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Catorze, o número de anos que CARAS completa neste mês, vem do latim quattuordecim...

...O francês râler deu origem a ralar, que hoje também significa trabalhar e desdenhar. Diz-se que fulano ralou para alcançar um resultado, ou que está "se ralando" para determinado fato.

Deonísio da Silva Publicado em 22/11/2007, às 15h09

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Deonísio da Silva
Deonísio da Silva
Aniversariante: de aniversariar, e este de aniversário, do latim anniversarius, palavra formada de annus, ano, e versum, do verbo vertere, voltar, vir de novo, virar-no caso, as folhas dos calendários, mês após mês, semana após semana ou dia após dia. O étimo de annus está presente em palavras aparentemente sem nenhuma relação com a passagem do tempo, como anel, que, no entanto, preserva a noção de que o ano é uma volta completa da Terra ao redor do Sol. Afinal, o anel também dá uma volta ao redor do dedo. O mesmo étimo aparece em outros marcos da passagem do tempo, como anuênio, biênio, triênio, qüinqüênio, decênio. CARAS faz aniversário este mês, pois começou a circular em novembro de 1993. Catorze: do latim quattuordecim, catorze. Por influências do latim, escreve-se também quatorze em português. Mas os dicionários recomendam catorze, mais de acordo com a forma como pronunciamos este numeral. Contudo, é de se notar que quatorze segue o padrão dos números que o antecedem e o sucedem, que deixam implícito o étimo latino, como treze, de tredecim, três e dez, e quinze, de quindecim, cinco e dez. Poltrona: do italiano poltrona, assento confortável, quase sempre dotado de apoio para os braços. A raiz remota é o italiano poltro, preguiçoso, radicado no latim medieval pullitrus, de pullus, filhote de animal, criança, pintinho. A designação veio provavelmente da agropecuária: um assento com braços, confortável, era colocado sobre o poltro, potro, cavalo, para que senhoras pudessem montá-lo. Há uma curiosa derivação de significado para poltrão, igualmente do italiano poltrone, indivíduo preguiçoso, que vive sentado, sem fazer nada, como as mulheres que cavalgavam naqueles assentos. Ralar: do francês râler, ralar, tendo também o sentido de raspar, arranhar, arfar, pois, no francês antigo, râle é o barulho que o ar faz ao passar por pulmões em mau estado. Provavelmente por influência de ralo, do latim rallum, raspador para tirar a terra da relha do arado, adquiriu o significado de trabalhar muito. Ralo é também um utensílio doméstico utilizado para raspar tubérculos como a mandioca e a batata. No anverso de cada furinho está uma minúscula lâmina pontiaguda. Crivos semelhantes aparecem em regadores, mas sem as lâminas, e também em portas e confessionários, permitindo que os de dentro vejam os de fora, sem que saibam que estão sendo observados. Esse tipo de ralo jamais avisou, como fazem hoje as câmeras de estabelecimentos públicos: "Sorria, você está sendo filmado". O sentido de ralar como trabalhar muito deve ter mesclado inconscientemente a idéia de que trabalho é sofrimento, machuca, faz a pessoa arfar, cansar-se. É assim abonado pelo Houaiss: "Ralou de estudar para aprender inglês". E para a forma pronominal, designando descaso, o mesmo Houaiss exemplifica: "Ele está se ralando para o que os outros pensam dele". Com o sentido de sentir vergonha e dor, a palavra aparece neste trecho do conto Linha Reta e Linha Curva, de Machado de Assis (1839-1908): "Tive duas idéias: uma foi o desprezo; mas desprezá-los é pô-los em maior liberdade e ralar-me de dor e de vergonha; a segunda foi o duelo... é melhor... eu mato... ou...". Vergonha: talvez do francês antigo vergogne, vergonha, pudor, que deu vergonça no português antigo. A reduplicação do significado na expressão "ter vergonha na cara" deveria ir para nossas leis, segundo Capistrano de Abreu (1853-1927): "Eu proporia que se substituíssem todos os capítulos da Constituição por: Artigo Único -Todo brasileiro fica obrigado a ter vergonha na cara." O latim verecundia, vergonha, tinha a ver com pudor, pudor, recato, discrição, em consonância com rubor, rubor, definido assim pelo Aurélio: "Vermelhidão nas faces, provocada por uma reação de indignação, de vergonha, de modéstia, etc.; enrubescimento, ruborização". Vergonha, pudor, recato, discrição, rubor estão nos textos que comentaram a decisão de posar nua da jornalista Monica Veloso (38), ex-namorada do presidente do Senado, Renan Calheiros (52), com quem ele teve uma filha fora do casamento, e pivô de escândalo. O litígio entre os dois revelou que os proventos mensais que ela recebia dele eram superiores, em valores líquidos, aos rendimentos brutos do senador.