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Renúncia de Harry e Meghan abala tradições britânicas

Para preservar família, duques de Sussex abrem mão dos privilégios e buscam independência

Revista CARAS Publicado em 20/01/2020, às 11h56 - Atualizado às 18h17

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Em Londres, casal é recebido por comissionárias na Casa do Canadá, país onde deve morar - Daniel Leal-Olivas e Victoria Jones via Getty Images
Em Londres, casal é recebido por comissionárias na Casa do Canadá, país onde deve morar - Daniel Leal-Olivas e Victoria Jones via Getty Images

A notícia, sem dúvida, pegou o mundo, em especial os súditos, de surpresa. O príncipe Harry (35) e sua Meghan Markle (38) renunciaram às suas funções como membros seniores da família real britânica e anunciaram, por meio das redes sociais, que pretendem se tornar financeiramente independentes da monarquia. “Depois de muitos meses de reflexão e discussões internas, nós decidimos fazer uma transição neste ano, começando a desempenhar um novo papel progressivo dentro desta instituição e trabalhar para nos tornar financeiramente independentes, enquanto continuamos a apoiar totalmente Sua Majestade, a Rainha”, informou o casal em comunicado, logo após regressar de temporada de seis semanas no Canadá. O país, aliás, deve ser o novo endereço do par. A hospitalidade por lá agradou-lhes tanto que o primeiro compromisso oficial dos duques de Sussex em 2020 foi uma visita à Casa do Canadá, na capital inglesa, para agradecer a receptividade do país.

Tudo indica que a renúncia se deu após as constantes ameaças e perseguições da conservadora imprensa britânica contra a norte-americana. Independente, afro-descendente, divorciada e com voz própria, ela virou alvo de críticas por não seguir à risca os protocolos reais. “Sou americana, não temos nada parecido com isso. Tentei realmente adotar esta sensibilidade britânica e me manter imperturbável, mas acho que o efeito que isso causa por dentro é destrutivo”, declarou Meghan em recente entrevista. A duquesa, inclusive, abriu mão da carreira de atriz — ela estrelou a série Suits — para se casar com o príncipe, em 2018. Harry, por sua vez, não tolera os ataques da mídia britânica, afinal, sua mãe, a saudosa princesa Diana (1961–1997), morreu em acidente de carro durante uma perseguição de paparazzi. “Toda vez que vejo uma câmera e um flash, volto para o acidente. Eu vi o que acontece quando alguém que amo é transformada em mercadoria a ponto de não ser mais tratada ou vista como uma pessoa real. Perdi minha mãe e, agora, vejo minha esposa sendo vítima das mesmas forças poderosas”, lamentou ele, cuja ideia é preservar a família.

A decisão mexeu com os ânimos da monarquia britânica. Após enfrentar um 2019 repleto de desafios, a rainha Elizabeth II (93) precisou convocar uma reunião emergencial com os príncipes herdeiros Charles (71) e William (37), além do próprio Harry, em Sandringham House, a casa de campo da realeza. Oficialmente, a posição da soberana é de respaldo ao neto. “Apoiamos inteiramente o desejo de Harry e Meghan de construir uma nova vida. Embora tenhamos preferido que continuassem trabalhando como membros da família em período integral, respeitamos e entendemos o desejo de viver uma vida independente”, ponderou a rainha em comunicado oficial após a reunião. O encontro não contou com a presença de Meghan, que, após alguns dias em Londres, regressou ao Canadá para ficar com o filho do casal, Archie (8 meses). O pequeno teria ficado aos cuidados de uma amiga da nobre. “Haverá um período de transição no qual os Sussex passarão um tempo no Canadá e no Reino Unido. Estes são assuntos complexos para minha família resolver e há mais trabalho a ser feito, mas pedi que as decisões finais fossem tomadas nos próximos dias”, avisou ela, querendo resolver a questão o quanto antes.

Em meio à crise, os irmãos Harry e William precisaram conter as especulações de que o rompimento do caçula de Charles e Diana com a realeza estaria ligado a uma possível briga com o irmão. “Para dois irmãos que se preocupam tanto com questões de saúde mental, o uso da linguagem incendiária dessa maneira é ofensivo e potencialmente prejudicial”, declararam eles, em comunicado oficial. A dupla, no entanto, deu sinal de desgaste no fim do ano passado. Harry e Meghan deixaram a fundação de William e Kate com o objetivo de criarem uma entidade própria, além de se mudarem do Palácio de Kensington — onde vivem os duques de Cambridge — para a Frogmore Cottage, em Windsor. “Sempre seremos irmãos. Estamos trilhando caminhos diferentes, mas sempre o apoiarei, pois sei que ele sempre me apoiará”, falou Harry na época.

Por ora, a nova rotina do casal é uma incógnita. Eles devem manter o título de Duques de Sussex — inclusive já patentearam a marca Sussex Royal —, mas abrem mão do Subsídio Soberano, valor pago anualmente pelo governo para manter a família real. Segundo o casal, o valor representa apenas 5% de seus gastos. As demais rendas são provenientes das terras do príncipe Charles e das economias de Harry e Meghan. “Planejamos equilibrar nosso tempo entre Reino Unido e América do Norte. Isso nos permitirá apreciar nosso filho com a tradição real em que ele nasceu, além de proporcionar à nossa família o espaço para se concentrar no próximo capítulo, incluindo o lançamento de uma entidade”, adiantaram eles. Além do engajamento social, eles devem usar a imagem para promover causas. Meghan, por exemplo, acaba de assinar contrato com a Disney para fazer uma dublagem e teria doado o cachê para uma ONG. O desafio maior, no entanto, será dosar a independência pessoal e financeira com a inerente linhagem real de Harry.