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Bem-estar e Saúde / NO BRASIL

Especialista alerta para alto índice de gestação não planejada entre adolescentes: ‘Riscos’

Em entrevista à CARAS Brasil, a ginecologista Loreta Canivilo ressalta a importância do acolhimento e os cuidados na gravidez precoce

Atenção especializada durante o pré-natal é fundamental para garantir a saúde da mãe e do bebê - Freepik
Atenção especializada durante o pré-natal é fundamental para garantir a saúde da mãe e do bebê - Freepik

De acordo com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, 55% da população geral e até 80% entre adolescentes no Brasil enfrenta uma gestação não planejada. Em entrevista à CARAS Brasil, a ginecologista Loreta Canivilo conta que com o avanço da tecnologia e de estudos, já foram criados mais de 10 métodos contraceptivos para evitar o problema importante de saúde pública. Além disso, fala mais detalhadamente sobre a gestação na adolescência e a melhor forma de acolher as futuras jovens mães.

“A contracepção se trata de dispositivos ou métodos usados para prevenir a gravidez. Sendo eles opções temporais ou definitivas. Existem mais de dez escolhas de métodos contraceptivos femininos, e essa variedade é classificada em grupos. São eles: contraceptivos de barreira, hormonais, definitivos ou cirúrgicos. Além desses, é possível contar com mais dois tipos, como tabelinha e pílula do dia seguinte”, diz Canivilo. “Cada método tem seus prós e contras, e a escolha do método contraceptivo ideal depende das necessidades individuais de cada pessoa. É importante consultar um ginecologista para discutir qual método é mais adequado para cada caso”, emenda.

Segundo a ginecologista, em média, no grupo de adolescentes com idades compreendidas entre 15 e 19 anos, é onde ocorre a maior parte das gravidezes. Além disso, há uma referência específica a meninas ainda mais jovens, de 10 a 14 anos, para as quais a taxa global de natalidade foi estimada em 1,5 por mil mulheres, em 2023. “Esses dados indicam que, embora menos comuns, as gravidezes nessa faixa etária também ocorrem e apresentam riscos consideráveis tanto para as jovens mães quanto para os bebês”, informa.

A especialista ressalta que os adolescentes podem engravidar mesmo tendo acesso à informação por várias razões, incluindo a falta de educação sexual abrangente, fatores sociais e culturais, a falta de acesso a contraceptivos, comportamentos de risco e a persistência de mitos e concepções errôneas sobre contracepção e gravidez.

“É necessário adotar uma abordagem holística que vá além do acesso à informação e inclua educação sexual abrangente, acesso a serviços de saúde reprodutiva acessíveis e amigáveis aos jovens, além da abordagem de fatores sociais e culturais. O acesso a métodos de longa duração que não dependem da ação direta do adolescente, como o Implanon, que é colocado debaixo do braço e dura em média três anos (podendo, segundo estudos, durar até 5 anos), tem a maior eficácia na prevenção de gravidezes não planejadas. Atualmente, este método tem se destacado e mostrado grande aplicabilidade em adolescentes”, explica Canivilo.

MELHORES MÉTODOS ANTICONCEPCIONAIS

Para adolescentes, os melhores métodos anticoncepcionais, de acordo com a especialista, geralmente são aqueles que são altamente eficazes, fáceis de usar e reversíveis. Alguns dos métodos recomendados incluem: Implante Contraceptivo, método de longa duração e altamente eficaz que é colocado sob a pele do braço e pode fornecer proteção por vários anos; e o DIU (Dispositivo Intrauterino), tanto o DIU de cobre quanto o DIU hormonal são opções altamente eficazes e de longa duração para prevenir a gravidez, mas geralmente são recomendados para quem já teve relações sexuais.

Além deles, a pílula anticoncepcional. Opção popular entre as adolescentes, ela requer tomada diária e é eficaz quando usada corretamente. No entanto, adolescentes podem esquecer de tomar ou perder a pílula, o que aumenta o risco de gravidez; a injeção anticoncepcional, injeção hormonal administrada a cada poucos meses, oferecendo proteção contra a gravidez. No entanto, também depende da adesão da adolescente ao esquema de injeções; e preservativos, que além de prevenir a gravidez, oferecem proteção contra infecções sexualmente transmissíveis.

“Seriam perfeitos se usados corretamente, mas na realidade muitas vezes não são utilizados de forma adequada. Ainda assim, é importante que a sociedade insista em seu uso”, salienta a ginecologista. “Adotar uma abordagem holística que inclua educação sexual abrangente, acesso a serviços de saúde reprodutiva amigáveis aos jovens e a consideração de fatores sociais e culturais é essencial para a eficácia desses métodos”, acrescenta Canivilo.

IMPORTÂNCIA DO PRÉ-NATAL

Durante o pré-natal de uma adolescente, é essencial fornecer cuidados específicos para monitorar a gravidez de forma mais frequente, oferecer aconselhamento e educação sobre saúde materna e fetal, realizar triagem de complicações, oferecer apoio psicológico e garantir um acompanhamento pós-parto adequado.

“O pré-natal de uma adolescente é considerado de alto risco devido à idade da gestante e aos possíveis riscos associados, como complicações na gravidez e no parto, parto prematuro, baixo peso ao nascer e desafios emocionais. A atenção especializada durante o pré-natal é fundamental para garantir a saúde da mãe e do bebê”, afirma.

Ainda de acordo com a especialista, é essencial manter uma comunicação aberta e fornecer apoio emocional, além de não eximir a adolescente de suas responsabilidades. “Incentive-a a assumir a responsabilidade por sua saúde e pela saúde do bebê. Ajude-a a entender a importância do pré-natal, de seguir as orientações médicas e de adotar um estilo de vida saudável durante a gravidez”, destaca.

O envolvimento no cuidado pré-natal inclui acompanhar a adolescente nas consultas médicas, apoiá-la nas decisões relacionadas à gravidez e participar ativamente do processo de preparação para a chegada do bebê. “A ação mais importante é, imediatamente após o parto, planejar a prevenção de uma nova gestação”, finaliza.

Loreta Canivilo - Médica ginecologista, obstetra e ginecoindócrino Loreta Canivilo; Especialista em reposição hormonal feminina, estética íntima feminina e tratamentos de doenças do útero e endométrio; Possui diversas pós-graduações em instituições de referência como Reprodução, Ginecologia Endócrina no Hospital Sírio Libanês e Medicina em Estado da Arte no Hospital Albert Einstein; Especialista em Nutrologia e Endocrinologia pela Faculdade Primum, referência em educação em medicina; Nas redes sociais, oferece conteúdo explicativo sobre assuntos relacionados à saúde da mulher, gestação, reposição hormonal e implantes; Também é idealizadora de projeto social, em parceria com o Instituto Primum, onde também ministra aulas, e promove atendimento de saúde feminina gratuito a mulheres em situação de vulnerabilidade. CRM 82282 SP / RQE 41682.

Especialista alerta para alto índice de gestação não planejada entre adolescentes no Brasil
Loreta Canivilo é ginecologista, obstetra e ginecoindócrino - Arquivo Pessoal