A reinvenção do espaço

Depois de morar por três anos nessa cobertura duplex de 340 m², no bairro do Brooklin, em São Paulo, o proprietário a alugou para uma empresa e mudou-se para a região do Itaim Bibi, também na capital paulista. Mas, recentemente, quando o inquilino vagou o imóvel, ele resolveu fazer uma reforma radical e voltar a viver ali. Depois de dez meses de obras, a casa transformou-se em um verdadeiro clube, com piscina aquecida, salão de jogos e espaço zen, onde a luz do sol é a atração principal.

Originalmente, o lugar tinha duas suítes e dois quartos que dividiam um banheiro. Com as mudanças, restaram duas suítes, um escritório e um banheiro para que os convidados possam tomar banho e se arrumar sem precisar usar a área íntima do dono. Foi feita também uma integração total entre o living e a cozinha. “O apartamento tem uma vista linda, mas quem cozinhava ficava fechado”, conta o designer de interiores Gilberto Cioni. “Agora, como a cozinha americana, fogão e coifa estão virados para fora, todo mundo pode ver o horizonte.”

O lavabo do andar de baixo foi demolido e a sala de jantar ganhou mais espaço. A escada, que fica praticamente sobre a cozinha, também passou por uma renovação e tanto. A antiga, de madeira, deu lugar a uma verdadeira escultura de concreto armado, biapoiada e dilatada. “Existe um vão entre a parede e a escada. Isso é possível porque não existem crianças na asa”, diz Cioni. E, para completar a obra, um detalhe original. “Escolhi um tronco de madeira e fiz o recorte da escada para que ele se transformasse no primeiro degrau”, conta Cioni.

Para aproveitar a iluminação natural que inunda cada canto, o branco predomina. “No piso, que também era de madeira, fizemos vários testes até chegar ao resultado final”, conta o designer. Para evitar um visual “monolítico”, de massa, tudo foi pintado com tinta branca de quadra de futebol de salão. “Queríamos que o ambiente ficasse com cara de usado”, explica Cioni. “E agora está começando a ficar assim, porque as fissuras estão aparecendo”. Nos quartos, as paredes revestidas com linho e os tapetes de tear manual deram mais aconchego.

No segundo andar, a decoração segue uma linha menos clássica e mais relaxada. Ali, numa sala generosa, com cerca de 35 m², há um home theater com telão e muito mais. A geladeira antiga, com mais de 50 anos, era dos pais do proprietário e agora serve como armário para jogos de tabuleiro. “Ela ainda funciona, mas é quase uma usina, gasta muita energia”, conta Cioni. A cadeira Mole, de Sergio Rodrigues, também fazia parte do acervo pessoal e ganhou atenção especial ao lado do enorme sofá. A estante branca veio da cozinha, onde era laranja e servia como louceiro. “Mandamos reformar e laquear e trouxemos para cima”, afirma Gil.

Na área externa, o destaque fica por conta do “espaço zen”. Feito de madeira, ele tem venezianas removíveis de todos os lados, o que deixa passar o vento, mas protege do sol. O teto também é vazado, mas conta ainda com uma palha e um vidro. Um ventilador de teto ajuda a refrescar e um rolô transparente na “entrada” protege a família em dias chuvosos. Do lado de dentro, um tapete de sisal sintético não estraga se molhar e pode ser lavado até com esguicho. As poltronas Chesterfields infláveis seguem a mesma linha prática e charmosa. A piscina é aquecida e tem um banco para apreciar a vista.

O lazer fica completo com o espaço gourmet com cooktop, churrasqueira, mesa para oito pessoas e louça. “Não é preciso trazer um copo lá de baixo”, diz Cioni. Com tantas opções e atividades do lado de fora é até difícil comerem na sala de jantar. Mas entre peças de plástico ou feitas com materiais reciclados, obras de arte de artistas de renome e móveis de design italiano, essa casa foi toda pensada para ser usada. E cada cantinho é muito bem aproveitado pelo dono e seus amigos.