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A arte algumas vezes cura, em outras alivia, mas sempre consola

Paulo Barreto Campello de Mello Publicado em 23/10/2007, às 17h16

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Paulo Barreto Campello de Mello
Paulo Barreto Campello de Mello
Segunda-feira, 10 horas. Da entrada dos hospitais e clínicas especializadas às alas internas, grafites enfeitam as paredes. Os cordéis do médico gastroenterologista Wilson Freire (48) ensinam saúde e também cidadania: "Não deixe que a terra coma/ O que ainda de vida têm/ Por isso doe os seus órgãos/Pra que eles vivam em alguém". Nas maternidades, gestantes ouvem as suas músicas preferidas antes e durante o parto. É a celebração da vida. Ao som de Vivaldi (1678-1741) e Mozart (1756-1791), bebês são acolhidos no berçário. Embalados pelas composições suaves, dormem melhor e a amamentação é facilitada; os prematuros precisam de menos remédios. É o som da vida. No "castelo" - a escolinha de arte do complexo hospitalar -, crianças com doenças graves, como câncer e problemas cardíacos, fazem toda sorte de reinações artísticas: música, teatro, dança, capoeira, maracatu, pintura, fotografia. Nos leitos, outras escutam contos de fada e criam as próprias histórias. Ao mesmo tempo, médicos músicos e seus convidados percorrem enfermarias, serviços e corredores, tocando e maravilhando. É uma terra encantada de esperança que se alastra pelas salas de aula. Nelas, futuros profissionais da saúde aprendem que a arte pode - e deve! - ser usada como terapêutica e na humanização da medicina. Conto de fadas? Ficção? Futurologia? Nada disso. É o programa que criamos há 12 anos na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Pernambuco (UPE): "A arte na medicina às vezes cura, de vez em quando alivia, mas sempre consola". São dez projetos, que já beneficiaram cerca de 30 mil pacientes de hospitais universitários e da rede SUS e demonstraram que a arte é arma poderosa no tratamento e na prevenção de doenças. Se você duvida, experimente. Inclua no seu cotidiano algum tipo de manifestação artística. Pode ser literatura, poesia, música, canto, dança, escultura, pintura, fotografia ou o que gostar mais. Depois, envie-me um e-mail contando o resultado. Ah, você prefere apenas admirar? Tudo bem. A saúde também lucrará. Está comprovado cientificamente que a arte promove saúde de várias maneiras: * Estimula a produção de anticorpos que fortalecem nossas defesas contra ataques de vírus, bactérias e fungos nocivos ao organismo. Ajuda, assim, a combater infecções instaladas e a evitar novas. * Leva o cérebro a estimular a fabricação de substâncias que acalmam, alegram e relaxam. * Funciona como ponte entre as emoções e nosso corpo, pois o cérebro "caminha" no organismo. Sob sofrimento, pode ir à pele, causando doenças dermatológicas, ou ao estômago, provocando úlceras e gastrites, ou, ainda, ao coração, levando a "batedeiras". Por meio da arte é possível revelar essas conexões. * Ajuda na recuperação motora de pacientes que tiveram, por exemplo, derrame. Dedilhar um teclado funciona tanto quanto movimentar cem vezes o dedo. E, para quem precisa de fisioterapia de vias respiratórias, tocar flauta ou pífano resulta tão eficiente quanto insuflar luvas. A diferença é que o tratamento com instrumentos fica mais prazeroso. E pessoas felizes recuperam-se mais rapidamente. Portanto, mesmo que a sua saúde esteja ótima, dedique-se a uma atividade artística com a qual se identifique. Pratique ou aprecie. Se tem filhos, estimule-os. Deixe a arte entrar nas suas veias. É a minha receita da vida. Prescrevo aos meus pacientes, recomendo a todas as pessoas. Dê-se esse presente.