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A novela real de Aparecida Petrowky

Aparecida Petrowky conta a história de sua vida e releva como tem convivido com o sucesso de Sandrinha, sua personagem polêmica da novela ‘Viver a Vida'

<i>por Thais Arbex</i><br><br> Publicado em 17/11/2009, às 16h09 - Atualizado às 19h24

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Aparecida Petrowky - TV Globo/Divulgação
Aparecida Petrowky - TV Globo/Divulgação
Aparecida Petrowky está de bem com a vida. Ela não perde o bom humor nem quando lhe perguntam se está namorando o ator Leonardo Miggiorin. "Saímos juntos, dançamos juntos e nos divertimos juntos, mas somos só amigos. Estamos focados no nosso trabalho", afirmou ao Portal CARAS a atriz que vive Sandrinha, a irmã-problema de Helena, personagem de Taís Araújo, na novela Viver a Vida. Aos 27 anos, Cida, como é chamada pelos amigos, estreia na televisão em horário nobre da Globo, em uma trama de Manoel Carlos, quem ela define como "o melhor autor do mundo. Um gênio". Responsabilidades, portanto, não lhe faltam. Mas desde que um amigo lhe avisou que "todas as atrizes negras estavam fazendo o teste para interpretar Sandrinha", Aparecida não tem dúvida de que está encarando a grande oportunidade de sua vida. Quando soube do teste, a primeira ideia que lhe veio à cabeça foi sair com o currículo nas mãos pelo Leblon, onde Maneco mora, para tentar encontrar o autor pelas ruas do bairro da zona sul do Rio de Janeiro. Quatro dias depois, com os "currículos todos amassados", nada de esbarrar em Manoel Carlos. O amigo que lhe deu a dica sobre o teste conseguiu fazer com que o material chegasse às mãos de Maneco. Dias depois, um telefonema da produção de elenco na novela. Foram oito testes até ganhar o papel. "Decorava os textos enquanto atendia meus pacientes", afirmou Aparecida que, antes de se formar em Artes Cênicas, é fisioterapeuta especializada em traumo-ortopedia e drenagem linfática. Apesar de ter deixado o uniforme branco de lado em junho, para se dedicar à novela, nem tudo na vida real de Aparecida mudou. Nos dias de gravações, ela faz uma viagem de ônibus, durante duas horas, do bairro de Ipanema, na zona sul da cidade, onde mora, até o Projac, em Jacarepaguá, zona oeste do Rio. As cenas exigem cada vez mais concentração, mas Aparecida ainda consegue aproveitar o percurso para decorar os textos. "Tem ficado cada vez mais difícil fazer isso porque as pessoas vêm falar comigo. Elas querem conversar sobre a personagem", conta a atriz que tem adorado o carinho do público. Em conversa com o Portal CARAS, Aparecida Petrowky revela como tem conseguido conviver com o sucesso de sua personagem e mostra como a conquista de seu primeiro papel na TV contribuiu para que sua história real ganhasse ainda mais características de uma "novela dramática". - A sua história de vida é marcada por momentos de superação, tema central na novela de Manoel Carlos. Você pode nos contar um pouco dessa história? - Minha avó Geralda de Souza se mudou de Minas Gerais para trabalhar como empregada doméstica na casa de uma família no bairro de Santa Cruz, na zona oeste do Rio. Minha mãe, Glória, que ainda era criança, veio com ela. Minha avó morreu pouco tempo depois que chegou ao Rio. Minha mãe acabou sendo criada com outras duas crianças da família. Quando ela tinha 15 anos, engravidou de mim. Ela era uma espécie de Sandrinha. Como não tinha condições de me criar, me deixou com uma de suas irmãs de criação, a Vera, e foi morar com o meu pai, que trabalhava como designer de automóveis numa fábrica da Volkswagen, no subúrbio do Rio, na Vila da Penha. - O Petrowky é de quem? - É russo. Uma homenagem ao meu pai, Waldier Petrowky. Ele morreu de infarto há oito anos. - Você nem chegou a conhecer sua mãe biológica, então? - Na verdade, tive duas famílias. Quando tinha uns 5 anos, a Vera me apresentou para a Glória. Mas, antes disso, a Vera já tinha me contado tudo sobre minha origem. Sempre lidei com isso de uma maneira muito natural. A Glória voltou para trabalhar como babá lá em casa. E acabei tendo duas mães. Quando a Vera morreu, em 1999, por causa de um câncer de mama, acabamos sendo criados pela Glória. Eu, a Bianca e o Pedro, filhos legítimos da Vera e meus irmãos de criação. - E como você lidou com tudo