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Cuidado. Doença celíaca ainda não é bem reconhecida em todo o país

Carlos Alberto Nogueira de Almeida Publicado em 03/01/2008, às 18h20

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Carlos Alberto Nogueira de Almeida
Carlos Alberto Nogueira de Almeida
Foi o pediatra inglês Samuel Gee quem descreveu pela primeira vez a doença celíaca, em 1888. A moléstia se caracteriza por intolerância orgânica permanente ao glúten, proteína presente no trigo, aveia, centeio e cevada. Essa rejeição se expressa no intestino delgado, que responde pela absorção de líquidos e de grande parte dos nutrientes de que o organismo precisa para se desenvolver e se manter saudável. O intestino delgado é coberto por vilosidades, uma espécie de microondulações, que ampliam o contato do órgão com os alimentos. Amplia igualmente sua capacidade de digerir os alimentos e de absorver os nutrientes. A gliadina, fração protéica do glúten, destrói tais ondulações na criança portadora de doença celíaca, o que impede a digestão e a absorção de nutrientes. Segundo pesquisa da Sociedade Européia de Gastroenterologia e Nutrição, o fenômeno atinge, em média, uma em cada grupo de 1000 crianças nascidas vivas. Pode se manifestar em qualquer fase da vida, porém o mais comum é diagnosticá-lo já no final do primeiro ano de vida dos bebês e começo do segundo. Isso se deve a que, nesse período, os pequenos começam a deixar o leite materno e a receber alimentos variados, muitos deles com glúten. Ainda não se conhece a causa da doença celíaca. Mas sabe-se que tem traços genéticos, ou seja, quando alguém é portador, é provável que outros na família a tenham tido ou venham a tê-la. Sabe-se ainda que há fatores imunológicos envolvidos. Uma característica marcante dos portadores, embora não se saiba por quê, é que sua musculatura glútea se atrofia. Também são indicações da moléstia: unhas fracas e quebradiças, queda de pêlos e distensão abdominal por gases. Já os sintomas mais importantes são: falta de apetite, diarréia, fraqueza, cólicas, vômitos e irritabilidade. As conseqüências são que a criança não cresce, não ganha peso e pode ficar anêmica. Pais que suspeitem que seu filho possa ser portador devem levá-lo a um pediatra, a um nutrólogo ou a um gastroenterologista infantil. É preciso ficar atento e até lembrar a possibilidade da moléstia, pois ela não é bem conhecida sobretudo nos municípios menores. O diagnóstico inicial é clínico, ou seja, o médico conversa com os pais para estabelecer um histórico do problema e faz o exame físico da criança. Não pode deixar de afastar outras possibilidades, como erros alimentares e parasitoses intestinais. Essas últimas, por exemplo, são comprovadas com exame de fezes. Quando suspeita de doença celíaca, pode solicitar exame de sangue no qual se identificam anticorpos contra duas frações do glúten, a gliadina e o endomísio. Mas hoje o exame mais específico e eficaz na identificação da doença é a biópsia intestinal. O inconveniente é que a coleta, ou seja, a retirada de um fragmento do órgão, para não colocar a saúde da criança em risco, só pode ser feita em bons hospitais, que em geral estão nas capitais e/ou nas cidades grandes. Combate-se a doença celíaca, enfim, retirando-se da alimentação do portador os produtos que contenham glúten. Em teoria, é fácil excluí-los, mas na prática não é bem assim. A farinha de trigo compõe mais alimentos do que se pensa e acaba prejudicando a saúde dos doentes. Felizmente, fabricantes de alimentos estão eliminando a proteína de seus produtos e colocando na embalagem a informação "Não contém glúten."