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CASTAGNETO

RECEITA

Redação Publicado em 02/07/2008, às 18h36 - Atualizado em 09/04/2019, às 09h23

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<i>Praia e Igreja de Santa Luzia</i>, óleo sobre tela (32 x 52 cm), de cerca de 1885: paisagem carioca que não existe mais. Coleção particular. - Arquivos da Pinakotheke Cultural
<i>Praia e Igreja de Santa Luzia</i>, óleo sobre tela (32 x 52 cm), de cerca de 1885: paisagem carioca que não existe mais. Coleção particular. - Arquivos da Pinakotheke Cultural
Os reflexos do sol, das nuvens e dos barcos na água, a brancura das velas, a imponência dos mastros, a espuma das ondas chegando à praia, estes foram os temas que predominaram na pintura de Giovanni Castagneto (1851-1900). Suas paisagens marinhas de tons claros, às vezes quase monocromáticas, cinza-azuladas ou douradas, incluíam eventualmente os pescadores, as casas e as igrejas de povoados à beiramar. Tal era o seu mundo, estivesse no Rio de Janeiro, na França ou em São Paulo. "Foi um paisagista extremamente sensível, produzindo obras de forte apelo psicológico", escreveu o crítico Tadeu Chiarelli (51) no livro Arte Internacional Brasileira (Lemos Editorial). De temperamento rebelde, Castagneto rejeitava regras. Pintava de modo intuitivo e apressadamente, com os intrumentos e suportes que tivesse à mão no momento. Além dos pinçéis, usava gravetos e mesmo os dedos para aplicar a tinta sobre telas de dimensões as mais variadas, pedaços de madeira, tampas de caixas de charutos e até conchas. Em 1888, ao comentar seu modo caótico de pintar, o crítico carioca Luiz Gonzaga Duque Estrada (1863-1911) concluiu, enlevado: "Mas quanta expressão nesses empastelamentos, quanta individualidade nesses borrões despretensiosos e sinceros!"

Sua época

Uma obra de Castagneto participou da última grande festa da monarquia no Brasil: o famoso baile da Ilha Fiscal, realizado na noite de 9 de novembro de 1889. Com grande pompa e luxo, o imperador dom Pedro II (1825-1891) recebeu naquela ilha, localizada na Baía da Guanabara, a tripulação do navio chileno Almirante Cochrane e a presenteou com obra encomendada ao artista, representando o navio, a ilha onde se deu a extravagante comemoração e o encouraçado brasileiro Riachuelo. A história é contada no catálogo Castagneto (Pinakotheke Cultural). Seis dias depois o marechal Deodoro da Fonseca (1827-1892) proclamaria a República. Dom Pedro e sua família seriam banidos do país.

O autor

Marinheiro em sua terra natal, Gênova, na Itália, Giovanni Battista Felice Castagneto (ao lado, em retrato de autor desconhecido) chegou ao Rio de Janeiro com o pai, em 1874, aos 22 anos. Aos 25, ingressou na Academia Imperial de Belas-Artes. Em seguida, lecionou desenho no Liceu de Artes e Ofícios e foi assistente na decoração da Igreja da Candelária. Boêmio e rebelde, deixou a academia para acompanhar o mestre Johann Georg Grimm (1846-1887), que montara ateliê na Praia de Boa Viagem, em Niterói. Em 1890 foi para a França e passou três anos estudando em Toulon. De volta ao Brasil, pintou o litoral paulista. Em 1895 teve uma mesenterite (inflamação da membrana que envolve os intestinos), e sua saúde, já comprometida pelo alcoolismo, se debilitou. Morreu no Rio, aos 49 anos.