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Realeza / Especial CARAS

A vida e o legado de Elizabeth II reforçam história mundial

Após 70 anos à frente da coroa, rainha Elizabeth II inspirou novas gerações da família real

CARAS Digital Publicado em 08/09/2022, às 15h57

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Rainha Elizabeth II - Foto: Getty Images
Rainha Elizabeth II - Foto: Getty Images

Foram 70 anos à frente da monarquia mais sólida do mundo. Sete décadas reafirmando tradições e preservando a relevância da Coroa diante das transformações da sociedade. Tais feitos, definitivamente, transformaram Elizabeth II (95) na monarca que melhor faz jus à máxima: vida longa à rainha! Soberana mais longeva da história, Lilibeth — como era chamada na juventude — ascendeu ao trono por ironia do destino. Herdeira de George VI ( 1 8 9 5 – 1 9 5 2 ) e de Elizabeth Bowes-Lyon (1900–2002), ela nasceu predestinada a ser princesa, mas viu sua trajetória ser alterada aos 10 anos, quando o tio, o então rei Edward VIII (1894–1972), abdicou a favor de seu pai, fazendo dela a herdeira presuntiva.

Na época, Edward abandonou a Coroa para se casar com a socialite americana Wallis Simpson (1896–1986), já que as regras não permitiam que o monarca se unisse a uma pessoa divorciada — Wallis, no caso, já estava em sua segunda separação. “Nós vamos morar em Buckingham para sempre?”, indagou a princesa à governanta, Marion Crawford (1909–1988), ao saber das mudanças na linha sucessória.

A nova vida no paláco exigia alguns sacrifícios, mas Elizabeth tirou todos de letra. Mergulhou nas aulas de História Constitucional, aprendeu francês e, aos 14 anos, já transmitia mensagens via rádio para toda a nação, sempre com o apoio e a tutela de seu pai, o rei. “E quando a paz chegar, lembre-se que será para nós, as crianças de hoje, fazermos do mundo do amanhã um lugar melhor e mais feliz. Quero dizer boa noite para todas vocês e dizer que, no fim, tudo dará certo. Boa noite, crianças”, discursou a então princesa, durante a Segunda Guerra Mundial, conflito no qual ela atuou como motorista e mecânica, sendo promovida a comandante júnior honorária.

O fim da guerra, aliás,marcou um momento raro na vida da futura rainha. No dia da vitória, em 1945, ela e a irmã, a princesa Margaret (1930–2002), saíram às ruas em meio à multidão para celebrar a paz. “Pedimos aos meus pais para sairmos. Lembro-me que ficamos aterrorizadas de sermos reconhecidas e vi várias pessoas dando os braços, contagiadas por uma onda de felicidade e alívio”, confessou ela.

O início do reinado da rainha Elizabeth II

A ascensão ao trono aconteceu em fevereiro de 1952, com apenas 25 anos, após a morte de seu pai. Na ocasião, Elizabeth estava em viagem oficial no Quênia e, ao ser questionada por seu secretário sobre qual nome régio adotaria, foi direta e mostrou a força de sua personalidade: “O meu próprio, é claro. Qual outro usaria?”, respondeu ela.

A cerimônia de coroação, em 1953, foi a primeira do mundo a ser televisionada e marcou o início de uma era de prosperidade na Inglaterra, já que o país estava se reerguendo após as turbulências da guerra e, agora, tinha como soberana uma rainha jovem e apaixonada por seu povo. Desde então, Elizabeth tem feito do título uma missão de vida. “Não conheço a fórmula do sucesso, mas ao longo de todos esses anos observei que alguns atributos de liderança são universais e, muitas vezes, consistem em encorajar pessoas”, disse ela, literalmente, sentindo o peso da Coroa. “Felizmente, tenho o mesmo formato de cabeça do meu pai, porque uma vez que você coloca a coroa não pode mais tirá-la. Lembro que, se eu olhasse para baixo para ler o discurso, corria o risco de quebrar o pescoço de tão pesada que ela é”, já confessou ela sobre a coroação.

