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Atentado às torres marca o diretor teatral Gerald Thomas

Passada uma década, o diretor teatral Gerald Thomas reflete sobre efeitos da tragédia vivida de perto

Redação Publicado em 25/10/2011, às 11h54 - Atualizado em 08/08/2019, às 15h43

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No Castelo de CARAS, a 40 minutos de New York, o diretor de teatro lê obra do escritor François Rabelais... - Jaime Bórquez
No Castelo de CARAS, a 40 minutos de New York, o diretor de teatro lê obra do escritor François Rabelais... - Jaime Bórquez

Uma pilha de livros sobre o escritor francês François Rabelais (1494-1553). Dois celulares ao alcance da mão. No laptop aberto sobre a mesa, sites de jornais e blogs. No Facebook, ele responde a diversas mensagens de amigos e seguidores. Tudo ao mesmo tempo. É assim que o diretor teatral Gerald  Thomas (57) gosta de estar: imerso em informação. No Castelo de CARAS, em Tarrytown, próxima a New York, onde há dez anos ele presenciou o atentado terrorista que derrubou as Torres Gêmeas, o dramaturgo relembra a experiência de viver a tragédia que viu acontecer da janela de sua casa. Ainda hoje ele sofre de problemas respiratórios e psicológicos decorrentes do episódio. “Essa voz de fumante que você ouve não é de cigarro, é resultado dos asbestos, as partículas de poeira de construção, que respirei na noite em que trabalhei no Ground Zero. Os escombros queimaram por dias, a fumaça era terrível”, diz Thomas. “Se eu não tomar Rivotril, entro em pânico. Todo dia olho para o remédio e digo que não vou tomar, mas, meia hora depois, tomei”. Foram 21 dias sem dormir trabalhando nos escombros como voluntário.

As cenas da catástrofe e suas impressões deram origem às peças Throats e Gargólios, a primeira montada em Londres e a segunda no Brasil. O cenário dos espetáculos remete aos escombros dos prédios. No texto, a impessoalidade do mundo digital é um dos temas refletidos, mas Gerald faz mea-culpa. “Quando encontro com o Philip é uma vergonha, fica cada um no seu celular ou na internet”, diz Thomas sobre Philip Glass (74), que assina a música de vários espetáculos seus. Também não se furta a comentar trivialidades, como sobre a última vez em que tingiu os cabelos e deixou tempo demais. “Só lembrei ao sentir o cheiro de formol”, conta, de fios mais negros que de costume.