prática, elegante e independente. Aos 18 anos, ela saiu da casa dos pais em Tatuí, no interior de São Paulo, rompeu o ciclo de educadores da família ao optar pela carreira artística e disse não à maternidade. Sem traumas. Feliz com o atual manequim 46 e com o novo namorado - o também ator Charles de Azevedo (36), com quem se relaciona há três meses -, ela zomba do mito da Cinderela. "Eu me sinto a Fiona. Lembra o primeiro filme em que ela aparecia como uma princesa linda, mas na verdade era uma gordinha nariguda? Eu me vejo essa princesa, que, puft!, engorda, mas encontra aquele maravilhoso Shrek e é feliz", brinca, referindo-se à série de longas infantis sobre o simpático ogro. De fato, Vera não é chegada a dramas. Ao contrário,é conhecida pelo senso de humor e carisma. "Gosto de ver o ambiente borbulhar. No trabalho, mexo com o diretor, o cara da figuração e o caboman. Adoro transformar aquela energia e fazer todo mundo brincar e rir", conta a atriz, que vive a Marion em Paraíso Tropical. No máximo, Vera sofre rompantes de "hortite" - bem-humorado neologismo, dito em sotaque caipira, criado com a junção do sobrenome da família e o sufixo "ite", que remete a doença. "É típico dos Holtz. Às vezes, fico mal-humorada do nada. Meus primos dizem: 'deixa ela quieta que é hortite. Daqui a pouco passa'" (risos). Alguns desses momentos e muitos outros são relatados no recém-lançado livro Vera Holtz & família, espécie de biografia familiar assinada pela jornalista Mercês Rocha (47). Na cidade natal da atriz, a autora foi buscar a história do clã, construído a partir da união de imigrantes alemães - seus avós paternos- e italianos - avós maternos- no século XIX. Resultado desse mix, Vera é uma mulher bem-resolvida e antenada, com quem se pode conversar sobre o atual preço do pão francês ou a última feira de design em Milão. O tema design, aliás, dá o tom de sua casa, no Rio. Além de peças originais e de instalações como Cineminha, do artista plástico Nazareno - que ocupa o centro da sala -, a atriz tem coleção de super-heróis de brinquedo capaz de enlouquecer qualquer criança. "As coisas têm outra importância quando você tem paixão pelos objetos que estão na sua casa e não apenas a relação de consumo", justifica ela. - Você se considera objetiva ou romântica? - Não sou romântica, sou prática. Não acredito em príncipe encantado, gosto dos ogros (risos). Os super-heróis eu deixo na prateleira. Acredito no Shrek que tem cheiro, arrota, solta flatulência. Ele é normal e eu sou meio Fiona. - E como está o coração da "Fiona" no momento? - Em 2006, depois de oito anos de namoro, eu e o artista plástico Fernando Guimarães terminamos. Ele mora em Brasília, eu moro no Rio e a distância não nos beneficiou. A gente se amou, mas o trem-bala foi parando, chegou na estação e eu desci. Daí eu conheci o Charles e estamos namorando há três meses. - E como está o novo romance? - Nós estamos na fase das flores e de muito carinho. Charles mora aqui no Rio, tem aquela disponibilidade carioca. Acho que estamos começando muito bem. - No entanto, acha que foi o Fernando o grande responsável pelo seu gosto por artes plásticas? - Ele me ajudou a educar o olhar, a limpar meus canais de percepção. Foi uma época de encontro com a arte contemporânea, mas passou. Como as coisas que têm data de validade. Além disso, sou formada em artes plásticas. - Você mesma decorou a casa? - Sim, sempre sonhei com alguns desses objetos e aos poucos pude ir comprando o que queria. A La Chaise, por exemplo, é uma peça original. Pode ser que ninguém saiba, mas ela é uma jóia para mim. - E a paixão por super-heróis? - Gosto de brinquedos, sou da geração pós-guerra, que conviveu muito com os super-heróis. Meus preferidos são Batman, Super-Homem e Homem-Aranha. Mas ganhei o Shrek e agora vou comprar o bebê dele e toda a família. - No entanto, sua casa não é feita para crianças. Como foi dizer não à maternidade? - Eu nunca quis ter filho. Falava para minha mãe: 'de mim não espere netos, não tenho nada a ver com essa praia'. E olha que eu era muito curiosa com esse negócio de nascimento, já tive até coleção de revistas sobre mães e bebês. Mas não saberia conviver com criança. Teria que levantar cedo, alimentar...é preciso disciplina e horários. - Seus cães malteses, Beuys e Maria, substituíram os filhos? - Quem cuida dos cachorros é a Vilma (empregada). Eu só costumo brincar, mas, na hora de dar comida e remédio para eles, entro em pânico e fujo correndo. (risos) - Voltar ao passado com o livro sobre sua família foi terapêutico? - Claro! Não tive muito convívio familiar. Saí de casa aos 18 anos, não aprendi a cozinhar com a minha mãe nem cresci com cobrança dos pais. Os relatos dos meus parentes completaram a história da minha família para mim.Às vezes vêm uns flashes e começo a sentir uma saudade imensa da minha casa em Tatuí. Há 30 anos digo que vou embora para lá. Acho que nós estamos sempre buscando nossa terra natal, sempre achamos que ficou alguma coisa no passado, que precisamos resgatar... FOTOS: DARIO ZALIS