O reinado de Elizabeth II

Ao longo da jornada, a rainha viu sua história pessoal se confundir com a própria história mundial e se manteve imune — seja como protagonista ou espectadora — diante de fatos como a independência das colônias inglesas na África, a Guerra Fria, a queda do muro de Berlim, a chegada do homem à lua e o nascimento da internet. “Foram as mulheres que respiraram gentileza e cuidado no duro progresso da humanidade”, declarou ela, sem nunca se intimidar com as lideranças masculinas. “Por que nós, mulheres, devemos estar sorrindo o tempo todo? É injusto. Se um homem parece solene, automaticamente, presume-se que ele é uma pessoa séria, não um miserável”, disparou ela, ao ser questionada sobre a fama de austera.

Dentro dos muros do palácio, porém, a rainha sempre encontrou espaço para expressar seus sentimentos, em especial, na relação com o amado, o príncipe Philip (1921–2021), com quem foi casada por mais de 70 anos. “O duque de Edimburgo deu uma contribuição inestimável à minha vida. É como se sempre tivéssemos pertencido um ao outro”, já disse ela, que ainda sente a dor da perda de seu amor e tem encontrado apoio na família. “Nesses anos, todo o apoio da minha família, através das gerações, foi além da medida”, frisou a mãe de Charles (73), Anne (71), Andrew (62) e Edward (58).

Apesar de ser chamada de rainha da Inglaterra, Elizabeth exerceu sua soberania para além-mar e ocupou posição simbólica de monarca em outros 53 países, todos integrantes da Commonwealth, comunidade de ex-colônias britânicas. “Sempre foi fácil odiar e destruir. Construir e valorizar é difícil. É por isso que eu me orgulho dessa relação harmônica”, destacou ela, que já visitou quase toda a comunidade, com exceção de Ruanda e Camarões. As viagens, aliás, sempre foram uma constante.

Ao todo, foram mais de 100 destinos, todos eles sem a necessidade de usar passaporte, item dispensável para a rainha, assim como a carteira de habilitação. No dia a dia, Elizabeth costuma ser uma mulher fiel aos seus hábitos. Fã confessa do mundo equestre, ela é uma hábil apostadora de corridas, tem criações de cavalos e sempre gostou de montaria. “Se eu pudesse, seria um cavalo!”, declarou ela.

Já quando o assunto é o paladar, a rainha preferia pratos simples e leves, como peixes e legumes. A única restrição é o alho. Segundo alguns chefs que já atuaram nas cozinhas dos palácios, a nobre não suporta o cheiro. Para harmonizar, todos os dias antes das refeições ela toma uma dose de gim, feito em suas propriedades. As férias também entram para o hall das tradições: o Castelo de Balmoral, na Escócia, é o destino preferido.

No quesito estilo, as práticas também se repetem com peças monocromáticas e vivas. A ideia? Se destacar na multidão! “Se usar bege, as pessoas não saberão quem sou. Preciso ser vista para ser lembrada!”, falou ela, dona de acervo com mais de 200 bolsas da grife Launer. Lá dentro, ela carrega óculos, balas de menta e biscoitos para os pets. Apesar de dividir as tarefas reais com membros do clã, a rainha se gue à frente das principais atividades da monarquia, como a abertura anual do Parlamento, os encontros com o primeiro-ministro e a conferência diária da famosa red box, caixa com documentos que ela precisa assinar. “Cada dia é um começo e sei que a única maneira de viver minha vida é fazendo o que é certo e confiando em Deus.” Ciente de seu papel na História, Elizabeth não pensa em aposentadoria e afirma que a experiência a torna mais forte. “Nenhuma faixa etária tem monopólio da sabedoria. Acho os jovens mais sábios do que nós. Quanto mais velha fico, mais vejo a dificuldade que os jovens têm em encarar o mundo”, resumiu.