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Revista / Entrevista

Aos 70 anos, Zeze Polessa diz: ‘Eu tenho uma alma solteira’

Zeze Polessa celebra 50 anos de carreira e fala de sua relação com o tempo

Zeze Polessa em entrevista na Revista CARAS - FOTOS: SELMY YASSUDA
Zeze Polessa em entrevista na Revista CARAS - FOTOS: SELMY YASSUDA

Ao completar a marca de 50 anos de carreira, Zeze Polessa (70) se espantou quando soube da data. É que, para a atriz, são tantos começos que ela não sabe dizer qual deles é realmente o início. Teve a primeira peça em 1973, na qual recebeu o prêmio de Atriz Revelação, depois, o espetáculo O Despertar da Primavera, e as estreias na TV Manchete e na TV Globo. O nascimento do filho, João (42), também marca uma virada. “Tomei a decisão quando estava grávida e dirigi um espetáculo meio infantojuvenil. Considerei o início de uma dedicação absoluta a esse trabalho que, até então, era dividido”, diz a artista, citando o momento em que largou a Medicina. Preparando-se para fazer um monólogo sobre Nara Leão (1942-1989), ela coleciona inúmeras conquistas e, com exclusividade para CARAS, narrou algumas de suas histórias.

– Cinquenta anos de carreira, que marco! Sente-se realizada?
– Sinto que amo o meu trabalho cada vez mais. Acho que a verdadeira e profunda felicidade está no trabalho. Se você disser ‘ah, mas e o amor?’ O amor também, porque você ter uma relação com alguém, de amor, em que as pessoas se cuidem, se respeitem e que promovam o crescimento do outro, é trabalho. Não sei te falar ‘ah, tive êxito’, porque parece que acabou e não chegamos ao fim (risos).

– Como foi o processo de decidir largar a Medicina?
– Eu decidi logo, eu sabia que não ia dar certo aquilo, que não era para mim. Mas fiquei tão comprometida, era uma experiência tão interessante e meus amigos estavam na Medicina também, que não conseguia largar. E ainda tinha a coisa da família, as minhas irmãs faziam faculdade, então, eu também fazia parte daquele núcleo. No sexto período eu decidi largar, falei que não queria me formar. E aí foi uma loucura, meu pai teve uma conversa comigo e resolvi terminar a faculdade. Depois, acabei sendo convidada para um curso de extensão na Fiocruz, de Medicina Social, e fiz. Mas, quando acabou, decidi encarar a penúria (risos).

– Em algum momento se arrependeu da carreira de atriz por conta da instabilidade?
– Não existe segurança sem satisfação. E são coisas que é muito difícil você fazer sem vocação. Ser médico sem vocação é muito difícil, tão difícil quanto ser ator sem vocação. Fiquei dez anos só no teatro e não sofri porque nunca pensei que estava fazendo aquilo por dinheiro. Essa década foi pouco rentável, eu tinha uma vida simples. Quando fui para a TV foi porque quis fazer TV. Eu ficava amamentando meu filho e comecei a ver coisas interessantes na TV, fiquei pensando que chegava com facilidade para muitas pessoas. Quis fazer TV por isso.

– Deslumbrou-se com a fama?
– Não, sempre tive o pé no chão. É importante saber que essa coisa da fama, ela é um brilhozinho, é uma purpurina. Você chega em casa, toma banho e sai. Você é a pessoa opaca, que tem uns pelinhos no braço, na perna, e esse brilho não existe em você. Agora, tem um lado de reconhecimento do trabalho e das pessoas elogiarem, que fico superfeliz. Não que a gente trabalhe para isso ou fique o tempo inteiro querendo esse reconhecimento, mas quer, né? Se é uma coisa que você faz com amor, se dedica, que às vezes você até fica em falta com coisas da sua vida pessoal, você quer que as pessoas reconheçam a dedicação.

– Você completou 70 anos também. A idade te assustou?
– Não sei, agora estou querendo ver como vai ser a Nara, sozinha em cena, cantando. A gente sabe que, às vezes, a gente viaja e tem que fazer duas sessões. Fico pensando ‘vou aguentar direitinho por quanto tempo?’. Então, me preocupa um pouco, penso como é que vai ser o tempo daqui para frente. Espero que seja tudo ótimo, porque setentinha é uma entrada na velhice, tenho a impressão. Acho que estou pensando muito no número. Não conheço ninguém velho com 70, está todo mundo bem.

– Já vi você falando que o João te ajudou a lidar com o envelhecer. Como foi isso?
– Porque você vai vendo ele, né? Ele é criança, você é jovem. Aí ele vai ficando jovem, você já vai ficando uma jovem mais madura. É uma coisa que vai indo junto. Se seu filho está no momento de juventude, você tem que estar em outro, porque você é outra geração, você é a mãe, então isso foi ficando muito aceitável. E não sofri nenhuma pressão masculina de ter que parecer mais jovem, para meu marido não me trocar por duas de 20 anos. Não tem essas coisas que algumas mulheres entram nessas roubadas?

– Então você lida bem com o passar do tempo?
– Eu acho que sim. Claro que tem uma hora que você olha para o seu braço e fala ‘vou malhar o bíceps’ ou ‘que pele é essa?’. Mas aí tomo um banho e passo um creme (risos). Mas é a pele, né? Não entendo essas pessoas que ficam ‘ai, a minha bunda caiu’, porque as coisas vão acontecendo e a gente também vai acontecendo. Não é que você parou de se exercitar, parou de andar ou parou de correr e a bunda caiu porque você fez 60 anos. Não é assim. As coisas vão se ajeitando. Eu adoro o meu corpo, eu não tenho problema nenhum com ele!

- Você fica bem sozinha, sente falta de ter alguém, um companheiro do seu lado?

- Nos fundos da minha casa sempre tenho alguém por lá (tem uma casinha nos fundos), sempre tem um amigo que vem que ficou hospedado lá. Eu gosto muito de morar sozinha, gosto muito muito, não acho que a casa é grande, não fico perdida na casa, todos os lugares são completamente habitáveis por mim. Eu acho que eu tenho uma alma solteira. Eu gosto de namorar. Já morei junto, fiz uma família, tive tudo, marido, filho, mas eu acho que eu fui me encaminhando para minha essência que é a de uma pessoa solteira.

Zeze Polessa em entrevista na Revista CARAS

Zeze Polessa em entrevista na Revista CARAS

Zeze Polessa em entrevista na Revista CARAS

Zeze Polessa em entrevista na Revista CARAS

Zeze Polessa em entrevista na Revista CARAS

Zeze Polessa em entrevista na Revista CARAS

Zeze Polessa em entrevista na Revista CARAS

FOTOS: SELMY YASSUDA; ASSISTENTE DE FOTOGRAFIA: ROBSON ABREU; PRODUÇÃO DE MODA: DITO BENEDITO; AGRADECIMENTOS: ISABELA CAPETO E DONA COISA

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