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Top Anne Vyalitsyna diz que ser russa e forte a ajudou a sobreviver e revela que ama o Brasil

Em passagem por São Paulo, Anne V conversou com o CARAS FASHION e falou sobre amor e a carreira de modelo e atriz

Redação Publicado em 03/12/2012, às 12h52 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20

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Na casa de Liliana Gomes, que a ciceroneou em sua estada no Brasil, Anne V diz admirar a alegria dos brasileiros - Lailson Santos/Imagens & Imagens
Na casa de Liliana Gomes, que a ciceroneou em sua estada no Brasil, Anne V diz admirar a alegria dos brasileiros - Lailson Santos/Imagens & Imagens

Ao lado de Natalia Vodianova, a russa Anne Sergeyevna Vyalitsyna, mais conhecida como Anne V, foi uma das primeiras tops russas a conquistar as passarelas internacionais. Ambas nasceram em Nizhny Novgorod (uma cidade de pouco mais de 1 milhão de habitantes, mas famosa por suas modelos) e as duas saíram da Rússia em uma época que viajar para o exterior ainda era para poucos nos anos que se seguiram ao fim do comunismo. Anne, assim como Natalia e Gisele Bündchen, faz parte de um grupo seleto de modelos notórias por seu trabalho para alta moda e ainda cobiçadas para editoriais de revistas e marcas que buscam mulheres mais “comerciais” (como o universo fashion denomina quem tem mais curvas). Anne ocupa a 11ª colocação no ranking do site models.com e em 2013 fará sua estreia em Hollywood no quinto filme da série Duro de Matar, com Bruce Willis

Anne V também ganhou as manchetes internacionais por seu namoro com Adam Levine, vocalista do Maroon 5. O relacionamento acabou de maneira repentina, em abril. Hoje, Levine namora a modelo Behati Prinsloo, até então amiga de Anne. Em passagem pelo Brasil, Anne conversou com o CARAS FASHION e falou de sua carreira, de como se sentia feia na juventude e do fim do namoro. Confira abaixo a íntegra da conversa:

Você disse que é apaixonada pelo Brasil, de onde vem essa paixão?

Em menos de dez horas de São Paulo já amo essa cidade. O que torna o Brasil incrível são as pessoas. Todos são maravilhosos, doces, amam a vida e têm uma energia incrível. A impressão que tenho é que, independentemente de onde estejam no mundo, os brasileiros sempre parecem ser muito felizes. Eles despertam o melhor das pessoas.

Há anos exportamos modelos. Agora, modelos de outros países estão vindo para o país para fazer campanhas. De certa forma somos a terra das modelos. Qual a sensação de vir trabalhar no Brasil?

Acredito que as mais belas modelos do mundo sejam brasileiras. Vocês têm tantas mulheres maravilhosas que me sinto com muita sorte por poder vir aqui e ser tão bem recebida. É incrível, porque venho de uma outra parte do mundo, um lugar muito distante do Brasil. Mas tenho a sensação que são nações antigas mas irmãs, a Rússia e o Brasil. Sinto que poderia ser brasileira. Talvez pudesse me passar por brasileira se não fosse tão loira e falasse português.

Quando você descobriu que gostaria de ser modelo?

Pode parecer clichê, mas eu sempre quis. Aos seis anos, quando me perguntavam o que eu gostaria de ser, já dizia: supermodel . E não sei explicar de onde surgiu esta vontade. Como muitas modelos, não me sentia bonita. Os garotos não gostavam de mim. Eu não tinha seios, era alta e magra e me achava feia. E, naqueles dias, ninguém saia da Rússia para o exterior. Meus pais nunca tinham saído da Rússia. Eu nunca tinha viajado de avião. Natalia Vodianova e eu fomos pioneiras. Até então, as russas não apareciam na moda fora da Rússia. Mesmo assim, desde os meus oito anos de idade, eu implorava para a minha mãe me levar a uma agência de modelo. Quando eu tinha 14 anos ela me levou a uma agência na minha cidade natal. Para alguém como eu, que realmente se achava feia, foi uma surpresa ser aceita como modelo.

Como é crescer como modelo em um país de influência comunista?

O comunismo acabou quando eu ainda era pequena. Não acho que realmente me afete. Mas claro que a história cria o modo como as pessoas pensam e veem a vida. A história da Rússia foi tão dura que fez com que os russos se tornassem fortes. Os russos precisaram lutar pelo que acreditavam. Não vivi a dureza do comunismo, mas minha família sim. Meus pais eram médicos mas sempre trabalharam muito. Médicos e professores tinham os piores salários. Mas nossa história nos faz lutar pelo que acreditamos, os russos são apaixonados pelo que acreditam e lutamos para fazer dar certo. Eu sonhava ser modelo e trabalhei duramente para chegar aqui. Mantenho uma carreira de sucesso há 11 anos, não é uma tarefa fácil, é preciso trabalhar muito. Vivo sozinha desde os 15 anos, quando me mudei para os Estados Unidos sem falar uma única palavra em inglês. Cheguei logo após o 11 de setembro, não tinha conta no banco, não tinha celular. Felizmente, encontrei diversas pessoas que me ajudaram, mas a minha personalidade russa e forte me ajudou a sobreviver.

