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Atualidades / PLENITUDE

Alexandra Richter se delicia com suas diferentes versões: 'Sou muito intuitiva'

Em entrevista exclusiva à Revista CARAS, a atriz Alexandra Richter revela ainda que encara com tranquilidade as mudanças físicas

por Fernanda Chaves

fchaves_colab@editoracaras.com.br

Publicado em 21/06/2024, às 11h00 - Atualizado em 24/06/2024, às 17h25

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Destaque como Brenda em Família É Tudo, Alexandra ainda surge loira e mais nova na reprise da novela Cheias de Charme - Marcio Farias
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Em seu último dia de gravação da novela global Terra e Paixão, Alexandra Richter (57) recebeu o convite para dar vida a Brenda de Família É Tudo. “Sou muito intuitiva e, quando chega um sinal, tenho que segui-lo, não luto contra, não, eu vou!”, afirma, em papo exclusivo com a Revista CARAS no Santê, no Rio. E se tem uma coisa que ela também não briga é contra o tempo. No ar, na TV Globo, na novela das 7 e na reprise de Cheias de Charme, ela encara com tranquilidade as mudanças físicas. “O tempo só anda para frente e se a gente quer se manter vivo, a gente caminha com ele”, ensina a mãe da Gabriela (22) e mulher de Ronaldo (57).

Na novela, você é uma mãe controladora. Como é na vida?

Sou o oposto da Brenda. Sou uma mãe conselheira, fui superprotetora na infância, porque, por
conta da insegurança de uma cidade grande, da violência, a Gabi demorou a sair sozinha. Eu e o
Ronaldo sempre demos todo o suporte para que ela soubesse fazer as escolhas dela, mas eu jamais interferiria  como a Brenda faz.

Sua família é inter-racial assim como no folhetim. A trama apresenta isso com a naturalidade
que tem que ser...

Acho bom que isso acontece na novela de uma forma que não precisa ser falada. As pessoas estão
vendo essa família, essa formação, a pluralidade racial. Assim como a gente pode mostrar uma família
com dois pais, duas mães, sem que isso precise ser perguntado. As pessoas têm curiosidade sobre qualquer configuração familiar, mas a gente mostra na obra de uma forma natural, que a dinâmica dessa família é como a de qualquer outra. Óbvio que é uma família rica, não sei se os netos da Brenda sofreram tanto preconceito, mas a gente sabe que o Brasil é racista. Tem pessoas que falam que não
são, falam que têm ‘até um amigo’, ‘um parente’ e o racismo já começa aí, e nos olhares.

Sentiu isso com sua filha?

Sim. A primeira forma do preconceito são os olhares, mas eu devolvia para deixar o outro bem instável. Quando a Gabi era me menor, eu já conversava com ela, porque sou uma mãe branca, loira, de olho azul, com todos os privilégios da branquitude e, ao mesmo tempo, sou aquela mãe leoa buscando
os meios de lutar contra o preconceito. A gente tem que aprender, né? Hoje em dia as pessoas falam
‘Ah, mas tem termo que não pode usar’. Não, não pode. Você não vai falar ‘criado-mudo’, não vai falar ‘denegrir’ ou ‘lista negra’. Aí falam: ‘Mas é difícil porque a gente passou a vida falando assim’. Mas a sociedade muda, a gente aprende tanta coisa ao longo da vida, por que não aprende a tirar do seu vocabulário um termo que vai ofender alguém? Como não se esforçar para ser uma pessoa melhor? É porque não quer. O mundo mudou e a gente tem que mudar junto.

Falando de mudanças, você tinha algumas questões com o corpo, queria esconder o braço e hoje não mais. Como foi isso?

Não tenho mais, principalmente depois da pandemia, que eu fiquei viva. Apesar de toda a tristeza, das perdas, eu consegui sair equilibrada emocionalmente e mentalmente. Daí falei: ‘Acabou!’. Se tenho vontade de botar biquíni de lacinho, vou botar. Eu não mostrava o braço, porque depois da menopausa ele mudou. Fiquei pensando ‘por que isso?’. Esse braço me serve, ele tem expressão.

Mas você é contra plásticas, procedimentos?

Eu não fiz plástica, não porque sou contra, mas porque tenho pânico de anestesia geral, nunca tomei. Tenho medo de tomar anestesia do dentista e ficar torta pra sempre (risos). Não tenho nenhum preconceito em relação a isso, uso botox, preencho olheira, um pouquinho de boca, tudo pouco,
porque quero envelhecer com os personagens. Eu faço a mãe do Renato Góes, tenho netos, não dá
para querer ficar com cara de 40 anos. O tempo que a gente tem de vida conta a nossa história. A gente
não tem que voltar no tempo. O tempo só anda para frente e se a gente quer se manter vivo, a gente
caminha com ele. Tem momentos da vida mais difíceis, mas a gente dá a mão para os problemas e vai.
Não dá para colocar o problema na frente e ficar na inércia e também não dá para carregar o tempo todo nas costas, porque uma hora você não aguenta e despenca. Eu sempre caminhei, sempre falei: ‘Vem com problema e tudo’.

A menopausa foi um? 

No início, quando chegou de 49 para 50, eu pensei: Agora vai ser ladeira abaixo! Eu senti os calores, acordava de madrugada derretida, lembro que gravava e o cabelo grudava de suor. E eu não faço a reposição hormonal porque tenho histórico de câncer do lado materno, então não quero mexer com hormônio, resolvi tudo de forma natureba, muitas receitas naturais, médico, nutricionista. No ano que a menopausa veio, fui malhar na praia, no sol, porque aí já deixava o suor na praia, dava um mergulho, tomava uma água de coco, já rezava, trabalhava o corpo, a mente, o espírito e passei por isso. É uma fase, a gente tem infância, depois fica mocinha, depois tem a fase da reprodução, vai ficar grávida ou não – porque isso hoje é uma escolha e não uma obrigação –, e depois os hormônios vão
embora. Eu deixei ir, é o caminho natural, não posso lutar contra isso porque aí vai ser mais um problema além dos calores; porque aí, além de tudo que a pessoa sente, ainda tem a irritabilidade de estar lutando contra uma coisa que a gente não tem controle.

Mas você se cuida?

Cuido muito da alimentação, sou ovolactovegetariana, não fumo, não bebo, é um drinque quase que a cada seis meses. Cuido das minhas escolhas, dos meus ‘sins’, dos meus ‘nãos’. Quando estou perto de pessoas que não me agradam, que não estão me fazendo bem, eu me afasto, não dá para você ser amiga de todo mundo. 

Se critica vendo suas cenas?

Quando era mais nova eu sofria, pensava: ‘Que cara é essa? Estou estranha!’. Hoje olho e penso que estou ótima, que naquele dia fiz o meu melhor. Estou no ar também em Cheias de Charme, eu tinha 45 anos na época e tem uma diferença, mas olho e não fico comparando, pensando que estou velha, isso ou aquilo. Eu penso como é legal estar no ar com dois bons personagens, podendo mostrar meu trabalho, estou podendo surpreender e ainda tenho muita coisa para oferecer, novidade para mostrar. Eu não vou ficar preocupada se a bunda caiu, se o peito caiu, se a ruga cresceu, é óbvio, o tempo está passando.

“Sou casada há 27 anos, eu tenho um parceiro, amigo de infância, e o fruto dessa união é minha filha"
Atriz se divide entre o Rio e a capital paulista
“Sou aquela mãe leoa buscando os meios de lutar contra o preconceito”
Alexandra Richter está no ar em Família É Tudo