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Homem que não é indiferente nem egoísta contenta desejos da mulher

Paulo Sternick Publicado em 08/03/2007, às 15h43

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Paulo Sternick
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"O que, afinal, quer uma mulher?", perguntou Sigmund Freud (1856- 1939), o fundador da Psicanálise, sem dar resposta definitiva. Ao contrário, deixou aos poetas a tarefa de decifrar o que chamava de - diga-se de passagem, sem nenhuma maldade - "continente negro" feminino, no sentido de elas serem constituídas por misteriosa alma. Se a pergunta continua em vigor - o que não deixa de ser homenagem, após séculos de opressão -, algumas respostas já diminuem o enigma. E uma é lembrada neste Dia Internacional da Mulher: elas querem ter os direitos reconhecidos em todos os setores, inclusive, e especialmente, no amor. O amor a uma mulher, claro, não é só sexo: envolve afeição, amizade, compreensão. Mas, se houve larga difusão de saberes sobre a sexualidade feminina, nem todos os homens estão conscientes de que suas parceiras não estão ali apenas para satisfazê-los na hora, no tempo e no ritmo dos impulsos masculinos. Claro que em toda relação há aquelas "rapidinhas" picantes que deliciam a ambos e outras liberalidades. Mas em geral as parceiras necessitam receber atenção especial, que vai desde a conversa carinhosa até preliminares que expressam desejo pelo corpo da mulher e a preparam para outras etapas do ato sexual. O homem deve compreender que, se a sua excitação nem sempre requer "aquecimento", com a maioria das mulheres isso ocorre de forma inversa. Acariciá-la por bom tempo é uma prova de seu desejo e amor, mas transar "a frio" indica indiferença e egoísmo, deixando-a vazia e frustrada. A mulher sabe o que não aceita mais da opressão do passado. Já foi o tempo em que não podia escolher marido, votar, trabalhar, jogar futebol - embora hoje, em alguns lugares obscuros do mundo, ainda não tenha direito a nada disso, sequer pode mostrar o rosto. No Ocidente, a bem da verdade, as mulheres o mostram até em demasia. Não só o rosto cuidado, com maquiagens sofisticadas e os cabelos cada vez mais escovados, mas corpos esculpidos em horas de malhação ou emagrecidos à custa de regimes cruéis. Que seus parceiros, ora bolas, tenham paciência: afinal, a vaidade é uma de suas maiores características e elas não seriam assim tão lindas sem essa produção de beleza. Respeitar a mulher é aceitar as suas diferenças e singularidades, ciclos e instabilidades. Mas os casais, na data comemorativa, têm a oportunidade de trocar idéias sobre a situação. Porque elas continuam injustamente sendo tratadas por alguns como se devessem algo aos homens. Ou sendo objeto de desejos imperiais machistas que não respeitam a vontade delas - como se a cobiça que despertam tivesse de ser paga com o preço da submissão. Mas como elas são contraditórias! Seus parceiros precisam de muita paciência para compreendê-las. Afinal, eles também não fazem das suas? Na verdade, não foi a própria mulher quem criou, ou se sujeitou, de bom grado, às novas escravidões impostas por uma cultura das aparências e dos valores superficiais? Magreza, beleza cosmética, sensualismo, moda - tudo isso as faz lindas e quase divinas, porém escravas da tolice, se não cultivarem outros valores. Em sua data, os pombinhos devem estar atentos aos novos riscos de escravidão - travestida de sofisticação civilizada - que a atualidade premeditou contra a mulher. É bom também que o casal tenha em mente que a parceira, muitas vezes, recebe encargo adicional ao ser sentida pelo homem como figura materna. A "dupla jornada" da mulher consistiria também em ser companheira e mãe. Como se ele, assim como um menino, tivesse, emocionalmente, todos os direitos, e nenhum dever. O risco é que, quanto mais o homem sente a mulher com emoções primitivas, mais ele precisa subjugá-la e oprimi-la - por ciúme, insegurança, posse. O que nos leva a pensar que o respeito à mulher é vitória da civilização e da razão sobre o mundo primitivo e inconsciente.