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Gloria Maria desvenda Marrocos e o Saara

Jornalista nutre a alma de cidadã do mundo em viagem pontuada por aventura e exotismo

por Tamara Gaspar Publicado em 10/04/2016, às 08h46

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Em Arfoud, uma das cidades-oásis do país, Gloria aproveita conversa para compreender a cultura local - TV GLOBO
Em Arfoud, uma das cidades-oásis do país, Gloria aproveita conversa para compreender a cultura local - TV GLOBO

Dona de olhar sensível e apurado, Gloria Maria faz de suas viagens pelos quatro cantos do mundo sinônimo de ofício e paixão. Ao longo dos mais de 40 anos diante das câmeras, a jornalista, como poucos, aprendeu a arte de capturar a essência e a atmosfera dos inúmeros destinos que visitou para transmiti-los ao público e, em suas aventuras pelo globo, além de reconhecimento e enorme bagagem cultural, adquiriu uma de suas maiores lições de vida. “Percebi que, apesar das diferentes culturas e tradições, o ser humano é igual em suas emoções. Amor, raiva, poder, disputa, é algo que existe em qualquer lugar que eu vá”, destaca Gloria. “As fronteiras foram criadas pelo homem, mas para o ser humano, elas não existem”, completa ela, durante a sua mais recente jornada, o Marrocos, onde fez matéria para o Globo Repórter, atração da qual é repórter especial desde 2010.

Conhecido como a “terra do sol poente”, o país africano novamente encantou a jornalista com seus tesouros e mistérios. “Já estive aqui quatro vezes. É um lugar rico em tradições e que mistura as culturas africana, árabe e europeia. Você chega e fica com a sensação que está no país das mil e uma noites”, descreve ela, que ainda visitou o deserto do Saara. Em meio ao trabalho e às descobertas, um único sentimento inquieta Gloria: a saudade de suas herdeiras, Maria (8) e Laura (7). “A distância é horrível, mas ficamos o tempo todo conectadas pela internet. Nós usamos a tecnologia a nosso favor”, conta a mãe coruja, reservada quando o assunto é o coração. “Vamos pular essa parte! Estou feliz, ótima e minha vida está completa”, garante ela, entre risos.

Laura e Maria compartilham sua curiosidade jornalística?
As meninas são curiosas, adoram viajar, se sentem bem em qualquer lugar, além de serem bem adaptáveis. Tenho vontade de trazê-las ao Marrocos, mas antes quero apresentar a Índia para elas.

Teme algo em relação ao futuro das meninas?
O mundo que vão conhecer não é o mesmo que eu conheci. Hoje, sei que elas vão encontrar medo e insegurança em todo lugar. Temo, por exemplo, elas viajarem sozinhas, pois você vai e não sabe se volta. Há terrorismo e violência em toda parte do mundo.

Você é uma mãe mais rígida ou ‘coração mole’?
Às vezes, sou mais mole, mas na hora da disciplina sou rígida. Filho nos ensina muita coisa e eu as educo a partir das lições que as duas me ensinam. São elas quem me dão o caminho.

Qual foi a grande lição que aprendeu com elas?
Aprendi a ser mais criança, mais brincalhona e leve. Elas me deram um novo olhar para a vida, um olhar leve, gostoso e me realizam internamente.

Apesar do trabalho, consegue exercitar seu lado turista durante as viagens?
Não dá para ter aquele olhar de turista, pois o foco é no trabalho. Vamos a lugares onde nenhum outro viajante vai. Consigo ir mais fundo, entender costumes e hábitos. Conhecemos um país que ninguém conhece.

Há algo que ainda sonha em fazer na profissão?
Faço aquilo que gosto, por isso, só quero continuar me aperfeiçoando e me desenvolvendo na área. Quero, cada vez mais, me tornar uma pessoa do mundo.

Se arrepende de algo?
Não! Tudo que fiz, fiz pautada pela emoção, pela intuição ou pelo coração. E tudo deu certo. Nossa vida é nossa história.

Você começou a carreira com apenas 16 anos. O jeito de fazer jornalismo mudou ao longo deste tempo?
A maneira de dar a notícia é a mesma, o que mudou foi o tempo. Hoje, com a internet é muito mais rápido, mas a notícia, que é soberana, permaneceu igual.

Nos últimos meses, algumas personalidades foram vítima de racismo pela internet. Como você, que foi a primeira repórter negra da TV, vê a questão?
Já vivenciei o racismo e, infelizmente, o preconceito é atual. É uma luta eterna. Digo que a melhor forma de lidar com isso é com generosidade. O racismo tem de incomodar somente o racista, eu não me deixo afetar, não me abalo e não acredito nisso para mim. Já sofri muito por conta disso e, hoje, eu só quero sombra e água fresca.