E como é estrear no cinema ao lado de Bruce Willis?

É um sonho que se torna realidade. Nunca achei que ser atriz pudesse ser possível. Afinal, sou russa e tenho sotaque. Mas você vai em audições (testes para papéis), participa e não ganha os papéis. E eu sempre fui apaixonada por Bruce Willis, agora somos grandes amigos e ele está namorando uma grande amiga minha. E Duro de Matar é um filme que gosto desde a infância. Fui à audição do filme em uma grande festa e certamente não estava na minha melhor condição. No dia anterior me pediram para falar todo o script em russo e eu já vivo há mais de dez anos nos Estados Unidos. Mas, surpreendentemente, no dia seguinte já pediram para eu voar para Budapeste para as filmagens. E foi difícil. Eu nunca havia atuado e, para piorar, tive de aprender centenas de informações sobre armas que eu não tinha a menor ideia do que significavam. Foi a experiência mais difícil da minha vida. Por sorte, eu já havia feito ensaios fotográficos de alta moda para algumas revistas e, nestes casos, de certo modo, você precisa incorporar personagens estranhos. Então, sempre adorei criar personagens. Mas a parte difícil é que no cinema você tem de falar e repetir o mesmo diálogo centenas de vezes.

Mas na moda existem algumas posições básicas que você pode usar.

Mas não gosto de seguir um roteiro, prefiro agir naturalmente nas poses. Quando me pedem algo, travo. Prefiro fazer e deixarem me fotografar. E atuando você está diante de outra pessoa, fala olho no olho e as emoções afloram. Às vezes, emoções que você nem imaginava ser capaz de sentir. Por exemplo, meu segundo filme tem uma cena no hospital onde converso com uma pessoa morrendo de câncer. E conheço pessoas que tiveram câncer. Quando fiz o filme, do modo que atuei, realmente sentia vontade de chorar.

Você está solteira?

Estou solteira. Esperando por uma brasileiro legal.

Como é para uma supermodel estar solteira?

Amo estar em um relacionamento. Para mim, a razão de eu ter tanto sucesso é por eu ter tido relacionamentos que eles me incentivaram e eu os incentivei. Um relacionamento saudável deve permitir o sucesso na carreira, são coisas que se podemos conciliar. Se um apoiar o outro, é possível. Sei como é namorar uma pessoa com muitos compromissos profissionais e diversas viagens. Mas se você quer estar com uma pessoa, tudo é possível. Se você cancelar um ou dois trabalhos, sua vida não vai mudar. Acredito que Deus vai mandar a pessoa certa na hora certa. E quando há amor, tudo é possível.

Você tem planos de começar uma família?

Em algum dia, em algum lugar, em algum momento isso vai acontecer. Definitivamente não vejo minha vida sem família e quero ter filhos. Mas há muitas coisas que quero fazer em minha vida. Quero fazer mais caridade, trabalhos e novos projetos. Mas, definitivamente, não quero ser mãe trabalhando tanto quanto hoje. Não quero ser uma mãe ausente que deixa os filhos com babás ou avós.

Neste sentido, uma carreira de atriz seria bom, não?

Sou uma pessoa abençoada. Tudo que desejei para a minha vida aconteceu. Estou curiosa para ver o que Deus reserva para mim. Minha vida nunca foi sobre dinheiro ou fama, nunca dei bola para isso. Queria estar fazendo o que gosto. Aos 40, provavelmente, não estarei modelando. Mas vivo um dia de cada vez e aproveito as chances que Deus me dá diariamente.

Por que o namoro com Adam Levine terminou?

Ele foi uma parte incrível da minha vida. Eu o amo muito. Não consigo imaginar minha vida sem ele. Aprendi muito com ele. Ele me fez a pessoa que sou hoje, foi uma grande parte da minha vida. Mas como em vários relacionamentos, não era para ser. Mas desejo coisas maravilhosas para ele e o melhor. Ele é ótimo.

Existe algum sonho que você ainda não tenha realizado?

É chichê o que vou dizer, mas realizei todos os meus sonhos. Queria ser modelo e me tornei uma. Queria correr uma maratona e corri (como guia de um cego na Maratona de Nova York). Queria atuar e vou estrear no cinema. Acho que agora estou ficando sem ideias para sonhos. Mas eu sonhava vir ao Brasil e aqui estou. No fundo, sinto que não sou russa, devo ser brasileira. Agora sonho carregar a tocha Olímpica e estou trabalhando bastante por isso.

*Uma versão editada desta entrevista foi publicada na CARAS.    

Por Guilherme Ravache