Em entrevista à revista CARAS, Elisa Lucinda relembrou personagem de Vai na Fé e confessou detalhes sobre sua religiosidade
A atriz Elisa Lucinda (65) confessou que ficou um pouco temerosa ao ser escalada para interpretar uma personagem evangélica, na novela Vai na Fé, da TV Globo. Em entrevista à CARAS Brasil, ela detalhou como foi seu processo de desconstrução até ir ao ar com a trama de sucesso.
Segundo a artista, ela mudou toda a sua concepção sobre algumas pessoas da religião após ter encontrado a inspiração perfeita para viver a Marlene, na televisão. Lucinda disse que se incomodava, principalmente, com o conservadorismo e falas preconceituosas dos religiosos.
"Eu fiquei com medo no início, porque achava os evangélicos todos iguais, caretas, conservadores, fundamentalistas, homofóbicos, atrasados. Quando fui fazer a Marlene, no primeiro ‘misericórdia’ dela pensei ‘que mulher chata!’", disparou.
"Mas vi que não podia fazer um personagem pensando assim e comecei a estudar com a mãe da minha assistente, a Sara, que é uma evangélica, mas que não sai do samba. O pai dela me deu a Bíblia Africana. Eu não conhecia esse evangelho", completou.
Em meio ao momento de pesquisa, a atriz conta que acabou descobrindo que existem outras formas de viver e professar a fé. "Aprendi que os evangélicos não são iguais, tem muitos bacanas e que no evangelho do amor não tem arma e nem ódio", afirmou.
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Ainda durante a entrevista, ela contou que foi muito elogiada por colegas da profissão que conhecem a ligação dela com o candomblé. "O Ailton Graça me disse assim: ‘só uma macumbeira para fazer uma evangélica daquele jeito’ (risos). Eu entendi o que ele estava falando. O lugar menos preconceituoso que conheci na minha vida, das igrejas todas, foi o terreiro", afirmou.
A atriz continuou defendendo a forma acolhedora de sua religião e o quanto ela respeita a diversidade. "Nenhum pai, mãe de santo, eles nunca perguntam, no terreiro eles não querem saber se você é evangélica, budista, isso não interessa. O que interessa é que você está precisando. Às vezes, está sem comer, brigou com o marido, foi agredida e não tem para onde ir. O fundamento do terreiro é acolher e o terreiro é lugar de fartura, você vai a uma festa de santo é uma comidarada.", declarou.
Para Elisa, o brasileiro ainda não valoriza ou reconhece suas raízes plenamente. "Eu falo isso para que o Brasil compreenda quem ele é, se identifique, se orgulhe, porque é bonito ter esse fundamento. Essa minha formação de orixá me dá abertura para amar outras fés", finalizou.
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