isso? - Quando a Vera morreu, fiquei muito revoltada com a vida. Doeu muito. Demorou um tempão para passar aquela angústia. Eu devo tudo a Vera. Mas acho que também sempre fui muito independente e isso, queira ou não, fez com que eu amadurecesse mais rápido. - E quando você decidiu morar sozinha? - Quando fiz 18 anos, comecei a dar aulas como professora primária e resolvi fazer faculdade de Fisioterapia. Depois que consegui meu primeiro estágio, fui morar sozinha. Tinha que me virar. Não queria depender de ninguém. Ganhava para pagar as minhas contas. - Como aconteceu a passagem para a carreira de atriz? - Comecei o teatro por causa da timidez. Tinha muita dificuldade de falar em público. Não conseguia nem apresentar trabalhos da faculdade. A professora de uma das disciplinas me indicou para psicóloga, que me deu a dica de começar a fazer teatro para desinibir. Comecei e me apaixonei. Fui conciliando o trabalho de fisioterapeuta com o de atriz. - Você chegou a se formar como atriz? - Sim. Passei por algumas escolas, Rei Ator, Grandes Atores e Tablado, até me formar em Artes Cênicas. Depois de passar um ano e meio em Londres, onde trabalhei em um clínica de shiatsu, voltei para o Brasil. Foi quando escrevi minha primeira peça, o infantil Zeluda - Uma Zebra Cabeluda, que foi o meu último trabalho nos palcos antes de entrar para a novela. - E como surgiu a oportunidade de trabalhar em Viver a Vida? - Estava em um encontro de poesia quando um amigo me falou que todas as atrizes negras do Brasil estavam fazendo o teste e que eu deveria fazer também. A primeira ideia que tive foi fazer um currículo com uma foto, imprimir várias cópias, e sair pelas ruas do Leblon para tentar encontrar o Maneco. Eu não sabia como chegar até à produção da novela. Depois de quatro dias, com os currículos todos amassados, nada de eu esbarrar nele. Esse meu amigo conseguiu fazer com que meu currículo chegasse nas mãos do Maneco. Alguns dias depois, a produção de elenco da novela me ligou para eu fazer os testes. Foram oito até conseguir o papel. Lembro que eu decorava os textos enquanto atendia meus pacientes. Um barato! - A Sandrinha é uma personagem polêmica. Logo no começo da novela, ela engravidou do Benê, personagem do Marcello Melo. As pessoas já te param na rua? Como você tem lidado com isso? - Logo que a novela começou, eu não sabia que tipo de irmã ela seria. Só quando comecei a gravar que percebi que a Sandrinha é uma personagem muito intensa. É um papel difícil e muito real. As pessoas se identificam. Tem sido um desafio. Estou arriscando. A personagem tem passado por um processo de transformação a cada capítulo. E as pessoas têm tido um carinho enorme comigo. Gosto de ouvir o que elas têm para me dizer. Tenho muita paciência. Todo mundo chega de uma forma positiva. - A fama te assusta? - Foi uma surpresa fazer esse trabalho. A fama é consequência. Queira ou não, estamos invadindo a casa das pessoas diariamente. E elas acabam acreditando que têm uma intimidade com a gente. Isso é fruto natural do nosso trabalho. Mas não penso em ser famosa. Gosto de estar em contato com as pessoas para falar sobre o meu personagem. Sou muito tranquila. Tive uma vida muito sofrida. Tive que batalhar muito, e por isso tenho os pés no chão. - Como tem sido trabalhar com o Manoel Carlos? - Eu amo o Maneco. Para mim, ele é o melhor autor do mundo. Um gênio. Ele entende desse universo feminino forte, dessas armações do cotidiano. E, além de tudo, é um fofo. Estou muito feliz por estar aqui. - E como tem sido a relação com a Taís Araújo? - A relação é ótima. A Taís é super alto astral. Ela tem uma alegria contagiante. Um exemplo de atriz. Ela está representando as mulheres fortes. A gente trabalha muito bem. Tem sido uma troca. Estou aprendendo muito. Quando veja ela atuando, fico 'de cara'. - Na novela, a Sandrinha tem sido uma mãe muito carinhosa com o José, que é fruto do relacionamento conturbado com o Benê. E na vida real, você pensa em ter filhos? - Quando fiz a cena do parto, pensei que não queria ser mãe de jeito de nenhum por causa do sofrimento, de toda a dor que a mulher sente. Mas agora, com o bebê, eu quero muito ser mãe. Fiquei muito sensível com isso. Quero muito ter uma família, ter filhos. Mas por enquanto não posso. Estou numa fase voltada para o trabalho.