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Joãosinho Trinta: 'Sou um homem de sorte'

<i>por Gabriel Perline</i><br><br> Publicado em 25/02/2009, às 10h47 - Atualizado em 26/02/2009, às 13h27

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Joãosinho Trinta percorre a Marquês de Sapucaí na cadeira de rodas, no domingo de carnaval - Edson Teófilo/AgNews
Joãosinho Trinta percorre a Marquês de Sapucaí na cadeira de rodas, no domingo de carnaval - Edson Teófilo/AgNews
Criativo e destemido. Vítima de dois acidentes vasculares cerebrais (em 1996 e em 2004), o que lhe inibiu parte dos movimentos do corpo, o carnavalesco deixou de trabalhar com as grandes escolas de samba cariocas que o consagraram no passado e tem se dedicado à sua recuperação e a novos projetos em sua nova residência, localizada em Brasília (DF). Apesar do drama pessoal, o sambista não se deixou abalar e segue trabalhando duramente para expandir a cultura da festa do momo. Após lançar o livro O Brasil é um luxo - Trinta carnavais de Joãosinho Trinta, o novo projeto do carnavalesco é formar uma escola de samba itinerante, inspirado no Cirque du Soleil, e levar a festividade nacional para os quatro cantos do mundo. Aos 75 anos, ele falou ao Portal CARAS: - Você lançou recentemente o livro no qual fala sobre sua história com o carnaval. Como surgiu a ideia? - Muita gente me dizia que eu deveria lançar um livro. Decidi colocar o projeto em prática e tive a ajuda do amigo Flávio Gomes, quem de fato fez o livro, no qual relato os 30 carnavais que participei, todos com fotos e depoimentos excelentes. - Por muitos anos você se dedicou às escolas de samba e hoje está afastado delas. Continua trabalhando com carnaval? - Estou morando em Brasília porque sou cidadão honorário e tenho meus projetos com o ex-secretario de cultura Ricardo Marques, que é a formação de uma escola de samba itinerante, no mesmo molde do Cirque du Soleil, cujo objetivo é percorrer o mundo, com temas que afetam a humanidade, como o meio ambiente, a fome e a violência, sempre levando uma mensagem de alegria e esperança. - Brasília não tem o hábito de promover grandes eventos carnavalescos como os que você está acostumado. Por que escolheu este local e como tem sido sua adaptação? - Decidi morar definitivamente nesta cidade por dois motivos específicos: reabilitar-me de um acidente vascular e por ter sido acolhido pelo Ricardo. Há dois anos moro em sua casa, o que me fez me adaptar, primeiro pelo carinho recebido e depois porque com ele voltei a atuar em projetos sociais e culturais, ligados ao desenvolvimento criativo. Brasília é uma cidade que amo e quero contribuir nesta que chamo de 'a terceira e melhor fase de minha vida'. Estou preparando a capacitação e qualificação das escolas de samba daqui e acredito que em pouco tempo teremos um dos melhores carnavais do país. - Você assiste aos desfiles de São Paulo e Rio de Janeiro pela televisão? - Só não assisto quando estou participando, como neste ano, no qual estarei atento e visitando todas as escolas [Joãosinho percorreu na cadeira de rodas a Marquês de Sapucaí no intervalo de um desfile]. Mas quando não estou no Sambódromo, sem dúvida, fico à frente da TV, até para observar como é mostrado o desfile. - Em sua opinião, o que difere o carnaval paulista do carioca? - A diferença é o 'jeitinho carioca', sua ginga, seu requebrado, sua tradição na avenida. O carnaval de São Paulo surpreende a cada ano com técnica e criatividade. - Qual o melhor carnaval de sua vida? - Todos os carnavais que fiz foram especiais para mim, até porque sempre dei o melhor de mim, mas considero que aqueles que levaram o público à reflexão e, de certa forma, dividiu opiniões e contribuiu com quebras de paradigmas, o que me deu muito prazer, como os carnavais que realizei na Beija-Flor, Grande Rio, Viradouro e no Salgueiro. - E o mais difícil? - O último é sempre o mais difícil. - Em 2006 você foi vítima de dois acidentes vasculares cerebrais consecutivos e, mesmo estando em uma cadeira de rodas, continua com uma energia muito boa. De onde vem toda essa força? - Um único nome sobre todos os nomes: Jesus Cristo- Você é o maior carnavalesco do Brasil, fez trabalhos grandiosos e foi muito aclamado. Atualmente, você se sente abandonado? - Ao contrário, estou na minha melhor fase e com alguém que chamo de 'guru'. Trata-se de um jovem empresário, inteligente e determinado, que criou o Instituto Joãosinho Trinta e criou projetos inovadores, surpreendentes. É verdade que o Ricardo Marques me resgatou, me fez conhecer a gestão de negócios, o mundo empresarial, algo que todo artista deveria se preocupar, ou se ocupar. Considero-me, por isso, um homem de sorte. Outra questão é que a dificuldade me aproximou de Deus, um Deus que reverencio a cada dia. Sou cristão, seguindo dia a dia sua doutrina de amor, portanto, estou mais seguro e confiante do que nunca. Sinto-me um jovem iniciante. - Guarda alguma mágoa? Decepcionou-se com alguém? - Não guardo mágoa ou frustração, não penso no passado, tampouco sou saudosista ou me circundo e me alucino no sucesso por mim alcançado anteriormente. Penso no presente, na renovação, na alegria da vida, nos projetos que estou tocando. Ainda tenho muito a fazer. Todos temos que viver um dia de cada vez com amor, como se fosse o último. Sou um homem muito feliz por tudo o que vivi, por tudo o que tenho a oportunidade de viver e por tudo o que Deus tem preparado para mim. - Quem foi sua maior musa de carnaval? - Pinah, a princesa negra. - E das rainhas de bateria atuais, qual delas você admira? - Todas são deslumbrantes, mas a Luiza Brunet tem a beleza, o charme e a experiência das grandes musas.