CELEBRIDADES AFRO-DESCENDENTES E DESTAQUES DA ÁREA CULTURAL SÃO HOMENAGEADOS EM FESTA NA SALA SÃO PAULO
Redação Publicado em 06/12/2006, às 15h11
Antônio Pitanga e Benedita da Silva, que recebeu homenagem especial, categoria Institucional; Lázaro Ramos e Taís Araújo recebem Troféu Dourado
por Márcia Rodrigues
Um contagiante clima de confraternização marcou a quarta edição do Troféu Raça Negra, realizado no dia 19, na Sala São Paulo, na capital paulista. Criado pela ONG Sociedade Afrobrasileira de Desenvolvimento Sócio-Cultural (Afrobras) para reconhecer personalidades negras de destaque, o prêmio contemplou nove categorias - atriz, ator, sambista, cantor, cantora, grupo musical, humor, esportistas e homenagens especiais - e reuniu 1 200 convidados, entre vips, artistas, políticos e autoridades. A animação da festa ficou por conta dos mestres de cerimônia, a cantora Preta Gil (32), o ator Rocco Pitanga (27), a jornalista do SBT Joyce Ribeiro (27), Adriana Bombom (31) e o ator Ailton Graça (41), que se revezavam no palco para anunciar os grandes laureados do ano. "Já me emocionei muito em outra edição, quando fui premiada. Acho gratificante o valor que o troféu dá para a raça negra", disse Preta.
Chamando a atenção de todos com o novo visual pós novela Cobras & Lagartos, o casal de atores Lázaro Ramos (27) e Taís Araújo (27) recebeu uma homenagem especial pelo seu bom desempenho artístico em 2006 com o Troféu dourado. "Existem vários atores talentosos aqui. Podem colocar a gente para aparecer na TV porque também damos audiência", afirmou Lázaro, em referência às poucas aparições de negros na TV. O ator ganhou coro da amiga Elisa Lucinda (48), ganhadora do prêmio de Melhor Atriz. "Nas novelas só temos uma vaga por negro, é em eventos como este que conseguimos encontrar os amigos", disse Elisa, que vive a Selma na novela global Páginas da Vida.
Os cantores Alcione (59) e Emílio Santiago (59) foram as grandes estrelas da noite. Toda vez que subiam no palco a platéia aplaudia fervorosamente. Léo Maia (29), filho de Tim Maia (1942-1998), foi eleito Melhor Cantor. Ao receber o prêmio, ele suspirou e disse: "Deu zebra", como forma de justificar que não era o preferido. "Muitos dos que concorreram comigo foram meus grandes mestres junto com o meu pai", afirmou ele, que disputou o troféu com Jair Rodrigues (67) e Max de Castro (32).
Ronnie Marruda (51) levou o prêmio de Melhor Ator e Paula Lima (35), de Melhor Cantora. Jorge Aragão (57) foi escolhido como o Melhor Sambista. A ginasta Daiane dos Santos (24), representada pelos pais, Moacir (43) e Magda dos Santos (45), levou o título de Melhor Atleta, a trupe de pagode Fundo de Quintal levou o troféu de Grupo Musical e Jacaré (34), o de Melhor Humorista.
Algumas personalidades levaram troféu por seus trabalhos de inclusão do negro na sociedade. Entre eles, a ex-governadora do Rio, Benedita da Silva (65), acompanhada do marido, Antônio Pitanga (67), Milú Villela (58), presidente do Instituto Faça Parte e do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), Carlos Alberto Vieira (70), presidente do Banco Safra, e Christopher J. McMullen (53), o cônsul-geral dos Estados Unidos, que foi ao evento com sua mulher, Laurel (51). O senador do PT Eduardo Suplicy (65) também foi agraciado. Emocionado, ele agradeceu o prêmio ao lado da namorada, Mônica Dallari (41). "Precisamos unir todas as forças para termos um Brasil mais democrático e justo", disse Suplicy. O ex-corredor Robson Caetano (42), que foi ao evento com a mulher, Rosicléia Campos (34), também foi homenageado.
Emoção especial invadiu o grande salão da Sala São Paulo quando Rocco Pitanga anunciou o troféu de homenagem póstumas para o cantor e compositor Itamar Assunção (1949- 2003) e para Sandra Arantes do Nascimento Felinto, filha do rei Pelé (66), morta no mês passado. O viúvo de Sandra, Oséas Felinto, acompanhado do filho, Otávio (8), emocionou a platéia no seu agradecimento. "Sandra merece ser homenageada porque sempre foi símbolo de garra, coragem e determinação", enfatizou ele.
Entre os 36 troféus distribuídos na categoria homenagens especiais, a veterana atriz Chica Xavier (74) foi ovacionada pela platéia quando subiu ao palco para receber o troféu do ator Miguel Falabella (48). "Quando perdi minha mãe a Chica me adotou como filho. Ela e sua família são a minha família", disse Miguel, emocionado ao lado da amiga Isabel Fillardis (32). O ator Paulo Betti (54) também lembrou o seu grande vínculo com a raça negra. "Quando criança, meu avô, imigrante italiano, trabalhava para um negro, em uma fazenda. Quando o visitava ficava na roça junto com os funcionários. Tenho uma relação muito forte com os negros porque senti um pouco do que eles vivenciaram nas senzalas", disse Betti, ao lado do médico Dráuzio Varella (63) e de sua mulher, a atriz Regina Braga (60). "O Brasil é o país da diversidade cultural e racial, mas ainda temos muitas diferenças. Precisamos vencer a desigualdade social para realmente darmos ao país o sentido mais completo da democracia", analisou Geraldo Alckmin (54), o ex-governador de SP, acompanhado de sua mulher, Lu Alckmin (54), e da neta, Isabella (2), filha de seu caçula, Thomaz (23).
Entre uma entrega e outra dos troféus, Alcione e Emílio Santiago emocionaram a platéia entoando canções como Saigon, As Rosas Não Falam, Meu Ébano. Na fila do gargarejo, fãs cantores como Netinho de Paula (36), Luciana Mello (27), Margareth Menezes (43), Juliana Diniz (20), Sandra de Sá (51), e os rapersRappin Hood (33) e MV Bill (32). Quase no final do evento, Alcione convidou Alexandre Pires (30) para cantar Minha estranha loucura. E elogios não faltaram para o trio.
Após o espetáculo, quase que em coro único, todos os convidados e laureados afirmaram que a festa era uma grande conquista dos negros e a oportunidade de rever os amigos. "Esta festa está cada vez melhor. Mas acima de tudo somos todos brasileiros e todo brasileiro tem sangue afro na veia. Temos que nos unir cada vez mais", finalizou Sandra de Sá, ao lado do filho, o ator Jorge de Sá (22), que vive o Santiago na novela Páginas da Vida.
FOTOS:SAMUEL CHAVES/S4 PHOTO PRESS
